O Pólo de Cosméticos de Diadema está de malas prontas para a primeira experiência internacional. A participação nas feiras de negócios de Bologna, na Itália, Dubai, nos Emirados Árabes, e San Diego, nos Estados Unidos, acrescenta importante reforço na história dessa promissora cadeia produtiva. Com a agenda cheia e a oportunidade de internacionalizar a marca, o grupo de empresários formado em meados de 2002 terá de usar a habilidade gerencial também para encontrar uma fórmula de desvencilhar-se da tutela da Prefeitura. Afinal, 2004 é ano eleitoral e a volatilidade das urnas pode colocar por terra todos os avanços conseguidos até o momento se o poder público continuar no papel de condutor do processo de mobilização.
Se depender da disposição das partes envolvidas, no entanto, 2004 será um ano de muito trabalho. Além das três feiras internacionais, o pólo vai incluir novamente no cronograma a Cosmoprof e a Apas 2004, eventos programados anualmente para São Paulo e nos quais as empresas de Diadema já marcaram presença. Isso significa participar de cinco grandes feiras de negócios entre abril e setembro e ainda encontrar tempo de transportar a sinergia entre as empresas para outras áreas tão importantes como marketing e exportação. Por enquanto, a atuação avançou pouco além da participação conjunta em feiras. Uma central de compras ainda está em fase de testes e o centro atacadista com showroom de produtos continua no papel.
“O Pólo de Cosméticos é um dos principais projetos da secretaria e tem tudo para consolidar-se como instituição” — almeja o secretário de Desenvolvimento Econômico de Diadema, Humberto Domingues. A exemplo de 2002 e 2003, a Prefeitura vai ajudar a custear a participação nas feiras programadas para este ano. Diadema já reservou R$ 15 mil para pagar metade da confecção dos cinco mil catálogos em inglês que serão destinados aos compradores estrangeiros e deve desembolsar outros US$ 4 mil para garantir a participação nas feiras de Bologna e Dubai, programadas para este mês. Em Bologna, o pólo será representado por delegação encarregada de divulgar cerca de 20 empresas. Já em Dubai, haverá um estande institucional de nove metros quadrados com exposição de produtos desses mesmos fabricantes.
Além do apoio oficial, a participação nos eventos internacionais só foi viabilizada por meio de parceria com a Abihpec (Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal e Cosmético). A entidade do setor abrigou o Pólo de Diadema em projeto de exportação subsidiado pelo governo federal que prevê, além da participação em feiras, cursos, consultoria para adaptação do produto e missões internacionais para detectar novos mercados. “As verbas federais permitem baratear em até 50% a participação em eventos internacionais” — calcula o presidente de Abihpec, João Carlos Basilio da Silva.
A inclusão do Pólo de Diadema no projeto de exportação da Abihpec significa, porém, bem mais que o respaldo setorial. Como a associação está à frente de projeto que deve receber R$ 18 milhões do orçamento da União até meados de 2005, canaliza os recursos para ações que realmente tragam resultados. Esta é primeira participação da Abihpec na feira de Dubai, decisão tomada após a constatação de que 26% dos visitantes estrangeiros que procuraram o espaço ocupado pelos brasileiros na edição 2003 da feira de Bologna eram de origem árabe. As exportações brasileiras do setor aumentaram 34,5% de 2002 para 2003 e empresas de Diadema como Nazca intensificaram a presença internacional nesse período.
Força legal
O Pólo de Cosméticos de Diadema está prestes também a ganhar força legal. As empresas pretendem criar neste mês entidade jurídica formada por quatro empresários, um representante do Ciesp e um da Prefeitura. A iniciativa é o primeiro passo para colocar o poder público em papel mais secundário e acelerar ações como a central de compras. Por enquanto, oito das 25 empresas que participam do pólo organizaram leilão para aquisição de álcool e conseguiram preços até 30% mais baratos. O próximo passo é unir um grupo maior para compra de propilenoglicol, álcool ceto-estearílico e lauril — todas as matérias-primas —, além de papel sulfite.
“O segmento é muito importante para projetar a outra face de Diadema, por isso temos de criar ambiente que estimule a continuidade do trabalho” — entende o secretário Humberto Domingues. A Prefeitura de Diadema, no entanto, ainda não conseguiu diagnosticar o potencial completo da cadeia de cosméticos. Censo preliminar apontou 107 indústrias, 150 drogarias e perfumarias, 100 pequenos estabelecimentos de varejo que vendem cosméticos, 470 profissionais do setor de beleza e estética e 15 mil empregos diretos. Em 2003, o setor arrecadou R$ 97 milhões em ICMS, conforme outro levantamento preliminar da Prefeitura. O montante se refere a 44 empresas que vendem o produto final e não inclui fornecedores de matéria-prima nem empresas de embalagens, que também fazem parte da cadeia. Também não foi possível estabelecer se essa arrecadação parcial reflete algum aumento de vendas resultante das ações do pólo. A Prefeitura não têm números de anos anteriores para estabelecer o comparativo.
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