O Pólo de Cosmético de Diadema projeta passos importantes para ganhar a forma de Arranjo Produtivo Local, formato de associação que ajuda pequenas empresas a ganhar configuração de grande. O grupo de indústrias resgatado do anonimato há dois anos trabalha para transformar-se em Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) até dezembro. Com isso, ganha formato jurídico necessário para abrir novas portas para a atuação conjunta e aumentar as possibilidades de sobrevivência de modelo produtivo que floresceu sob a tutela da Prefeitura, mas que precisa ter o centro de decisão deslocado o quanto antes para as mãos dos empresários.
A iniciativa chega em momento crucial para incentivar a auto-suficiência dos participantes. Primeiro porque é difícil apostar na continuidade administrativa em Diadema -- o que deixaria implícita a certeza do apoio público ao projeto -- diante de disputa eleitoral acirrada e onde tudo pode ocorrer. E segundo, porque a configuração legal permite ao pólo arregimentar garantias para inscrever-se em programas governamentais que oferecem linhas de crédito quase sempre acessíveis somente aos grandes negócios. A matriz econômica local, apesar de ter marcas nacionalmente conhecidas, é majoritariamente composta por empresas de pequeno e de médio porte.
O acesso a linhas de financiamento público, aliás, é exatamente alvo da nova fase. Na lista das primeiras ações planejadas pelo pólo sob o formato de Oscip está a criação de centro tecnológico para aprimoramento e desenvolvimento de produtos e processos. "Vamos pleitear recursos do BNDES" -- adianta a gerente de marketing da Di Larouffe e coordenadora de comunicação do Pólo, Larissa Lopes da Mota. A expectativa está conectada a recente disposição revelada pelo próprio presidente do BNDES, Carlos Lessa, de incluir as empresas de cosméticos de Diadema entre os APLs apoiados pelo banco público de fomento. Para isso, a condição essencial é legalizar a associação.
O Pólo também trabalha para formatar grupos de compras, comunicação, eventos e exportação. Esse último conta com a participação efetiva de 20 fabricantes que começam a ser capacitados para o mercado exterior pela Abihpec (Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal e Cosmético) e Apex (Agência de Promoção à Exportação). Algumas dessas empresas nunca exportaram e precisam aprender passo a passo as regras de comercialização extra-fronteiras antes de desbravar mercados internacionais.
APL participativo
Este ano o Pólo já esteve presente em alguns eventos internacionais, o que coloca a disposição participativa dos empresários no mesmo nível de importância da legalização, já que uma coisa não vai muito longe sem a outra. Teoricamente, a Oscip representa as estimadas 100 empresas do ramo independentemente de terem manifestado interesse em qualquer ação conjunta. Por isso, o principal desafio é justamente encontrar o equilíbrio entre número de participantes e qualidade dessa representação. Larissa Lopes da Mota acredita que se for possível reunir cerca de 40 empresas, será colocada em prática a maior parte dos projetos.
Por enquanto, a adesão aos grupos temáticos e à participação em feiras tem-se limitado a pouco menos da metade desse número e não necessariamente às mesmas empresas. A última Cosmoprof -- principal feira do setor encerrada mês passado em São Paulo -- reuniu 13 fabricantes que cadastraram cerca de 40 fornecedores para futuras negociações. A iniciativa traz como resultado imediato o fortalecimento do grupo de compras, já que será possível ampliar os itens de matéria-prima e produtos disponíveis para as negociações em conjunto. A Cosmoprof também rendeu frutos para o Espaço Beleza, o centro de treinamento criado pela Prefeitura para aperfeiçoar a mão-de-obra dos profissionais de beleza. O Espaço recebeu doação de equipamentos de vários expositores.
Total de 1894 matérias | Página 1
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?