O anúncio de que Diadema vai capitanear a formação de Pólo de Autopeças coloca à prova a capacidade da Prefeitura de aprimorar a fórmula que confere formato de grande empresa a pequenos empreendedores. Depois de consolidar o Pólo de Cosméticos com ações incisivas de comercialização e divulgação, será a vez de incentivar a atividade produtiva de 80 empresas que se situam no patamar intermediário da matriz econômica mais competitiva do planeta. Esse grupo não fabrica produtos para consumidor final e necessita de direcionamento e orientação que extrapolem o know-how de organização de feiras e rodadas de negócios nacionais e internacionais que se tornou referência entre as empresas do inspirador segmento de beleza.
A credibilidade que a Prefeitura acredita ter alcançado com o Pólo de Cosméticos é a principal ferramenta para mobilizar o novo grupo. A credencial é importante, mas insuficiente para garantir desempenho semelhante. Por isso, a seleção utilizou critérios que ajudam a proporcionar diagnóstico homogêneo e capaz de centrar o foco principalmente em processos e qualidade. Os participantes são empresas de médio porte que empregam entre 40 e 200 funcionários e têm poder reduzidíssimo de decisão. "Esse pessoal vive espremido entre fornecedores e montadoras. O primeiro determina o preço da matéria-prima e o segundo das peças. Eles não têm para onde correr, são verdadeiros sobreviventes" -- sentencia Sandra Papaiz, secretária de Desenvolvimento Econômico.
O passo para a formalização do Pólo de Autopeças deve ser dado nos próximos 60 dias com visita à fabrica de cada um dos participantes. Durante esse período, grupo de funcionários colherá subsídios para planejamento e detectará se as expectativas são as mesmas da Prefeitura. Sandra Papaiz estima que as principais necessidades estejam relacionadas a programas de qualidade, certificações, volume de negociação com fornecedores e acesso ao mercado externo. Não quer correr risco de propor ações desconectadas, mas declina da posição de dona da bola. Espera que o Pólo de Autopeças ganhe vida própria como o de Cosméticos. Desde o começo do ano as empresas do setor de beleza formam entidade legalizada.
A Prefeitura já definiu que seguirá cronograma de resultados e não de datas. Isso significa adotar estratégia similar a do início das atividades do Pólo de Cosméticos, quando o chamariz foi o patrocínio de estande coletivo na Cosmoprof, um dos principais eventos de beleza do mundo. Provavelmente desta vez a opção não recairá sobre feira de negócios. As particularidades do segmento apontam para a urgência na implantação de grupo de compras. "Temos de entender o negócio para não errar o primeiro passo. Caso contrário, nossa credibilidade fica comprometida" -- avalia Sandra Papaiz. A secretária não descarta a hipótese de apresentar projeto ao Sebrae nacional ou a outras entidades de fomento para financiar ações do grupo.
Os 80 participantes do Pólo de Autopeças foram selecionados por meio de cadastro da Prefeitura e do Ciesp local. Embora não contemple a totalidade de empresas instaladas em Diadema, o grupo mostra representatividade econômica. A atividade metal-mecânica responde por pelo menos 60% de tudo o que é produzido na cidade.
Arranjo Produtivo
Diferente do Pólo de Cosméticos, que pode ser considerado ensaio de Arranjo Produtivo Local, o de Autopeças não se encaixaria exatamente na definição porque contempla apenas uma parte da cadeia produtiva. Enquanto o primeiro expande ações até para profissionais liberais que trabalham com beleza, o grupo recém-formado pretende se concentrar apenas na atividade principal das empresas envolvidas. Por isso, Sandra Papaiz não se considera desconectada do trabalho de APLs da Agência de Desenvolvimento Econômico com grupos de ferramentaria e autopeças das sete cidades. "O APL da Agência é mais abrangente e a iniciativa de Diadema ajuda a fortalecer o modelo" -- considera a secretária.
Com a formalização do Pólo de Autopeças, a Prefeitura pretende fortalecer o relacionamento com o empresariado para evitar a fuga de empresas. A proximidade entre administração pública e iniciativa privada é uma das apostas para manter aquecida a atividade industrial que tem ocupado lugar de destaque em indicadores recentes de abertura de postos formais de trabalho. Diadema quer utilizar a lei de incentivos aprovada no final do ano passado para potencializar a atividade: todas as empresas que registrarem aumento no recolhimento de ICMS por incrementar a produção poderão solicitar desconto no IPTU de 2006.
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