No G-20 criado por esta revista digital para evitar que a Província do Grande ABC se compare burramente (ou seria espertamente) a si mesma, Diadema lidera proporcionalmente o emprego industrial. Liderar proporcionalmente não quer dizer que o Município da região tenha o maior número absoluto de trabalhadores no setor de transformação industrial entre os principais municípios do Estado, exceto a Capital. Significa que, quando se divide o total de trabalhadores industriais pelo conjunto de trabalhadores dos demais setores, sempre com carteira assinada, Diadema é imbatível entre os 20 maiores municípios do G-20 no Estado de São Paulo. Aí vem a repetição da indagação do título: isso é bom ou inquietante?
O questionamento poderia ser outro, agora dirigido a Santo André e a São Caetano, que contam com dois dos menores índices de participação de trabalhador industrial com carteira assinada no mapa geral de trabalhadores. Isso é bom ou inquietante?
Tenho cá comigo que depender demais do setor industrial na composição de emprego não é um bom negócio ao equilíbrio social quando se observam geografias anteriormente bem dotadas de trabalhadores industriais reduzidas a numerais de menor participação. Ou seja: responder à pergunta sem ingressar na realidade histórica de cada Município pode ser um furo nágua.
No primeiro caso há vulnerabilidade implícita. O mundo se altera e a indústria sofre demais com os sacolejos macroeconômicos. No segundo caso, geralmente a reposição de empregos industriais que se foram se faz com empregos de outros setores de menor agregado de valor monetário e inserção econômica sistêmica.
Quem se mobiliza?
A indagação do título deste texto mereceria muita reflexão e consequentes providências de estudos se a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e o Clube dos Prefeitos não fossem o que são, ou seja, instâncias sem sensibilidade para incursionar para valer no território regional em busca de tantas outras indagações com consequentes novos desafios a vencer. Prefere-se a vitrine de ações pontuais, que rendem manchetes por algum tempo, a ingressar em labirintos que parecem nos devorar.
O índice de participação do emprego industrial com carteira assinada em Diadema em confronto com as demais atividades é 3,18 vezes superior ao resultado de Santo André: são 50,63 empregos industriais para 100 empregos em geral em Diadema contra 16,14 em Santo André. Uma diferença e tanto. Nada surpreendente, entretanto. Diadema e Santo André ocupam posições diametralmente opostos na região. Diadema é líder de empregos industriais em relação ao conjunto de empregos, enquanto Santo André é lanterninha.
Para leitores surpresos, porque imaginavam que São Caetano seria a última colocada regional, nada mais inquietante ainda: a vizinha conta com 24,35% de trabalhadores industriais em relação ao estoque de empregos em geral, sempre segundo dados oficiais do Ministério do Trabalho e do Emprego.
Embora Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não integrem o G-20, agrupamento definido por CapitalSocial com base no PIB, convém lembrar que só estão abaixo de Diadema no ranking regional. Rio Grande da Serra conta com 35,46% dos empregos no setor industrial e Ribeirão Pires com 34,30%. São Bernardo oferece o terceiro melhor posicionamento entre os cinco municípios da região que constam do G-20, com 33,84% de trabalhadores industriais. Além de ficar atrás da líder Diadema, também sofre revés de Mauá, que conta com 42,62%.
Mais trabalho industrial
A Província do Grande ABC, considerando-se os sete municípios, conta com incidência média maior de empregos industriais em relação aos 15 municípios que completam o G-20. Os 258.850 trabalhadores industriais da Província são 31,06% do total de 833.372 trabalhadores em geral com carteira assinada em dezembro do ano passado. Já os 566.174 trabalhadores industriais do G-15 (ou seja, os 15 municípios do G-20 que não estão na geografia regional) são 20,18% dos 2.805.132 empregos em geral também ao final da temporada passada, ou seja, média de 20,18%.
A análise comparativa desses números não permite inflexibilidade conceitual. Acreditar que ao contar proporcionalmente com mais empregos industriais do que com empregos em geral a Província do Grande ABC leva vantagem sobre os demais integrantes do G-20 não é a melhor premissa. Quando se observa a linha do tempo, verifica-se permanente emagrecimento da participação relativa de trabalhadores industriais com carteira assinada na Província do Grande ABC, fruto da desindustrialização. Já na maioria dos demais municípios do G-20 sem compromisso com nosso território a curva é inversa, ou seja, de maior participação da mão de obra industrial no conjunto do estoque de carteiras assinadas.
O deslocamento do emprego industrial da Província do Grande ABC em relação não só à maioria dos integrantes do G-15, incluídos no G-20, é uma toada que parece não ter sido estancada e que, portanto, seguirá a nos desafiar.
É verdade que desde que se descobriu que veículos principalmente de passeio podem impulsionar além da conta o PIB da Província do Grande ABC, sem que isso necessariamente signifique a internalização completa de riquezas produtivas, os resultados amenizaram o desastre dos anos 1990. Tanto que, como já mostramos em outros textos, nosso PIB não passou vergonha nos últimos 10 anos. Provavelmente passará quando forem aferidos os números de geração de riqueza em 2013 e 2014, que apontarão quebra no ritmo de crescimento.
Agora, para instigar ilações dos leitores, o ranking do G-20 sobre a participação relativa do emprego industrial em confronto com o total de empregos de cada Município:
1. Diadema com 50,63%
2. Mauá com 42,62%
3. Santos com38, 05%
4. Sumaré com 35,68%
5. São Bernardo com 33,84%
6. Piracicaba com 33,59%
7. Sorocaba com 32,34%
8. Taubaté com 30,13%
9. Guarulhos com 30,41%
10. Jundiaí com 28,09%
11. Paulínia com 26,20%
12. São Caetano com 24,35%
13. São José dos Campos com 21,38%
14. Mogi das Cruzes com 18,86%
15. São José do Rio Preto com 16,38%
16. Santo André com 16,14%
17. Campinas com 14,59%
18. Barueri com 12,81%
19. Osasco com 12,66%
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