Diadema não tem medo de colocar a mão no vespeiro da globalização da cadeia automotiva aturdida pelo espectro chinês. Prova disso é que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico acaba de lançar o Sumário de Dados do Pólo de Autopeças — levantamento completo das dificuldades de micro e pequenas empresas dos setores metal-mecânico, de borracha e de plásticos. O trabalho executado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) tem proposta clara de subsidiar ações voltadas ao aumento da competitividade dos três setores que vivem à sombra das montadoras. E deve ter continuidade, apesar de muitos duvidarem da eficácia da iniciativa se não for acompanhada de medidas estruturais por parte da União, como redução de tributos e alterações na legislação trabalhista, por exemplo. “É verdade que o poder local tem influência restrita na realidade determinada por fatores nacionais e internacionais. Mas se não nos mexermos nada acontece” — destacou o vice-prefeito e secretário de Desenvolvimento Econômico, Joel Fonseca, durante o lançamento do sumário na sede do Ciesp local, na noite de 24 de abril.
A ressalva de Joel Fonseca foi uma resposta às considerações de Edgar Solano Marreiros, presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de São Paulo. Minutos antes Marreiros enfatizara, ao microfone, que não haveria como restabelecer competitividade sem redução de juros e tributos no Brasil. “O setor automotivo brasileiro está se desmantelando com a invasão dos chineses. Sem o governo estadual e federal é impossível mudar a situação.”
A mesma linha crítica foi seguida por Cláudio Vaz. O presidente do Ciesp lembrou que micro e pequenas empresas não têm acesso aos recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e exortou Joel Fonseca e o prefeito José de Filippi Júnior a atuarem como porta-vozes junto ao governo federal. “A macroeconomia nunca esteve tão bem, mas a contrapartida é o enfraquecimento das micro e pequenas empresas” — destacou.
Coube ao diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, apresentar as dificuldades setoriais colhidas em pesquisa com 41 empresas, além de oficinas com empresários, trabalhadores e representantes do setor público. De falta de acesso a crédito a escassez de mão-de-obra qualificada, passando por problemas na relação com sistemistas e montadoras e limitações causadas por política tributária e monetária, é imensa a listagem de lamentações. O que redunda em constatação cristalina: para evoluir com ações práticas o pólo de autopeças terá de eleger prioridades.
É fácil entender a preocupação do Poder Público. Diferentemente de São Bernardo, que acolhe montadoras, e de Santo André e Mauá, que contam com o pólo petroquímico, Diadema é altamente dependente do tecido empresarial de micro e pequeno porte: 86% do total de 347 fábricas presentes em 2005 estavam inseridos nesta classificação.
Manifesto do plástico
No mesmo dia em que Diadema lançava o Sumário do Pólo de Autopeças, representantes do Grupo Petroquímico da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC realizaram seminário na Assembléia Legislativa de São Paulo para discutir a necessidade de equiparar a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) recolhida pelas produtoras de resinas plásticas. Outros Estados cobram 12% enquanto em São Paulo a taxa é 18%, o que mina a competitividade da cadeia de transformação regional. “Ao final do evento entregamos uma carta-manifesto ao representante do vice-governador do Estado. Esperamos que agora a reivindicação seja atendida” — afirma Luís Paulo Bresciani, secretário de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional de Santo André.
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