Diadema é um fenômeno na criação de empregos industriais com carteira assinada, artigo valioso à luz da informalidade, da desindustrialização e do avanço do setor terciário no terreno da manufatura. Responsável por cerca de 15% do VA (Valor Adicionado) do Grande ABC, a cidade de 30 quilômetros quadrados e 385 mil habitantes respondeu por 80% do saldo de vagas industriais com carteira assinada da região no primeiro trimestre deste ano, ou 782 do total de 983.
Ao ampliar o período de análise a performance também chama atenção: dos 32.421 postos industriais formais criados no Grande ABC nos quatro anos do primeiro mandato do governo Lula, um terço ou 10.885 se consumaram em Diadema. Em segundo lugar vem São Bernardo, com 6.513, seguida por Santo André, 5.501, São Caetano, 4.460, Mauá, 3.529, Ribeirão Pires, 1.220 e Rio Grande da Serra, com 313. Os números fazem parte de levantamento de LivreMercado com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.
O que leva Diadema a se destacar no reluzente placar de ocupações tradicionalmente mais nobres — na medida em que são mais bem remuneradas e oferecem rendimentos mais polpudos — a ponto de sobrepujar vizinhos economicamente mais importantes? Mais do que isso: o que fez com que Diadema contradissesse o destino reservado aos municípios problemáticos da caótica Região Metropolitana de São Paulo a ponto de multiplicar empregos industriais em progressão digna das prósperas cidades do Interior?
Só para efeito de comparação, Sorocaba, de 570 mil habitantes na rica macrorregião chamada de Grande São Paulo Expandida, gerou 10.125 postos industriais na era Lula. E Campinas contabilizou saldo de 13.625 com população três vezes maior que a de Diadema.
Não há apenas uma, mas várias respostas para o sucesso de Diadema no front de empregos industriais. Em primeiro lugar é preciso reconhecer que o resultado passa necessariamente pela natureza do setor produtivo. Diferentemente de São Bernardo, São Caetano e, em menor grau, Santo André e Mauá, o tecido industrial de Diadema é composto mais enfaticamente por empresas de micro, pequeno e médio porte que respondem com a maior sensibilidade a empuxos de demanda com contratações pelo simples fato de que não operam com níveis elevados de automatização.
Para montadoras de veículos e fabricantes de resinas plásticas, picos de produção não se traduzem necessariamente em elevação do efetivo de trabalhadores porque a utilização maciça de tecnologia preenche necessidades com elevação de produtividade.
Nata do plástico
Outro ponto que deve ser levado em consideração é o fato de Diadema concentrar dose cavalar de empresas do setor plástico, segmento intensivo em mão-de-obra e que cresce acima do PIB (Produto Interno Bruto) graças principalmente à substituição de materiais tradicionais pelo derivado do petróleo nas mais diversas aplicações, da construção civil ao ramo automotivo. Diadema é o principal pólo de terceira geração plástica do Grande ABC e um dos maiores do Estado — atrás apenas da Capital e de Guarulhos. Concentra quase 200 empresas do setor cujo faturamento em nível nacional saltou de US$ 8 bilhões em 2002 para US$ 18,6 bilhões no ano passado. E cujo número de empregados pulou de 218.140 para 266.787 no mesmo período, de acordo com a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria Plástica).
O Atlas de Competitividade da Indústria Paulista também atesta a força de Diadema no plástico. De acordo com o instrumento de pesquisa recentemente lançado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Diadema responde por 4,49% do Valor Adicionado da atividade no Estado. Em termos regionais só fica atrás de Santo André, com participação de 5,53% — porque acolhe empresas de segunda geração que são verdadeiras usinas de Valor Adicionado. A posição logística é a melhor explicação para a concentração de tantas empresas de terceira geração em Diadema, relativamente próxima do Pólo Petroquímico de Capuava e a meio caminho da Capital e do Porto de Santos, pois é cortada pela Rodovia dos Imigrantes.
A predominância de empresas de micro, pequeno e médio porte e a dose suplementar do setor plástico intensivo em mão-de-obra estão longe de esgotar as razões do avanço de Diadema no placar dos empregos industriais. O principal diferencial que multiplicou ocupações em escala superior é o protagonismo de uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico que leva o título ao pé da letra, em vez de ser mero quadradinho no organograma oficial.
Interagindo com produtores
Desde que assumiu a pasta em 2001, o ex-metalúrgico Joel Fonseca instaurou relacionamento incomum com o setor produtivo, o que adicionou pitadas providenciais de capitalismo na República Socialista do Grande ABC construída por sequência de governos esquerdistas desde que Gilson Menezes conquistou a primeira Prefeitura brasileira para o Partido dos Trabalhadores, em 1982.
Observados assim, em perspectiva histórica, os quase 11 mil empregos industriais durante o primeiro mandato do governo Lula estão mais para troféu conquistado por administradores que souberam se reciclar sob os ventos da globalização do que lance de sorte ou resultado incontrolável de variáveis macroeconômicas.
O estandarte da mobilização da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o setor produtivo é o chamado Pólo de Cosméticos, que começou a ser sistematizado em outubro de 2001. Joel Fonseca e equipe vislumbraram oportunidade de transformar a aglomeração aleatória de indústrias em grupo capaz de articular ações comuns — um cluster produtivo no termo cunhado pelo especialista norte-americano Michael Porter.
Desde então, várias ações de sinergia foram levadas a cabo pela Prefeitura, inclusive com liberação de recursos financeiros após aprovação de lei municipal que sacramentou o interesse público voltado à criação de empregos e tributos. As principais ações foram participações conjuntas em feiras nacionais e internacionais, criação do Espaço Beleza dentro da Fundação Florestan Fernandes para formação de mão-de-obra qualificada e a composição de grupo de compras para baratear custos de insumos comuns.
Ganhando musculatura
Além de fortalecer empresas já instaladas, o Pólo de Cosméticos ganhou corpo. “Eram 30 indústrias quando começamos os trabalhos conjuntos. Hoje são 67, além de mais de 30 fabricantes de insumos e embalagens. Ao todo mais de 100 empresas do setor respondem por cerca de 11 mil empregos” — contabiliza Joel Fonseca. A listagem completa de indústrias de cosméticos, fornecedores de matérias-primas, embalagens, máquinas e equipamentos para laboratórios pode ser acessada no endereço eletrônico www.polodecosmeticos.com.br.
Como foi possível dobrar a quantidade de indústrias de cosméticos em menos de seis anos? Joel Fonseca lembra que as empresas foram atraídas pelo ambiente favorável reconhecido durante participação do Pólo em feiras setoriais. “Empresários de outras localidades chegavam ao nosso estande e perguntavam sobre o funcionamento do Pólo. Muitas vieram por conta dessa ação externa” — destaca.
A cidade que já foi estigmatizada como a mais violenta do País se converteu em um dos maiores celeiros nacionais de produtos que são sinônimo de auto-estima e qualidade de vida — não apenas para consumidores nacionais e internacionais mas principalmente para a mão-de-obra local que encontrou vereda promissora para o mercado de trabalho.
“O segmento cresce em ritmo superior a 10% ao ano desde 2002. No ano passado o Brasil assumiu a quarta colocação entre os maiores mercados, atrás apenas de Estados Unidos, Japão e França. E neste ano a expectativa é de que suba para a terceira posição, de acordo com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos)” — destaca Silvestre Mendonça de Resende, diretor do Pólo de Cosméticos e da Valmari, instalada há 25 anos em Diadema.
Boom empregatício
Fabricante dos chamados cosméticos de tratamento, como hidratantes com protetor solar e cremes nutritivos com elastina e colágeno de origem vegetal, e com uma centena de franquias espalhadas pelo Brasil e em países como Portugal e Alemanha, a Valmari exemplifica o boom empregatício a bordo dos bons ventos setoriais e dos trabalhos de sinergia: o volume de empregos na fábrica praticamente dobrou de 35 postos há seis anos para os atuais 66.
A constatação de que setores de plástico e cosmético responderam por boa parte do boom de empregos industriais é confirmada pelo Sindicato dos Químicos do ABC. De acordo com o presidente Paulo Lage, a base da categoria em Diadema duplicou de nove mil para 18 mil trabalhadores desde 2000. “E os nove mil empregos adicionais podem ser divididos em partes iguais entre as duas atividades” — destaca.
Paulo Lage enfatiza que a evolução está condicionada ao perfil forjado por empresas de micro, pequeno e médio porte, que respondem a aumentos de demanda com contratações; diferentemente de grandes indústrias que tiram a diferença na tecnologia. “Em compensação, micro e pequenas empresas são as primeiras a mandar embora em momentos de crise” — ressalva.
Engana-se, entretanto, quem imagina que o setor químico reina como estrela solitária no céu do recorde de admissões. O segmento metal-mecânico também contribuiu enormemente, já que a base da categoria na cidade saltou de 18,5 mil trabalhadores no final de 2002 para 25 mil atualmente, segundo José David Lima Carvalho, diretor da subsede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em Diadema.
Expansão permanente
A soma dos nove mil empregos adicionais do setor químico e dos 6,5 mil metalúrgicos ultrapassa o saldo de 10.885 postos industriais na era Lula. A explicação deve residir no fato de o período analisado pelo representante do setor químico ser mais extenso. “O aumento da base metalúrgica tem a ver com a expansão de empresas que já estavam instaladas e com a chegada de novas” — comenta David Carvalho, que cita exemplos de autopeças que expandiram quadros de trabalhadores em anos recentes: o efetivo da TRW saltou de 350 para 680 trabalhadores, o da Autometal pulou de 400 para cerca de mil, o da Delga subiu de 400 para 700 e o da Federal Mogul foi de 220 para 400.
O sindicalista lembra que o motor de todas as expansões foi o empuxo das exportações automotivas. O perigo, agora, é o vetor de crescimento se inverter com a desvalorização cambial. Na categoria das indústrias instaladas há pouco tempo, David Carvalho cita a Itaesba, com cerca de 400 trabalhadores.
O saldo de Diadema só é tão expressivo porque a Secretaria de Desenvolvimento Econômico agiu de forma pró-ativa em vez de se resignar ao papel de observadora do crescimento de setores bafejados pelo aumento do consumo interno e das exportações. E a afirmação não vale somente para o setor de cosméticos transformado em pólo nacionalmente reconhecido, mas para a totalidade do universo produtivo, incluindo setores importantes como o de artefatos de borracha.
Uma das primeiras ações de Joel Fonseca ao assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico em 2001 foi montar cronograma de reuniões mensais com diretores do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) a fim de discutir problemas e oportunidades. “É a primeira vez na história de Diadema que o Poder Público estabelece interlocução sistemática com a entidade representativa das indústrias” — comemorou, na época, o diretor-titular do Ciesp, Ignácio Martinez, em Reportagem de Capa de LivreMercado que recebeu o título “Mais Capitalismo no Socialismo”.
Visitando empresas
Além disso, Joel Fonseca passou a visitar indústrias como se fosse ombudsman (ouvidor) da Administração para assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentado. E as mais diversas necessidades foram solucionadas entre um cafezinho e outro na sede das empresas. A fabricante de máquinas Krones ameaçou deixar o Município por causa da balbúrdia e da sujeira que reinavam na Avenida Juscelino Kubitschek, problema nada surpreendente numa cidade onde residências e indústrias se confundem no cenário urbano. Moradores jogavam lixo doméstico diariamente em frente à fábrica, camelôs dificultavam o fluxo e prostituição rolava solta ao som ensurdecedor de forró. “Reunimos todas as empresas daquela avenida e preparamos um projeto de melhoria com a construção de posto de coleta seletiva de lixo em terreno que pertencia à ETCD, organizamos os catadores e educamos a população, enquanto empresas contrataram os camelôs. A avenida mudou da água para o vinho e é varrida duas vezes por semana” — conta o secretário.
Em outro caso emblemático, a Prefeitura concedeu autorização e cuidou da paralisação do trânsito para que a Produflex, fábrica de artefatos de borracha, construísse um túnel que interligasse duas unidades separadas pela Avenida Afonso Monteiro da Cruz. Em mais uma passagem memorável retratada nas páginas de LivreMercado, Joel Fonseca recepcionou pequenos e médios empresários num city tour pelos principais pontos de Diadema.
“Há um aspecto que não se pode mensurar, mas que é imprescindível para atrair ou manter empresas e empregos: o ambiente para negócios. É quando, numa rodada de uísque, um empresário faz propaganda boca-a-boca ao comentar que em Diadema é possível ter acesso direto ao prefeito e ao secretário” — explica Joel Fonseca.
Como se o ambiente amigável não bastasse, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico preparou sistema de incentivo fiscal apara premiar indústrias que ampliam produção. Basicamente, proporciona desconto no IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano) com base no aumento da arrecadação com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “Como compensamos um pelo outro não há renúncia e não infringimos a Lei de Responsabilidade Fiscal” — destaca Joel Fonseca, que confere ao sistema de incentivo status de coadjuvante, não de ator principal.
Medidas importantes
No rol das ações que explicam manutenção e atração de indústrias para o território de 30 quilômetros quadrados espremido entre São Bernardo e a zona sul de São Paulo, Joel Fonseca lista intervenções viárias e de combate à violência. As mexidas viárias mais importantes foram a construção da Avenida Ulisses Guimarães, que liga as faces leste e oeste da cidade, e da alça de ligação da Rodovia dos Imigrantes em frente à Papaiz. “São obras fundamentais para o escoamento da produção. A alça de acesso à Imigrantes facilitou a vida de muitas indústrias da região do Jardim Campanário, que precisavam rodar quilômetros apesar de estarem do lado da rodovia” — relata o secretário.
O combate à criminalidade não é menos importante. “Vivíamos situação de guerra civil. Tivemos 374 assassinatos em 1999 e conseguimos reduzir para 78 no ano passado” — destaca Joel Fonseca, ao lembrar que a façanha resultou de adoção da Lei Seca, integração das polícias e instalação de sistema de videomonitoramento.
Mais do que para qualquer cidade da região, a manutenção da indústria é questão de honra para Diadema: 59% da força de trabalho formalizada na cidade encontram guarida nas diversas ramificações da indústria de transformação. Os outros 41% estão no comércio, prestação de serviços de construção civil. O índice da força de trabalho na indústria atinge 47% em Mauá, 42% em São Bernardo, 22% em Santo André e 14% em São Caetano, de acordo com o Atlas de Competitividade da Fiesp.
Fábrica de mão-de-obra
O impacto das mudanças no cenário socioeconômico de Diadema exigiu da Fundação Florestan Fernandes revisão de cursos para operacionalizar políticas públicas de qualificação profissional a fim de formar mão-de-obra para o mercado local. A estrutura foi reformulada e conta com assessoria exclusivamente para pensar o futuro. Afinal, a conjuntura de oferta de vagas em Diadema está em constante revolução. A chegada de hotel e faculdades, bem como a revitalização de eixos comerciais e de serviços, abriram novas demandas e mudaram o foco de qualificação profissional. “Temos noção clara da realidade e esses dados levam a nova ênfase na requalificação” — afirma a diretora Vitalina de Santana Santos. O trabalho em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Secretaria de Educação equilibra oferta e demanda.
A Fundação Florestan Fernandes certifica 6,5 mil alunos por ano e tem função que vai além da qualificação profissional. “Os cursos e as ações não buscam apenas responder às necessidades do mercado de trabalho; pretendem também ampliar a cidadania do trabalhador, desenvolver saberes culturais à compreensão crítica da vida social e estabelecer políticas de capacitação profissional, qualificando empregados e desempregados” — explica Vitalina Santos. A Fundação mantém 10 projetos que chegam a atender mais de 20 mil pessoas por ano.
Melhor exemplo da reorganização da oferta de cursos de formação da Fundação Florestan Fernandes, o Programa de Jovens orienta para o mundo do trabalho do primeiro emprego. Ou seja, saiu da orientação vocacional para a prática. “Há três anos assumimos compromisso de colocar os jovens no mercado e temos dado respostas positivas” — afirma a diretora. Pelo menos 30% conseguem vaga.
Para os jovens
Voltados para jovens de 16 a 24 anos, os programas oferecidos são Aprendiz Trabalhador com contrato de aprendizagem de 30 a 40 horas semanais; Primeiro Emprego, focado na formação e qualificação com bolsa-aprendizado, e Projeto de Educação para o Mundo do Trabalho, com cursos na áreas administrativa, comércio e serviços, eletricidade, informática, turismo e lazer. “Nossos cursos estimulam a permanência ou retomada dos estudos escolares, o resgate da auto-estima e a valorização da cidadania” — diz Vitalina Santos.
O curso de Inclusão Digital passa por otimização e ampliação. A Fundação mantém 22 laboratórios com cursos rápidos de introdução e uso de Internet. Esses laboratórios atendem 1.640 jovens e adultos por ano. Já a Central de Inclusão Digital recebe mais de 90 mil usuários por ano ou (7.500 por mês). Em 2007, o Mov@ (Movimento de Alfabetização Digital) ganhará cinco novas estações nos moldes da central instalada na Fundação. “A cidade terá mais cinco espaços, um em cada região, com gestão comunitária por meio de conselhos populares” — diz Vitalina Santos. A única dificuldade é encontrar voluntários. A maior parte é de alunos que se formaram na própria Fundação. Cada estação de inclusão digital oferece 10 computadores com tecnologia de software livre e acesso à Internet. A utilização é gratuita para facilitar o acesso à Internet a pessoas de baixa renda.
O Programa de Qualificação e Requalificação Profissional possibilita inserção ou reingresso no mercado de trabalho formal e autônomo. Inclui o Ejaop (Educação de Jovens e Adultos com Orientação Profissional), que atendeu 650 trabalhadores em 2006 (e em 2007 atenderá 1.500). “Nesse caso combinamos a elevação de escolaridade e orientação profissional nas escolas municipais, em parceria com a Secretaria de Educação” — diz a diretora. Para pôr o aprendizado em prática, o Projeto Vivência abre oportunidade para o exercício da profissão, avaliação do curso e auto-avaliação sobre habilidades no processo de formação. Alunos de diferentes cursos são convidados a interagir com a população em eventos de pequeno, médio e grande porte. “Todas as atividades são planejadas e acompanhadas pelos profissionais do corpo técnico-pedagógico da Fundação” — explica a diretora.
Espaço à beleza
Em área com mais de 450 metros quadrados funciona o Espaço Beleza, destinado à qualificação e ao aperfeiçoamento de profissionais do setor. Desde 2003 a oficina passou por duas reformas para se adequar às exigências do mercado. O projeto conta com parceria de empresas do Pólo de Cosméticos de Diadema. Cerca de 3,5 mil alunos são encaminhados a possibilidades de trabalho depois de concluídos os cursos de cabeleireiro e várias segmentações. “Também ampliamos o diálogo com proprietários de salões de beleza, uma vez que 70% dos profissionais não têm formação adequada” — diz Vitalina Santos. A Fundação Florestan Fernandes mantém convênio com a indústria Valmari, que oferece cursos de estética corporal e facial, assim como outras 30 empresas do mercado de cosméticos que desenvolvem palestras e workshops. A expectativa é que a Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) tenha curso de cosmetologia. A Fatec poderá ser instalada no prédio da Fundação Florestan Fernandes.
Outra novidade ligada às tendências do mercado de trabalho, o Espaço Zen foi criado para orientação, qualificação e aperfeiçoamento em diferentes terapias naturais. “A proposta é formar profissionais que possam aplicar técnicas de forma a promover manutenção e restabelecer bem-estar físico e mental” — diz Vitalina Santos.
Inaugurado em 2006, o Espaço Zen oferece cursos de shiatsu, reflexologia, relaxamento terapêutico, massoterapia e auriculoterapia, equilíbrio energético. “Antes os cursos eram desconectados; tínhamos formação para eletricista e culinária, e hoje a Fundação busca compor a oferta de maneira complementar que agregue especialização” — diz a diretora.
Pioneiro na implantação do Sistema Nacional de Certificação Profissional do Ministério do Trabalho e OIT (Organização Internacional do Trabalho), o Projeto Piloto de Certificação Profissional possibilita reconhecimento da Escola Técnica Federal de São Paulo. Cerca de 200 trabalhadores já receberam orientação. “Oferecemos formação profissional ou continuidade dos estudos em nível Fundamental ou Médio nos setores de construção civil e metal-mecânico” — detalha Vitalina Santos.
O curso de Construção Civil conduz à formação de mestre de obras em parceria com o Senai e Obra São Francisco Xavier, bem como com a Secretaria de Habitação para o projeto Tá Bonito. A Fundação leva o curso aos moradores.
Histórico de atendimento
Desde 1996 em atividade, a Fundação Florestan Fernandes é um Centro Público de Formação Profissional que iniciou trabalhos com atendimento de 700 pessoas por ano. Migrou da Promoção Social para a Educação como meio de angariar recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Inaugurou complexo de sete pavimentos e elevou o atendimento para cinco mil alunos por ano. “Não dá para falar da Fundação sem mencionar o processo histórico” — diz Vitalina Santos. “Oitenta por cento do público que procura a Fundação são desempregados ou em situação de vulnerabilidade social, e 89% têm entre 16 e 39 anos” — afirma a diretora.
Todo o currículo de atuação também foi reformulado. Desde 2001 ampliou o número de parceiros. Além de iniciativas com diversas secretarias municipais, a Fundação mantém articulações com órgãos regionais, estaduais e federais. Trabalha também em parceria com entidades do Município e com uma rede permanente de co-gestores como: CEEP (Centro de Educação, Estudos e Pesquisas); Ceddisp (Comitê de Educação para Democratização da Informática São Paulo); Sesi (Serviço Social da Indústria); Associação Cultural Comunitária Dom Décio Pereira; Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial); Obra Social São Francisco Xavier; Escola Sindical São Paulo/CUT; Grupo Espírita Cairbar Schutel e Obras Sociais São Pedro Apóstolo e GEB (Grupo Estudantil de Base). “Nossa política de formação conta com mais de 158 parceiros que realizam cursos, dos quais 30 são governamentais e 128 são entidades comunitárias” — destaca Vitalina Santos.
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