Economia

Empreendedorismo
vai ganhar escola?

FERNANDO STELLA - 05/11/2003

O Instituto Juscelino Kubitschek e o Simpi (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo) aproveitaram o seminário ABC do Futuro -- Encontro de Investidores, no Clube Atlético Aramaçan em Santo André, para lançar proposta instigante em um Grande ABC onde desapareceram mais de 100 mil empregos industriais só nos anos 90. A idéia das duas entidades é construir o que batizaram de Universidade do Empreendedor. Entretanto, só o desejo de tirar do papel algo que desperte o espírito empresarial em jovens e desempregados da região não é suficiente, principalmente quando esse empreendimento necessita de pelo menos R$ 40 milhões e os recursos estão escassos.


 


"Estamos em negociação com órgãos nacionais e internacionais" -- comenta o presidente do Instituto JK, Aníbal Teixeira, que também espera a adesão de empresas locais para dar o pontapé inicial. A grande aposta é reduzir um dos males que assola o Grande ABC: o índice recordista de desemprego de 22,2%. Além de mais de 1,2 mil trabalhos temporários durante as obras, outras 2,2 mil vagas seriam abertas a partir do início das atividades da Universidade do Empreendedor. "Queremos que o aluno aprenda na prática. Precisamos incentivar a formação de pessoas que desenvolvam a própria atividade e gerem novos empregos" -- espera o presidente do Simpi, Joseph Couri, um dos idealizares do projeto.  


 


Pelos planos, serão construídas 60 salas de aulas e áreas de treinamento prático em 20 atividades industriais (alimentos, doces, confecção, irrigação e construção civil), 10 atividades comerciais (jóias, papelaria, perfumes e farmácia) e outras 10 de serviços (telemarketing, turismo, pintura e decoração). De acordo com o ex-ministro do Planejamento Aníbal Teixeira, o terreno de quase 50 mil metros quadrados, dos quais 20 mil de área construída, está sendo pesquisado entre Mauá, Santo André e São Caetano. Pelo cronograma, a universidade ficaria pronta em 18 meses a partir da obtenção de recursos.


 


Turismo de negócios


 


Paralelo ao centro de ensino, o Instituto JK quer também despertar o turismo de negócios na região. O projeto prevê a construção de um Centro de Exposições e Eventos, antigo sonho no Grande ABC. Localizado em área de 200 mil metros quadrados, o espaço abriria dois mil empregos temporários e mais 4,6 mil na fase de operação. Nada menos que R$ 80 milhões são necessários para tirar o empreendimento da gaveta. O instituto fez recente estudo de mercado e detectou que metade dos atuais 60 grandes eventos poderia ocorrer nesse complexo. "Em três meses será formado grupo empreendedor com apoio de construtoras e quatro grupos de expositores, inclusive do Exterior" -- planeja Aníbal Teixeira, que estima movimento de oito milhões de visitantes por ano.


 


Além de lançar os dois projetos, o encontro em Santo André serviu para tentar aproximar pequenos e microempresários da região do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A instituição federal se diz disposta a acabar com a imagem de que é um banco exclusivo de grandes investidores, segundo enfatizou o chefe do Departamento Sul, Luiz Pizarro.


 


Um dos exemplos apresentados durante o encontro foi o Cartão BNDES -- linha de crédito até R$ 50 mil que pode ser obtida em agentes financeiros como Real, Bradesco, BMC, Banco Santos e Banco do Brasil. Existem mais de 15 mil pontos de atendimento no País. Essa necessidade de aproximação demonstra outra preocupação: a de que o desempenho da instituição seja bem melhor do que em 2003. Até setembro, apenas metade do orçamento -- R$ 17 bilhões -- havia sido desembolsada. Apesar da situação preocupante, o presidente do banco, Carlos Lessa, já anunciou que o orçamento para 2004 será de R$ 47 bilhões, R$ 13 bilhões a mais que este ano.


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