É verdade que a tomada de decisão se deu somente após o alerta desta revista digital, mas isso é o que menos interessa nestas alturas do campeonato. O fato é que Milton Bigucci Júnior, diretor técnico do Clube dos Construtores e Incorporadores Imobiliários da Província do Grande ABC, saiu em defesa dos pequenos construtores de Santo André na luta contra uma mudança seletiva, quando não estranha, da Luops, Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo.
É o próprio Clube dos Construtores e Incorporadores Imobiliários que distribuiu nota à mídia, anunciando posicionamento e também algumas medidas práticas.
Por isso que, neste texto, decidi abandonar a expressão “Clube dos Especuladores Imobiliários” que adoto ao me refirir àquela entidade. Não seria justo mantê-la numa iniciativa aparentemente meritória. Vamos retirá-la da gaveta da memória em circunstâncias compatíveis. O que não parece ser o caso.
Diz a nota do Clube dos Construtores e Incorporadores que a nova proposta da Luops possui detalhes que podem dificultar a atuação dos empresários, em especial das pequenas empresas: “Nós, da Acigabc (denominação oficial da entidade) nos preocupamos principalmente com o aspecto que afeta diretamente esses empreendedores, pois a lei prevê uma mudança de coeficientes do terreno para construções de pequeno porte, tendo em vista que num terreno de 400 metros quadrados, onde antes era possível construir 12 unidades, passaria pela divisão de apenas seis, deixando esse tipo de habitação mais cara”, afirmou o diretor técnico, filho do presidente Milton Bigucci.
Mais informações do Clube dos Construtores e Incorporadores em defesa dos pequenos construtores constam da nota oficial da entidade. Leiam:
Como esse tipo de empreendedor é o que mais produz essas moradias, eles passariam a concorrer com as grandes construções, o que inviabilizaria o negócio. “Esse tipo de empreendimento não possui quase nenhuma área de convívio comum e, devido aos coeficientes atuais, o valor do metro quadrado dessas unidades é, em sua maioria, menor que de edifícios com grandes áreas de lazer. Com a mudança proposta, os valores entre esses dois tipos de empreendimentos se igualariam, ou os pequenos empreendimentos poderiam se tornar ainda mais caros, o que fatalmente encerraria esse tipo de mercado, prejudicando muito os pequenos construtores”, esclarece o diretor técnico.
Grupo de discussão
Para quem como este jornalista havia muito tempo cobrava posicionamentos e ações que retirassem o Clube dos Construtores e Incorporadores da inércia e, portanto, da condição de Clube dos Especuladores Imobiliários, nada mais interessante que a nota oficial da entidade. Uma nota que esclarece mais pontos. Diz que foi criado um grupo de discussão para ouvir os pequenos construtores. O objetivo é, segundo afirma, que as mudanças sejam feitas de forma criteriosa e em menor escala: “Em conjunto com diversas entidades, como o Sinduscon (Sindicato da Construção), a Associação dos Engenheiros e a Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), protocolamos na Prefeitura nossa posição com relação a esse e outros aspectos da lei”, conta Milton Júnior. A nota prossegue. Leiam:
Após protocolar o documento, os diretores da Acigabc Milton Bigucci Júnior, Marcus Santaguita e Nilson Aparecido Ferreira se reuniram com o Secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitacional de Santo André, Paulo Piagentini, para expor principalmente essa questão, além de debaterem sobre o estudo de impacto de vizinhança – EIV – que hoje é muito abstrato e sem parâmetros específicos quanto às contrapartidas que os construtores precisam oferecer para o Município autorizar os novos grandes empreendimentos.
O melhor é esperar
Ainda é muito cedo para estabelecer juízo de valor consolidado sobre o que parece se insinuar como uma nova etapa de representatividade e institucionalidade do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. O passado condena a entidade a tal ponto que não se pode deixar de sustentar certo grau de desconfiança sobre as motivações que teriam levado seus até então desconhecidos dirigentes a uma iniciativa evocada por este jornalista após ouvir representantes de pequenos negócios do setor.
Os próximos eventos ligados à Luops vão determinar os rumos iniciais de uma possível reestruturação conceitual e operacional do Clube dos Construtores e Incorporadores. Mantenho os dois pés atrás porque há uma linha do tempo a me orientar no sentido de desconfiar sempre que a Província do Grande ABC apresenta algo aparentemente novidadeiro.
Espero sinceramente pecar, desta vez, pela precaução, já que já errei demais pelo encantamento. Mas, que a nova configuração parece algo digno de avaliação, não tenho dúvida. Antes, vestia a camisa do Grande ABC sem olhar para os adversários. De uns tempos a esta parte, mantenho a camisa da Província do Grande ABC num cantinho do vestiário de cautela para não sofrer novas decepções.
Foi assim, inclusive, desde o princípio com o movimento Defenda Grande ABC. Quem apanha por ser otimista e se mantém acriticamente otimista é estúpido por natureza ou encontrou uma maneira de ganhar a vida enganando terceiros ignorantes.
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