Pretendo escrever durante esta semana vários artigos sobre as eleições de domingo na Província do Grande ABC, mas salta à vista aquela que provavelmente é a maior vitória individual na região: o deputado estadual Orlando Morando bateu os três candidatos locais apoiados pelo prefeito Luiz Marinho em plena São Bernardo. Quando escrevo bateu os três candidatos quero dizer que bateu mesmo, ou seja, a soma dos votos do trio petista não alcança a votação local de Morando.
Luiz Fernando Teixeira, Ana do Carmo e Teonílio Barba não deram para o cheiro. Juntando a votação dos três petistas, 87.889, fica 15% abaixo dos 103.292 votos de Orlando Morando em São Bernardo. Luiz Marinho teve um domingo desastroso, como se vê, porque tanto Alexandre Padilha como Dilma Rousseff também foram derrotados na casa do coordenador-geral da campanha petista à Presidência da República.
Para quem está de olho nas disputas à Prefeitura dentro de 24 meses, o desempenho de Orlando Morando é um trunfo e tanto em todos os sentidos, principalmente no aspecto motivacional. Terceiro deputado estadual mais bem votado entre os paulistas, Orlando Morando fez barba, cabelo e bigodes, porque cuidou do terreno municipal, do terreno regional e ainda se deu bem em outras geografias. Deixou comendo poeira gente famosa de vários partidos.
Convenhamos que botar os três adversários petistas para correr em seu próprio terreiro é uma senhora vitória. Luiz Aeroportozão Marinho precisa rever conceitos. Por mais que a disputa à Assembleia Legislativa tenha viés individualista, o que aparentemente fragmenta a estrutura partidária, a desvantagem acumulada pelos três candidatos petistas é algo para se pensar.
Divisionismo complementar
Até porque, paradoxalmente, o divisionismo que se instalou entre eles acabou por fortalecer potencialmente o partido, já que cada um teve o respectivo território temático a explorar. Foi acirradíssima a disputa pelo posto de mais votado da agremiação, como espécie de preliminar à sucessão de Luiz Marinho. A diferença entre Luiz Fernando Teixeira e Ana do Carmo foi escassa (37.878 votos ante 37.686), enquanto Teonílio Barba não passou de 12.325. Ao final da corrida municipal todos saíram comprovadamente chamuscados ante o sucesso do tucano Orlando Morando. Não fossem os votos fora de casa, nenhum desses petistas estaria na lista de eleitos. Uma vitória que não compensa os estragos internos.
São tantos os vetores dignos de análise nos resultados eleitorais na região que prefiro deixar tudo para depois, além do que já escrevi sobre a barbaridade editorial cometida pelo Diário do Grande ABC na edição de domingo.
E por falar em Diário do Grande ABC, não vou deixar de abordar também os resultados do DGABC Pesquisas, braço estatístico-eleitoral do jornal, confrontando os resultados publicados na edição de sexta-feira com os números oficiais das urnas, tendo sempre como contraponto as sondagens do Datafolha e do Ibope.
Será que o DGABC Pesquisas quebrou a cara ou reúne insumos que o credenciam a tratar pesquisas eleitorais sem descambar para o terreno movediço da desmoralização que atingiria, por tabela, o próprio jornal?
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)