Imprensa

Marinho recebe nesta terça-feira
bateria de “Entrevista Indesejada”

DANIEL LIMA - 24/11/2014

Embora tenha anunciado a iniciativa já há uma porção de tempo, somente agora, ou mais precisamente nesta terça-feira, vou encaminhar ao prefeito Luiz Marinho a Entrevista Indesejada que dá sequência a um projeto inédito no jornalismo brasileiro. Alguém tem dúvida que Entrevista Indesejada é uma preciosidade ao intermediar sem preocupação alguma com a diplomacia convencional as relações que os administradores públicos e os contribuintes deveriam manter com assiduidade? Trocando em miúdos: Entrevista Indesejada não é uma ferramenta que possa ser confundida com o levantar de bola para gol de placa do entrevistado. Muito pelo contrário. 


 


Não à toa, porque é incômoda, a maioria dos potenciais entrevistados deu no pé, fugiu da raia. Uma batelada de questões será encaminhada ao prefeito de São Bernardo nesta terça-feira. A demora em cumprir o que prometi faz alguns meses se deve às eleições desta temporada. Considerei mais apropriado deixar o tempo passar, as urnas se abrirem e o próximo ano aparecer para valer no horizonte para, então, preparar as perguntas.


 


São muitas as indagações ao prefeito de São Bernardo. Sei que estou perdendo meu tempo e o tempo dos leitores, porque duvido que o titular do Paço de São Bernardo e também titular do Clube dos Prefeitos do Grande ABC se dará ao trabalho de responder. Como esperar tamanho desprendimento do petista se nem mesmo cumpre o que seria uma obrigação com a sociedade regional -- de estar à disposição da imprensa em entrevista coletiva ao menos a cada seis meses? Marinho, como todos os mandachuvas que não suportam contraditório, foge de questionamentos que exijam explicações nem sempre possíveis.


 


Questões indigestas


 


Certamente Luiz Marinho vai ler uma por uma as perguntas, porque sua assessoria considerará a medida indicada a quem quer saber o que andam a questionar longe do entorno do Paço Municipal. A realidade social chega sempre distorcida aos mandachuvas que se acham inquestionáveis. Mandachuvas que preferem ignorar a realidade quebram a cara.


 


O que posso adiantar aos leitores é que algumas das perguntas a Luiz Marinho são potencialmente constrangedoras, outras potencialmente abusivas, algumas o colocam de calças curtas e um naco o levará a ficar enraivecido. Nada que tudo isso não seja expressão do legítimo exercício de jornalismo contra o qual os mandachuvas e os mandachuvinhas nutrem desprezo torrencial.


 


A essência da Entrevista Indesejada preparada nesse final de semana prolongado é que Luiz Marinho terá confronto direto com as consequências da opacidade de uma Administração que se vale do autoritarismo e do unilateralismo de informações para tentar vender a ideia de que é o suprassumo de gestão pública.


 


Sem medo de errar, diria que a gestão de Luiz Marinho é uma enxurrada de complicações que só não redundam em sérios desdobramentos além do âmbito administrativo e legislativo, porque a Província do Grande ABC, até prova em contrário, continua a ser tratada pelas instituições ministeriais e policiais como simples apêndice da geografia criminal do País.


 


Lembrando Collor?


 


Não estou a afirmar que a corrupção permeia as entranhas da gestão da Prefeitura de São Bernardo, mas a característica de seu mandato conduz a desconfiança generalizada sobre os critérios éticos e administrativos adotados.


 


A falta de transparência é uma estrada larga e plana que conduz ao descrédito sobre o modelo de aplicação de um orçamento milionário. Sobretudo quando o prefeito em questão mantém na cúpula da Prefeitura gente que nem consta oficialmente da folha de pagamento mas que, estranhamente, exerce intrincadíssima relação com o topo do poder público local.


 


Essa subversão da ordem legal é tratada pela mídia em geral da região com a mesma naturalidade com que Paulo César Faria atuava no governo Fernando Collor de Mello. Não estou a afirmar que o enredo seja o mesmo, de delituosidade que não resistiria a investigações sérias. Só estou dizendo que o prefeito Luiz Marinho deveria ser mais precavido. Algo como a mulher de César.


 


Vai valer a pena acompanhar as questões formuladas à Entrevista Indesejada com Luiz Marinho. Nem tudo será contemplado. Seis anos de gestão não são seis meses. O mais importante mesmo, diante de mais que provável recusa do prefeito a responder, é que o conjunto de interrogações fornece uma imensa massa de informações que precisam constar do jornalismo regional.


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