Não é preciso dizer que ficaria muito feliz se o PIB (Produto Interno Bruno) Municipal de 2012, que será revelado nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentasse resultado extraordinário para a Província do Grande ABC. Por mais que o conceito do PIB seja objeto de críticas de especialistas, prevalecem vetores que elevam a autoestima na medida em que os dados são positivos.
Infelizmente, os números que virão, sobre a temporada de
Não vou entrar em detalhes técnicos sobre os motivos que lastreiam a interpretação que nos remete a nova baixa do PIB, depois da perda discreta de 0,47% na temporada de 2011. Já escrevi sobre alguns dados preliminares que sustentam a quebra do dinamismo regional, sempre condicionado, é bom que se lembrem, às deformações metodológicas do PIB.
O principal ponto é que em 2012 perdemos força em relação à temporada anterior no quesito-chave que dá força ao conceito de uma preliminar mais que respeitável do PIB -- no caso o Valor Adicionado registrado pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Se o Valor Adicionado de 2012 anunciado em meados do ano passado aponta que perdemos força quando confrontado com a temporada anterior e se na temporada anterior, 2011, perdemos tônus do PIB, não há escapatória à vista.
Preguiça declarada
Estou com preguiça de desfilar dados que lastreiem estas linhas. Tenho todos os dados possíveis, mas não pretendo rebocá-los agora. Jamais cometeria o pecado capital jornalístico de construir um enunciado sem bases sólidas. Já fiz projeção em outras ocasiões e agora este texto é apenas uma chamada de marketing para a matéria que pretendo escrever sexta-feira, quando vou analisar os resultados anunciados no dia anterior pelo IBGE.
Tomara que os números não sejam negativos como prevejo não porque tenha alguma mediunidade, mas simplesmente porque tenho curiosidade e alguma cota de discernimento para estabelecer a diferença entre crescimento e rebaixamento econômico.
A recuperação do PIB regional durante o governo Lula da Silva, em oposição ao desastre do governo Fernando Henrique Cardoso, foi consequência sobretudo do furor automotivo, presenteado pelo governo do ex-sindicalista e seus parceiros de montadoras de veículos. As facilidades de financiamento e os favores fiscais às montadoras permitiram boom de consumo também na atividade, como de resto em tantas outras.
Tecnicamente, a Província do Grande ABC cresceu uma barbaridade durante os oito anos já consolidados de dados do PIB. Nossa Doença Holandesa, de dependência extrema do setor automotivo, é uma maravilha durante o período de ventos favoráveis, de anabolizantes especiais, de injeções de adrenalinas consumistas.
Participação em queda
Contamos com cerca de 20% da produção de veículos no País. Não é pouca coisa, embora tenha sido mais e a tendência seja de ser menos a cada ano, porque o Custo ABC é um espantalho aos conglomerados capitalistas que não perdem a mania de comparar retorno de investimentos simplesmente porque ainda não inventaram um sistema econômico que desconsidere a remuneração do capital. A licença poética são os estatistas que acham que tudo pode ser resolvido sem as leis de mercado ou com as leis de mercado amordaçadas ou em conluio criminoso com as instâncias políticas que se apoderaram do Estado regulador e produtor.
Champanhe preparado
Vamos aguardar o anúncio do PIB dos Municípios brasileiros nesta quinta-feira. Vou estar com o champanhe preparado para festejar números positivos da Província mas acho mesmo é que a comemoração vai ficar para os festejos de fim de ano.
Caso seja confirmado novo mergulho do PIB regional, a pergunta que faço aos editores de jornais da região, impressos e digitais, é simples: vocês terão coragem para alçar à manchetíssima (manchete das manchetes de primeira página) o resultado anunciado ou vão dar um jeitinho para minimizar os possíveis estragos? Façam suas apostas, caros leitores.
Em situações anteriores, os editores recorreram à Síndrome de Avestruz. Eles acreditam, vejam só, que a melhor maneira de ajudar a colocar a economia da Província nos eixos é subestimar a inteligência dos leitores e surrupiar da manchetíssima a realidade dos fatos. Coisa da Província, como se sabe.
Já no meu caso, vou de manchetíssima em qualquer situação que se apresentará. Tomara que o PIB regional de 2012 tenha crescido pelo menos um tiquinho, como o PIB do Brasil neste 2014, como se anuncia. Mas, no fundo, no fundo, o melhor mesmo é que se registre novo vermelho de vergonha porque, quem sabe, assim, a turma do Assalta Grande ABC, do Festeja Grande ABC, do Dissimula Grande ABC e do Omita Grande ABC resolva fazer alguma coisa que não seja o nada de sempre.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)