Porque tem muito a esconder como empresário milionário do setor de construção civil e como presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC (também Clube dos Construtores e Incorporadores e Acigabc, Associação dos Construtores e Incorporadores), Milton Bigucci fugiu pela sexta vez consecutiva da entrevista a CapitalSocial. Foi a quarta fuga na versão “Entrevista Indesejada” e duas de “Entrevista Especial”, desde 2010. Nada mais natural: Bigucci está envolvidíssimo em vários escândalos.
O empresário e dirigente classista prefere dar um drible na democracia informativa de CapitalSocial. Sua assessoria de criminalistas é especialista em pinçar frases fora do contexto para levar este jornalista à Justiça e amordaçar a liberdade de imprensa. Qualquer semelhança com métodos bolivarianos não é simples coincidência.
CapitalSocial enviou nova bateria de perguntas a Milton Bigucci em 11 de novembro. Amanhã se completa um mês. O prazo de 15 dias para que respondesse foi esticado para permitir que não alegasse escassez de tempo, mas, principalmente, por mera formalidade, como nas vezes anteriores.
Milton Bigucci tem relacionamento seletivo com a Imprensa. Está sempre à disposição. Desde que as indagações sejam filtradas e nada que eventualmente o aborreça ganhe forma de interrogação. Poucos são os veículos de comunicação que ainda lhe dão guarida. E geralmente o fazem quando os interesses se casam. Como a divulgação de dados inconsistentes sobre o mercado imobiliário.
Escândalos omitidos
Não existe veículo de comunicação que tenha decidido questioná-lo sobre as estripulias em que se meteu, como no caso da Máfia do ISS em São Paulo, da máfia do Semasa em Santo André, das irregularidades denunciadas pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo e também do escândalo da licitação de área pública onde constrói o empreendimento Marco Zero.
Milton Bigucci é um prestidigitador de dados à frente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC. São vários os casos em que desfila números completamente inconsistentes. E o faz com o caradurismo típico de quem sabe que, por conta do poder econômico corporativo e também de um setor fortemente importante no mercado publicitário, encontrará sempre a mídia menos exigente a lhe lustrar as frases.
A crise do mercado imobiliário que se espalha na Província do Grande ABC, é assunto proibido no Clube dos Especuladores. Mais que isso: nas poucas oportunidades que se lhe oferecem para se manifestar sobre a situação na região, Milton Bigucci age com ares de triunfalismo. Só não revela que até mesmo os empreendimentos de sua corporação, a mais poderosa da região, passam por descompasso entre oferta e demanda. Tanto que ainda recentemente a página da Internet da MBigucci anunciava com destaque descontos especiais.
Manipulação de valores
A manipulação do preço do metro quadrado na Província do Grande ABC é orquestrada pelo Clube dos Especuladores com o suporte do silêncio, quando não do apoio, da mídia. Os números divulgados fogem completamente da realidade. Anunciam-se valores distantes da suprema lei da oferta e da procura.
O empreendimento Domo, no entorno do Paço Municipal de São Bernardo, é prova viva do descaso de Milton Bigucci com a sociedade consumidora de imóveis. Houve, como em outros empreendimentos, quedas extraordinárias dos valores inicialmente referenciados. Mas o dirigente do Clube dos Especuladores segue impávido a desfilar informações que conflitam com as forças do mercado.
O setor imobiliário sob os tentáculos de Milton Bigucci não se preocupa com ética. Um médico pediatra que atenda como médico oncologista pode perder o registro profissional. Um empresário que mente descaradamente não passa por nenhum tipo de constrangimento. Compradores de imóveis são geralmente marinheiros de primeira e última viagem enganados por interlocutores especialistas em artificializar dados.
CapitalSocial denominava até outro dia a Acigabc (Associação dos Construtores e Incorporadores) de Clube dos Construtores e Incorporadores. A mudança se deu por conta da facilidade de comunicação com os leitores. Clube dos Construtores e Incorporadores é uma expressão a reboque de outro clube, o Clube dos Prefeitos do Grande ABC, oficialmente Consórcio Intermunicipal de Prefeitos. Ao adotar Clube dos Especuladores Imobiliários, CapitalSocial segue a nova política editorial: manterá a marca até que a entidade presidida por Milton Bigucci apresente estatísticas sérias sobre o comportamento do setor, principalmente com o suporte de auditoria independente.
Retaliação persistente
Uma leitura atenta de “Entrevista Indesejada” preparada por CapitalSocial e desdenhada novamente por Milton Bigucci revela que uma nova ação criminal do milionário empresário em nome do Clube dos Especuladores Imobiliários contra este jornalista tem o mesmo viés de ação criminal pessoal do empresário: fazer a Justiça acreditar que as críticas à atuação de um empresário metido em vários escândalos e a inutilidade histórica da entidade que dirige há 25 anos são uma perseguição implacável. Velharias políticas de direita e esquerda utilizam-se de argumentação semelhante para cercear o direito à critica jornalística.
Na verdade, Milton Bigucci se faz de dissimulado porque atua num ramo de atividade extraordinariamente importante para o equilíbrio de orçamentos familiares e como tal tem responsabilidades sociais muito acima de dirigentes de outras associações, como a dos passarinheiros, por exemplo, completamente fora do foco jornalístico de CapitalSocial.
Quando instala o mercado imobiliário entre os setores mais relacionados à qualidade de vida da sociedade Milton Bigucci dá a exata dimensão da atividade. Mas nega essa mesma importância no tratamento da mídia independente. O milionário empresário procura no Judiciário uma brecha semântica descolada de textos historicamente produzidos por CapitalSocial.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)