Economia

Província patina de novo e perde
mais importância no PIB do G-20

DANIEL LIMA - 18/12/2014

A Província do Grande ABC perde cada vez mais importância econômica no G-20 Paulista, o grupo dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital, esquadrinhado por esta revista digital. A participação do PIB dos cinco municípios locais que integram o G-20 é cada vez menor. Caiu 28,88% desde 1999. Isso quer dizer que de cada R$ 100 gerados em riqueza nos municípios listados, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Diadema encolheram um quarto em 13 anos. Quando se acrescentam Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que integram a Província mas estão fora do G-20, a diferença cai para 25,07%.

 

A tradução desses números é simples: estamos perdendo cada vez mais competitividade ante os territórios mais industrializados do Estado. E a tendência é de agravamento do quadro. Dependemos demais do setor automotivo que, ao que tudo indica, será ainda mais competitivo e, portanto, mais indigesto à região, por causa dos custos elevados em relação a outros territórios. Não à toa as montadoras locais condicionam novos investimentos a reconfigurações trabalhistas, eufemismo de desemprego tecnológico.

 

Dos 20 municípios listados, nove registraram PIB Geral positivo em 2012, dos quais apenas São Caetano como integrante da Província. São Bernardo foi o mais afetado, com queda de 11,11%. Os dados divulgados na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) são os mais atualizados para os municípios brasileiros e foram sistematizados por CapitalSocial, que mantém política editorial de, mais que noticiar, analisar os fatos.

 

Os sete municípios da Província registraram queda de 5,61% quando se aplica o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado) do IBGE, resultado do crescimento nominal de apenas 0,09% entre 2011 e 2012, contra inflação de 5,84%. Já os demais integrantes do G-20 alcançaram número positivo: houve crescimento nominal entre 2011 e 2012 de 6,37%, contra 5,84% da inflação.

 

Queda preocupante

 

A participação relativa da Província do Grande ABC no G-20 Paulista atingia 34,17% do total dos demais integrantes do grupo em 1999. Eram R$ 26.884,25 bilhões contra R$ 78.668,92 bilhões. Já em 2012, houve rebaixamento para 25,07%: aos R$ 87.212,19 bilhões da Província, os 15 municípios extra-região do G-20 acumularam R$ 347.792,63 bilhões. No período analisado, o crescimento nominal, sem considerar a inflação, da Província do Grande ABC foi de 224,40%. Já os demais integrantes do G-20 apresentaram crescimento médio de 342,01%. Isso significa que a velocidade de crescimento do PIB Geral do G-15 no interior do G-20 foi 34,39% superior ao da Província do Grande ABC.

 

Essa é uma toada que, mais que se manter constante ao longo dos anos, tem-se tornado cada vez mais acelerada. Não reagimos porque a institucionalidade regional está em frangalhos. Prevalecem em larga escala velhacos em postos chaves do setor público e de representações de classe. Aqueles que ousam reagir são retaliados em nome da mediocridade generalizada.

 

A situação da Província do Grande ABC poderia ter sido ainda mais incômoda no balanço de 13 anos que separam o PIB Geral de 1999 e o de 2012 se a indústria automotiva não colhesse crescimento avassalador. Com participação relativa de 20% no mercado de veículos de passeio e comerciais, a Província do Grande ABC nadou de braçadas durante vários anos de consumismo verde e amarelo.

 

Por isso São Caetano e São Bernardo protagonizaram os melhores índices da região na geração de riqueza medida pelo PIB Geral. São Caetano cresceu nominalmente 318,64% no período, enquanto São Bernardo registrou 231,83%. Santo André (203,73%) e Diadema (204,47%) vieram em seguida mas sem grande destaque. Mauá, que completa o grupo da Província no G-20, cresceu nominalmente apenas 177,06% no período, um dos piores índices do agrupamento.

 

Guarulhos aumenta vantagem

 

Guarulhos, na Grande São Paulo, continua a liderar o ranking do PIB do G-20, como na primeira edição dos estudos com base nos resultados de 1999. Naquela temporada, a diferença que separava Guarulhos de São Bernardo, Capital Econômica da região e quarta colocada no ranking, era de apenas 2,5%. Já em 2012, a vantagem subiu para 23%. A diferença entre os dois municípios é que São Bernardo segue dependente demais do setor automotivo, que sofreu duros reveses em 2012 por conta da perda de produção de caminhões e ônibus, enquanto Guarulhos conta com setor industrial mais diversificado e, portanto, menos sujeito a sazonalidades setoriais.

 

Um confronto entre São Bernardo e Osasco é ainda mais emblemático sobre a distância que separam dois municípios ao longo dos anos. Em 1999, o PIB Geral de Osasco (PIB Geral envolve todos os setores de atividades) era apenas metade do PIB de São Bernardo. Já em 2012, beneficiado pelo traçado oeste do Rodoanel que incrementou o setor de serviços, Osasco sustenta vantagem de 12,78%. Uma reviravolta e tanto. O PIB Geral de Osasco estava praticamente empatado com o de Santo André em 1999. Em 2012 é mais que o dobro.

 

Acompanhem o ranking do PIB Geral do G-20 Paulista, levando-se em conta os números finais de 2012, o crescimento ou a queda dos municípios naquela temporada e também o acumulado registrado desde 1999. 

 

1. Guarulhos – PIB de R$ 44.670,72 bilhões, com crescimento nominal de 2,74% sobre 2011 e de 315,00% desde 1999.

2. Campinas – PIB de R$ 42.766,02 bilhões, com crescimento nominal de 5,53% sobre 2011 e de 331,20% desde 1999.

3. Osasco – PIB de R$ 39.198,93, com queda nominal de 0,02% sobre 2011 e crescimento de 642,00% desde 1999.

4. Santos – PIB de R$ 37.722,53 bilhões, com crescimento nominal de 19,58% sobre 2011 e de 685,76% desde 1999.

5. São Bernardo – PIB de R$ 34.185,28 bilhões, com queda nominal de 5,92% sobre 2011 e crescimento de 231,83% desde 1999.

6. Barueri – PIB de R$ 33.075,59 bilhões, com crescimento nominal de 3,57% sobre 2011 e de 266,19% desde 1999.

7. São José dos Campos – PIB de R$ 28.08910 bilhões, com crescimento nominal de 11,41% sobre 2011 e de 188,38% desde 1999.

8. Jundiaí – PIB de R$ 23.712,62 bilhões, com crescimento nominal de 8,74% sobre 2011 e de 394,10% desde 1999.

9. Ribeirão Preto – PIB de R$ 20.300,80 bilhões, com crescimento nominal de 9,74% sobre 2011 e de 311,55% desde 1999.

10. Sorocaba – PIB de R$ 19.019,10 bilhões, com crescimento nominal de 6,18% sobre 2011 e de 305,38% desde 1999.

11. Santo André – PIB de R$ 18.085,14 bilhões, com crescimento nominal de 2,38% sobre 2011 e de 203,73% desde 1999.

12. São Caetano – PIB de R$ 12.620,62 bilhões, com crescimento nominal de 7,29% sobre 2011 e de 318,64% desde 1999.

13. Piracicaba – PIB de R$ 11.887,39 bilhões, com crescimento nominal de 2,79% sobre 2011 e de 299,92% desde 1999. 

14. Diadema – PIB de R$ 11.645,57 bilhões, com queda nominal de 0,12% sobre 2011 e crescimento de 204,47% desde 1999.

15. São José do Rio Preto – PIB de R$ 10.738,22 bilhões, com crescimento nominal de 10,35% sobre 2011 e de 284,37% desde 1999.

16. Paulínia – PIB de R$ 9.749,77 bilhões, com crescimento nominal de 19,06% sobre 2011 e de 238,27% desde 1999.

17. Mogi das Cruzes – PIB de R$ 9.737,24 bilhões, com crescimento nominal de 0,09% sobre 2011 e de 339,41% desde 1999.

18. Taubaté – PIB de R$ 9.429,90 bilhões, com queda nominal de 3,35% sobre 2011 e crescimento de 298,88% desde 1999.

19. Mauá – PIB de R$ 7.863,73 bilhões, com crescimento nominal de 3,01% sobre 2011 e de 177,06% desde 1999.

20. Sumaré – PIB de R$ 7.812,31 bilhões, com queda nominal de 3,34% sobre 2011 e crescimento de 374,55 desde 1999. 



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