Parcelas do Festeja Grande ABC e do Assalta Grande ABC perderam o sono com o escândalo da Petrobras e suas ramificações locais. Vou revelar nesta quinta-feira o que se passa com uma determinada empresa da região que caiu nas malhas da Operação Lava Jato e o que isso poderá representar de complicações ao entorno de exploradores.
Como se sabe, Festeja Grande ABC é a turma que participa diretamente do Assalta Grande ABC. E o Assalta Grande ABC está localizado principalmente em instâncias municipais públicas. Eles deitavam e rolavam na região sem a menor cerimônia – até que emergiram revelações do escândalo da Petrobras. Agora estão em alerta. Mas isso não exclui a possibilidade de continuarem a agir, embora com mais cautela. O bolso é fraco e profundo.
Vou fazer suspense com esse caso porque também tenho o direito de exercer minha porção hitchockiana de manter e aumentar a audiência. Como todos sabem ou deveriam saber, não sou o Theo Pereira da novela das nove, freneticamente em busca do que chama de clicks. O personagem de Paulo Betti é obra de ficção do Agnaldo Silva, autor da telenovela da Globo. Agnaldo Silva retrata com exageros mas sem fugir ao verossímil a atuação de blogueiros do mercado de espetáculos, eufemismo para o mundo das fofocas e escândalos íntimos envolvendo celebridades ou pretensas celebridades. Theo Pereira, como já escrevi neste espaço, é o jornalista de que a Província prescinde para que seja retratada com certo escracho. Nada melhor. É preferível o escracho restaurador e revelador à lambeção provinciana das colunas sociais de salamaleques.
Estragos no entorno
Mas, voltando à imensa pedra que surgiu no caminho daqueles que se achavam acima do bem e do mal na Província do Grande ABC, é certo que o que pode estourar deverá causar muitos estragos. Nenhuma organização ingressa na lista negra da Operação Lava Jato se não reunir passivos. E quem entra na lista negra da Lava Jato carrega uma imensidão de parceiros. São esses parceiros que andam inquietos.
Sei que não faltarão especulações sobre o artigo no qual vou inserir oficialmente a Província do Grande ABC na mobilização investigativa da Polícia Federal e do Ministério Público. É exatamente por isso que preferi escrever este texto como espécie de chamada especial da programação.
Certo, mas certo mesmo, é que além da empresa que vou revelar oficialmente como centro difusor do estresse continuado, quando não desesperador, das repercussões locais sobre as investigações da força-tarefa do Lava Jato, a situação não exclui outras corporações e outros agrupamentos do Festeja Grande ABC e do Assalta Grande ABC.
Repercussão saudável
A expectativa de quem espera e torce por uma Província do Grande ABC que um dia volte a ser Grande ABC de verdade é que a Operação Lava Jato estimule autoridades policiais e ministeriais da região a atuarem com mais rigor e independência ante os mandachuvas e mandachuvinhas que deitam e rolam há muito tempo e nada, absolutamente nada, lhes acontece.
Sabe-se que há operações da Polícia Federal na região. Minhas fontes não são fontes furadas. Entretanto, os delinquentes locais são tão sortudos – ou paradoxalmente eram até outro dia – que o estouro do caso Petrobras acabou por centralizar imenso efetivo da elite daquela corporação. Isso significa que o fluxo de desvendamentos das falcatruas locais sofreu perda de dinamismo, mas nada que aponte à desativação das bases.
A inclusão de uma empresa com atuação na região entre os bambas que patrocinaram falcatruas na Petrobras talvez até ofereça ganhos de escala na retomada do ritmo das investigações da Polícia Federal. O que não falta na região em matéria de trambicagens é a associação entre membros do Assalta Grande ABC e do Festeja Grande ABC. Eles quase que monopolizam a produção de pilantragens regionais.
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