Daqui a pouco a revista digital CapitalSocial vai cumprir o que prometeu sobre o escândalo do monotrilho (Escândalo do monotrilho une Marinho, Bigucci e outros especuladores) com segunda matéria de uma série que vai longe. Vamos mostrar o que chamo de dissimulação institucional do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC, oficialmente denominado Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) comandado há mais de duas décadas por Milton Bigucci, empresário denunciado pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo como campeão regional de abuso contra a clientela. Fosse este jornalista mais cortante e agressivo na medida certa, “dissimulação” seria substituída por “vigarice”.
É mais que provável que o milionário Milton Bigucci vai se enfurecer com a nova informação que prestaremos à sociedade, mas o que se há de fazer se o mercado imobiliário, dito por ele mesmo, é muito importante. E diríamos nós: tão importante, mas tão importante, que não pode servir de biombo protetor, quando não incentivador, à especulação despudorada em detrimento da sociedade.
Não à toa chamo a entidade de Clube dos Especuladores Imobiliários. Trata-se, acreditem, de um gesto de solidariedade e apoio aos empresários do setor que, em larga maioria, não constam da relação de filiados daquela entidade simplesmente porque não querem ver as marcas de suas organizações contaminadas por ações obscuras.
Duplo significado
Este texto -- e tantos outros que escrevo sobre o Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC -- tem pelo menos duplo significado. O primeiro, como já expus, é um gesto de associativismo moral e ético aos empresários com responsabilidade social que formam um setor tão importante ao desenvolvimento econômico e social. O segundo significado é que Milton Bigucci, na arrogância que o caracteriza, ainda não entendeu ou se faz de desentendido, que jamais conseguirá me calar, porque jornalismo é a essência de minha vida. Responderei a cada ação judicial que mover contra mim com o aperfeiçoamento permanente da bateria de matérias que desnudarão sua perniciosa participação no mercado imobiliário.
Não adianta Milton Bigucci recorrer ao Judiciário com as mentiras inteiras e as meias verdades de sempre, porque não faltará um espaço de legalidade que possibilitará distinguir um quadrilheiro empresarial e um farsante institucional de um jornalista independente.
Bigucci tem horror a qualquer crítica que atinja sua atuação empresarial e também suas lambanças institucionais, considerando-as ofensas pessoais. Um ardil típico de quem não suporta o próprio peso de incompetência em lidar nas duas frentes. Esquece-se ele que justamente por ser empresário de destaque que comanda uma entidade de classe há tanto tempo insere-se perfeitamente no conceito de agente público a quem a Justiça, se bem instrumentalizada, jamais poderá negar guarida à premissa de liberdade de imprensa. Sobretudo quando a liberdade de imprensa é exercitada com responsabilidade.
Aguardem que daqui a pouco vamos apresentar mais um capítulo de uma vergonhosa encenação do Clube dos Especuladores Imobiliários. Nada que surpreenda, mas que também não deixa de provocar indignação.
Total de 1884 matérias | Página 1
13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)