Imprensa

Não aceito juiz sob suspeição
decidindo agressão de Bigucci

DANIEL LIMA - 25/06/2015

Escrevi ainda outro dia nesta revista digital um texto aparentemente hermético sobre o comportamento de um magistrado. Na verdade, não escrevi aquele texto na data que consta desta publicação. Foi bem antes. Vou resgatar a origem e as razões que me levaram primeiro a adiar a publicação daquele texto e segundo a publicá-lo sem maiores explicações, como se fosse mensagem cifrada.


 


Vou tratar com meu advogado da divulgação dos detalhes do absurdo que vivi numa audiência no Fórum de Justiça de Santo André tendo do outro lado de disputa, claro, o inefável e quadrilheiro Milton Bigucci, dono do conglomerado MBigucci. 


 


O que Milton Bigucci praticou naquela tarde com a concordância do meritíssimo foi de uma estupidez tão completa que custei a acreditar. Por isso requeremos, eu e meu advogado, a suspeição do magistrado.


 


Não vou me alongar sobre aquele texto e tampouco sobre aquela tarde em que houve uma combinação perfeita de afoiteza, desfaçatez, descuido e também de desprezo ao legitimo processo legal. Uma barbaridade de atropelamento dos dispositivos constitucionais.


 


E tudo por que, saibam os leitores, Milton Bigucci se sentiu mais uma vez ofendido (como ele é atacado, Santo Deus!) porque este jornalista não faz do Clube dos Especuladores Imobiliários um símbolo de eficiência, ética e moralidade. Aliás, está à altura de seu eterno presidente.


 


Mais explicitude


 


E olhem que ao ingressar com nova queixa-crime contra este jornalista, agora, repito, em nome da tal Acigabc -- campo de manobras espúrias que envergonha a classe dos empresários do setor imobiliário -- ainda não tinha tido a iniciativa de chamar aquela entidade de Clube dos Especuladores Imobiliários, expressão que simboliza tão bem aquela inutilidade quanto a inventividade de Juca Kfouri que chama a CBF de Casa Bandida do Futebol.


 


A bandidagem que se pratica no Clube dos Especuladores Imobiliários é de outro perfil, é de constante desrespeito ao próprio estatuto com que foi concebido no final dos anos 1980. Basta ler o material que consta do site do clube. A sociedade é apenas massa de manobra de ilegitimidades escandalosas. Estou pronto a confirmar tudo isso a qualquer magistrado que venha a ser convocado pela agressividade e intolerância de Milton Bigucci.


 


Confesso que não preparei deliberadamente a armadilha na qual tanto Milton Bigucci quanto o magistrado caíram espetacularmente naquela audiência surreal. Somente o decorrer daquele encontro, de hostilidade total do juiz da Vara Criminal de Santo André, e, principalmente, o atestado comprobatório de que o ambiente que enfrentei não foi obra do acaso, me deram a certeza de que eles tomaram como ofensa algo que escrevi sem a menor intenção de desdenhar daquela audiência. Mas reagiram da pior maneira possível. O advogado Alexandre Frias tratou de retratar aquela audiência na manifestação oficial em que requere, entre outros pontos, a suspeição do juiz.


 


Tratamento desigual


 


A artimanha de bastidores preparada por Milton Bigucci foi inequivocamente abraçada pelo juiz de Direito em questão. Sei que levar ao público esse desvio de equidade no tratamento das partes, uma premissa inviolável da Justiça, pode me causar problemas futuros, da mesma forma que há na praça gente do Ministério Público que não me perdoa porque não me alinhei à tese furada sobre a conexão da morte do então prefeito Celso Daniel com supostos casos de propina. Mas querem saber de uma coisa: acho que a informação é um bem são sagrado que não pode ser sufocada. Aquele texto, que reproduzo no link abaixo, será, portanto, devidamente explicado.


 


Não posso ser julgado por alguém que, em todos os momentos da audiência, via diante de si não um inocente revelador de verdades indesejáveis, mas um criminoso que ousou escrever no mesmo dia daquela convocatória que preferia estar com suas duas cachorras a ter de encarar Milton Bigucci. Aliás, se há um erro que cometi foi ter feito comparação tão idiota, porque Lolita e Luly são companhias tão agradáveis e reconfortantes que não mereciam ser colocadas num embate com alguém do perfil daquele mandachuva. Tenho todo o direito do mundo de escolher minhas companhias, da mesma forma que sou obediente o suficiente (vejam minha ficha como servidor do Exército!) para encarar protagonistas mambembes de atividades públicas como Milton Bigucci como uma obrigação apenas formal.


 


Esperem que contarei em detalhes a operação que tentou me desestabilizar emocionalmente durante a audiência. Eles não conseguiram. Talvez, como na novela das nove, tenha faltado uma garrafinha de água milagrosa.


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