Imprensa

Quando vou voltar a chamar
Província de Grande ABC?

DANIEL LIMA - 13/07/2015

Isso é pergunta que se faça, mesmo que quem a faça seja exatamente quem pretende respondê-la? Pois esse é um compromisso que assumo publicamente. Vou deixar de chamar o Grande ABC de Província do Grande ABC. Vou deixar mesmo. Mas faço um adendo do qual não abrirei mão. Trata-se do seguinte: quanto sentir que a região está se encaminhando de verdade para novos tempos, novos tempos de fato, tempos em que a gente sente que não tem nada a ver com o passado que é presente, quando sentir isso, juro por todos os juros que Província do Grande ABC só constará desta revista digital como acervo do material já produzido.

Tomo a iniciativa de perscrutar em quantas matérias aqui editadas a expressão Província do Grande ABC ganhou vida. Foram exatamente 976 artigos. Ou seja, estou bem perto do milésimo Província do Grande ABC. Uma marca nada honrosa. Não para mim, mas para a sociedade em geral, dispersa, negligente e permissa, entre outras constatações inclusive mais acachapantes.

Engana-se, entretanto, quem imagina que a expressão Província do Grande ABC ganhou corpo e alma somente a partir de 18 de julho de 2011, data na qual defini que, a partir dali, não identificaria mais em meus textos a marca Grande ABC. Completara-se naquele 18 de julho nada menos sete anos desde que perdera meu pai. Estava provavelmente mais reflexivo que nunca. O contraponto do comportamento extraordinariamente exemplar do velho Gabriel com o desperdício de talentos da região foi o detonador daquele processo, antecipadamente aprovado pelo Conselho Editorial desta publicação.

Um homem que se reinventou, que passou da condição de rico à de retirante do Interior de São Paulo com meia dúzia dos filhos na boleia de um caminhão, tudo para reconstruir a vida aos 45 anos, não era um homem qualquer. Como jamais o foi. Aliás, quem conheceu seu Gabriel deveria entender o que se passa com este jornalista quando desafiado pelos bandidos da praça. Mas essa é outra história.

Mais esperança

Tenho mais esperança do que uns tempos atrás de que a Província do Grande ABC pode ter os dias contados, mas não vou facilitar essa transposição com autoengano. Quem provocou o batismo que trate de cancelar o batismo. Quando sentir que eventual retomada institucional desta região não é fogo de palha marquetológico, ou de apenas algumas instâncias que há muito tempo dormem em berço esplêndido, quando sentir que a mudança é para valer mesmo, tratarei de aposentar a marca Província do Grande ABC, parente muito próxima do gataborralheirismo com que também defini este espaço social de quase três milhões de pessoas.

Só não me utilizo de “Província do Grande ABC” nas reportagens que produzo para o Diário do Grande ABC. Trata-se de obediência ao manual de Redação daquela publicação. Mas nada me impede que, na coluna específica em que assino naquela publicação, use a expressão, embora a tenha evitado voluntariamente.

Talvez um aventureiro qualquer ou os improdutivos conhecidos e mesmo pouco conhecidos não tenham o direito ético de utilizar-se da expressão Província do Grande ABC, porque o fariam para dissimular a inapetência para participar do jogo de transformações de que tanto precisamos. Mas quando gente comprometida lança mão da expressão, acreditem todos que fico imensamente feliz.

Indícios aparecem

Acredito que é do choque de realidade que saltaremos para transformações. Ainda falta muito para a Província do Grande ABC ganhar um espaço fora do quarto de despejos de quinquilharias institucionais. Mas não se pode negar que há alguns indícios de que talvez a situação se altere. A nova postura editorial do Diário do Grande ABC possivelmente apressaria reenquadramentos.

Torço e procuro colaborar para tanto. Mesmo que a cegueira de alguns confunda as coisas e considerem que aproximação com uma sacola imensa de propostas reformistas seja cooptação. Como se este jornalista submetesse os princípios que sempre o levaram a produzir cada parágrafo de seus textos a oportunismos típicos dos desavergonhados.

No link abaixo, leiam o texto que originou a decisão de chamar o Grande ABC de Província do Grande ABC.