Imprensa

Que nota histórica daria ao Diário do
Grande ABC? É o que querem saber

DANIEL LIMA - 15/07/2015

Só porque perguntei -- minha função é principalmente perguntar no programa de Webtv do Diário do Grande ABC -- qual a nota histórica que os jornalistas Sérgio Vieira e Ademir Médici dariam àquela publicação, leitores me criticam porque não expressei, além da indagação, também uma posição métrica. Traduzindo em miúdos: eles, os leitores, acham que fiquei em cima do muro.


 


Vou responder à provocação da melhor forma possível; mas antes vou dizer que irei além. Também darei uma nota histórica à revista LivreMercado, a qual criei e dirigi durante quase duas décadas. Sempre lembrando que o Diário do Grande ABC é o veículo de comunicação mais importante da região, embora o melhor, disparado ao longo dos tempos, tenha sido justamente a revista LivreMercado. Mas nem por isso foi perfeita, é claro. Havia descaminhos fora do centro de gravidade da Redação que levaram-me a ser mais realista que o rei na condução do produto editorial. Daí a nota média histórica não ser maior.


 


Sobre a nota de zero a 10 que o Diário do Grande ABC mereceria sob meu ponto de vista, digo de cara que tanto o diretor de Redação do jornal, Sérgio Vieira, quando o jornalista e memorialista Ademir Médici, foram bastante generosos. Nenhum veículo de comunicação merece tanto. Nem o Diário, nem o Estadão, nem a Folha, nem nenhum. Nem mesmo o New York Times, que já cometeu barbeiragens tremendas.


 


O fato de Ademir Médici e Sérgio Vieira terem atribuído nota 10 ao Diário do Grande ABC deve ser respeitado tanto quanto a nota que vou atribuir àquela publicação. Compete aos leitores julgarem, se assim o entenderem, as razões de cada um. Seria simples acompanhar aqueles dois profissionais de jornalismo regional, mas não o farei porque não é esse meu sentimento. E não abro mão dos meus sentimentos -- muitos dos quais escrutinados pela experiência em redações. São 50 anos de jornada.


 


Revista nota oito


 


Antes de dar a nota de atuação histórica do Diário do Grande ABC vou atribuir nota à revista LivreMercado.  Do ponto de vista editorial, de coerência, de continuidade, de responsabilidade social, de tudo que se imaginar de um veículo sem grandes amarras, a nota oito é o melhor encaminhamento. Não à toa, diria, que o recado que mais ouço quando encontro com leitores daquela publicação é sobre a possibilidade de retomá-la. Dependendo das circunstâncias do encontro, respondo com um sorriso, à vezes com silêncio, outras vezes agradeço pelo reconhecimento, e tantas outras fico chocado porque tem gente que menciona o Prêmio Desempenho como sinônimo daquela publicação. Nada mais impreciso. LivreMercado não era uma festa que se realizava duas vezes por ano, durante 15 anos. Era um compromisso com a sociedade regional. E dava um show de bola em qualidade editorial jamais vista e repetida durante tanto tempo. Os arquivos antológicos estão aí para serem perscrutados. Eu e minha equipe demos um banho de jornalismo. Sei que tem gente que não gosta de suposta falsa modéstia. Que posso fazer se a equipe, que poucas alterações sofreu ao longo dos tempos, era boa mesmo?


 


Goleadas comprometedoras


 


Agora, sobre o Diário do Grande ABC, publicação na qual desenvolvo função de colunista crítico do próprio jornal e também de consultoria redacional, além do programa Diálogo Aberto, a nota média que gravo, de zero a 10, é cinco. Poderia escrever quilômetros de textos para explicar a mensuração, mas sintetizo em dois pontos, razão nuclear de a nota média não ultrapassar a marca mencionada: o jornal sofreu duas goleadas tipicamente de Alemanha versus Brasil em semifinal de Copa do Mundo.


 


O primeiro 7 a 1 foi a equidistância editorial, quando não o incentivo e o compadrio, com improdutividades generalizadas da casta de dirigentes de entidades que pouco fizeram e fazem pela regionalidade. A segunda foi a repetida cantilena, só agora interrompida para valer de forma programática, de que a Província do Grande ABC não sofria (e continua a sofrer) processo degenerador de desindustrialização. Mais que negar a desindustrialização, o Diário do Grande ABC e os demais veículos de comunicação da região (exceto LivreMercado e este CapitalSocial) embalaram as declarações, os estudos fajutos e tudo o mais que procuraram negar o inegável.


 


A importância histórica inegável do Diário do Grande ABC para esta comunidade de agora quase três milhões de habitantes não é um salvo-conduto à idolatria. A Província do Grande ABC ficaria órfã de institucionalidade se o Diário do Grande ABC viesse a desaparecer num contexto em que a mídia impressa ainda dita as regras de credibilidade mesmo quando comete as maiores barbeiragens da praça. 


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