Economia

Somos suprassumos do mercado
imobiliário? Quem acredita nisso?

DANIEL LIMA - 17/07/2015

O Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC (Acigabc) ainda não divulgou o balanço agregado de abril, maio e junho deste ano. O Secovi, que dá guarida moral, ética e financeira ao clube dirigido pelo quadrilheiro Milton Bigucci, já atualizou dados até maio deste ano, porque o faz mensalmente. Da última vez que veio a público para divulgar dados da entidade, no mês passado, sobre o primeiro trimestre deste ano, Milton Bigucci cometeu as barbaridades de sempre. Manipulou descaradamente a realidade, quer com imprecisões, quer com manejos heterodoxos.


 


Acompanhem mais este texto e eliminem qualquer eventual sombra de dúvida sobre o trabalho jornalístico que presto à sociedade muito, mas muito acima de eventuais rusgas com aquele transgressor até outro dia festejado pela mídia em geral e de uns tempos para cá apenas ocupante de espaços de mídias descuidadas.


 


No mais recente informe do Clube dos Especuladores Imobiliários o presidente Milton Bigucci cometeu o crime de lesa-credibilidade ao enfatizar que os resultados do primeiro trimestre deste ano foram melhores que os do ano passado. Sem uma planilha sequer fundamentada em fatos, Bigucci disse aos distintos incautos que houve aumento de 171,8% no número de lançamentos. Escondeu o quanto pode que teria havido queda de vendas de 21,59% de unidades no mesmo período, em contraponto a janeiro-março do ano passado. O cálculo deveria ser outro. A economia destes tempos sombrios requer referenciais menos espaçados e sobretudo sequenciais, de trimestre anterior e trimestre posterior.


 


Queda muito maior


 


A queda no mercado imobiliário da região foi de 36,5% quando se confronta a média mensal do trimestre deste ano (1.059 unidades divididas por três meses dá exatamente 353 unidades ao mês) e a média mensal do ano passado, de 556 unidades vendidas. Dada a degringolada da economia, quando sair o resultado do segundo trimestre os dados deverão ser catastróficos. Quem tem coragem de investir em imóveis com os juros às alturas, com a Província automotiva pegando fogo e com os estoques nem sempre bem dimensionados provocando queimas típicas de encalhes?


 


Sempre deixo claro aos leitores que, quando me refiro aos dados do Clube dos Especuladores Imobiliários, mantenho fundas ressalvas de que sejam artificializados tanto por interesses mercantis como por esqualidez técnico-investigativa. O clube de Milton Bigucci não conta com infraestrutura de recursos humanos para desenvolver nada que possa ser levado a sério quando se trata de fotografar o mercado imobiliário regional.


 


Desta forma, textos vinculados aos dados daquela entidade, se assim pode ser chamado um reduto de poucos e sem representatividade da classe, são sempre uma licença poética deste jornalista. Dou-lhes certa credibilidade, entre aspas, apenas para construir linhas de raciocínio. Nada mais que isso.


 


Trambicagem estatística


 


Fico muito encafifado ao comparar dados da Província com os da Capital porque há cheiro de trambicagem estatística que invade a alma de quem preza pela segurança de informação.


 


Por exemplo: se na temporada de 2014 a média mensal de unidades novas vendidas na Capital foi de 1,8 mil, contra 556 unidades da Província do Grande ABC (vantagem de 69% para a Capital), por que ao se comparar a média dos primeiros três meses deste ano de vendas na região (353 imóveis novos por mês) com os números mais recentes de São Paulo (de maio, num total de 2.185 unidades) a distância aumenta para 83%%, 8% e o Clube dos Especuladores Imobiliários diz que estamos em melhor situação no mercado? Entre a média anual de 2014 e a média do primeiro trimestre deste ano sofremos uma queda de 36,5%.


 


Também vale a pena refletir sobre o estoque de imóveis novos na Província do Grande ABC e na Capital ao final do ano passado. A região contava com 2.760 unidades à espera de compradores, enquanto a Capital registrou 27.255, elevando para 28.118 unidades em maio. 


 


Quando se compara o estoque da Capital com a média mensal de vendas de unidades (2.149 em maio, dados mais atualizados) e também o estoque da Província (2.534 ao final do primeiro trimestre deste ano) com a média mensal de vendas, salta à vista a disparidade de valores relativos: São Paulo, praça muito mais dinâmica que a Província, precisará de 15,14 meses para zerar o estoque atual, enquanto o Clube dos Especuladores registra que não precisaremos de mais que 4,96 meses para liquidar com o encalhe regional


 


Top de gestão regional


 


Como a velocidade média de vendas é muito mais dinâmica na Capital, das  três alternativas, escolha uma: as incorporadoras que atuam na Capital não têm o menor controle sobre lançamentos, produção e vendas; as incorporadoras que atuam na Província dão um show de encaixe nos três critérios; ou o Clube dos Especuladores Imobiliários é tão mal preparado em informações que acaba por confessar o crime em detalhes que passam ao largo para a maioria dos consumidores de informação. 


 


Sugeriria ao Estadão, que promove anualmente o Top Imobiliário, a inclusão entre as categorias homenageadas algo como excelência em gestão imobiliária regional, a qual implicaria num show de bola envolvendo o tripé formado por lançamento-produção-venda. A Província vai arrebatar a modalidade com os pés nas costas. Ou, então, o Clube dos Especuladores Imobiliários será devidamente desmascarado fora desse espaço jornalístico que só os idiotas juramentados acreditam que seja direcionado a picuinhas extra-jornalísticas.


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