Já está na rede mundial de computadores, no endereço eletrônico do Diário do Grande ABC, a segunda edição do programa Diálogo Aberto, que debate questões regionais com a mediação deste jornalista. Quem acessar o site do jornal vai encontrar o empresário do setor de varejo, Gilberto Wachtler, e o sindicalista Cícero Martinha da Silva. O primeiro encontro reuniu os jornalistas Sérgio Vieira e Ademir Médici, que expuseram ideias sobre o Diário do Grande ABC, sobretudo após o lançamento do projeto sumarizado na Carta do Grande ABC, publicada na edição de 11 de maio último daquele jornal.
Na semana que vem os debatedores que estarão frente a frente com os internautas são José Batista Gusmão e Filipe dos Anjos Marques. Representantes do setor empresarial de Santo André e de Diadema, o primeiro é integrante do Conselho Superior da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) e o segundo foi presidente e membro do Conselho Superior da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Diadema).
O encontro entre Martinha e Gilberto Primavera Wachtler foi surpreendente porque eles proferiram frases que estão longe do corporativismo. Se é verdade que não chegaram a engatar uma disputa mais acirrada em defesa do capital e do trabalho, Gilberto Primavera Wachtler e Cícero Martinha da Silva se mobilizaram para marcar terreno. Quem acessar o site do Diário do Grande ABC terá a oportunidade de acompanhar lances interessantes.
Formato instigante
O formato do Diálogo Aberto é uma grande novidade na praça de comunicação da região, seja qual for a plataforma. O modelo mais comum é de entrevista de um personagem da vida regional. Colocar face a face dois espectros diferentes significa o mesmo que um convite a uma briga intelectual.
Quem acha que o mundo conservador de confluências consensuais é a melhor maneira de chegar a um futuro melhor do que o presente provavelmente não se deu conta ainda de que embates são peças preciosas no mosaico de construção de novos tempos. Um dos grandes equívocos do Fórum da Cidadania foi estender demais o mote de consensualidade. Chegou-se ao paroxismo da discórdia irreparável.
Entrevistas nas quais vicejam a consensualidade geralmente politicamente corretas não levam a grandes transformações, da mesma forma que a distribuição de catiripapos verbais sem consistência técnica e cultural promove a interdição da estrada da construtividade crítica.
Capital versus trabalho
Por isso o encontro entre Wachtler e Martinha se tornou bastante interessante, por mais que tenham confluído em maior margem ao encontro das águas. No bloco final do programa de uma hora dividido em três partes afloraram declarações que colocaram fogo no paiol do convencional.
A expectativa é de que Filipe dos Anjos Marques e José Batista Gusmão vão encontrar um palco para exibir características aparentemente contratantes: o representante da Acisa é tão cauteloso quanto Filipe é mercurial. Questões serão apresentadas como desafio à avaliação individual. Uma pergunta que dá a medida exata do que pretendo com os dois convidados versará sobre a rivalidade entre as associações comerciais da região, enclausuradas em seus próprios territórios num dos exemplos mais insofismáveis de alheamento à regionalidade.
É claro que espero por contraditório, mas tenho munição suficiente para emparedar eventual corporativismo. Nada que não seja desafiador a ambos. E satisfatório à audiência comprometida com cidadania.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)