Economia

Quantos trabalhadores vão contar
com suporte do PPE na região?

DANIEL LIMA - 23/07/2015

Lideranças de sindicatos de metalúrgicos disseram em reportagem do Diário do Grande ABC que o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) vai atender a 24 mil trabalhadores do setor na região. Eles fizeram os cálculos com base no excedente de mão de obra nas fábricas e no volume de redução da produção. Tenho certeza quase absoluta que tudo não passou de chutometria para atender à demanda jornalística. O tempo vai responder ao que de imediato chamaria de disparate.


 


São tantos os fatores legais condicionantes à utilização do Programa de Proteção ao Emprego que duvido muito que a decisão do governo federal seja a maravilha sonhada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos lobbies responsáveis pela medida porque tem todo o interesse do mundo em manter intocável o Custo ABC na área. Aliás, pensando bem, como a projeção desse sindicato está longe das primeiras manifestações, os próprios responsáveis pela aproximação com o governo federal devem ter-se dado conta de que exageraram.


 


Disparates numéricos


 


Sem precisar esmiuçar a regulamentação do PPE parece claro que o escopo que permeia a obtenção do paternalismo trabalhista impedirá que a demanda do empresariado em conluio com sindicatos de trabalhadores dê os resultados esperados. O disparate numérico exposto por dois dos três sindicalistas que constam da edição de hoje do Diário do Grande ABC é tamanho que as empresas de autopeças de Santo André e de Mauá representariam 22 mil do contingente total de beneficiários.


 


Já em São Bernardo e em Diadema, além de Ribeirão Pires e Diadema, o universo atendido não passaria de três mil. Em São Caetano, sob o controle de um terceiro sindicato de metalúrgicos, o guarda-chuva do PPE alcançaria seis mil trabalhadores, um mil dos quais da General Motors e cinco mil de supostas 300 autopeças locais.


 


Tudo isso parece surreal. Há uma corrida de obstáculos a impedir que uma enxurrada de empresas transforme o Programa de Proteção ao Emprego em Programa de Prostituição do Emprego.


 


Talvez a projeção mais potencialmente esquadrinhada numa lógica que não faça do PPE um balaio de gatos de interpretações e quantificações de beneficiários esteja próxima do horizonte traçado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, dirigido por Rafael Marques e por onde passou pioneiramente como reformador do sindicalismo nacional o então muito longe de imaginar-se presidente da República, Lula da Silva. Três mil metalúrgicos beneficiados nos quatro municípios de representação formal daquele sindicato é número bastante razoável, quando se sabe que o governo federal estima que, em todo o Brasil, não seriam mais que 50 mil trabalhadores a gozar do privilégio de manter o emprego ao trabalharem 30% menos e recebendo, quem sabe, salários integrais, embora a legislação proponha desconto de até 15% dos vencimentos.


 


Os primeiros dados do Sindicato dirigido por Rafael Marques, publicados pelo jornal ABCD Maior, contemplavam 30 mil trabalhadores metalúrgicos da base territorial que reúne São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Parece que a euforia cedeu espaço à razão e se constatou que o Brasil não tem nada a ver com a Alemanha, de onde foi tropicalizada a modalidade sem levar em conta que qualquer time grande do futebol brasileiro não faz concorrência ao Bayern de Munique.


 


Por isso somos exportadores de craques ou de supostos craques. Nada diferente da miniaturização internacional da indústria de transformação verde e amarela que resiste aos desatinos de governos locais, estaduais e federal. 


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