O movimento Reage Grande ABC saiu às ruas há quase duas semanas e com isso assumiu a ter obrigação ética e moral de apresentar à Imprensa, intermediadora da sociedade, o documento entregue ontem de manhã ao secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Regional, Geovanni Rocco, supostamente como pauta de reivindicações. Vou pessoalmente cuidar dessa missão ainda hoje junto à direção do Ciesp de Santo André, uma das organizações que atuaram na liderança daquela manifestação. O que foi publicado no Diário do Grande ABC está longe de parecer ter sido retirado de um documento oficial. Não abro mão da prerrogativa jornalística de aprofundar as informações.
Certo mesmo, inescapavelmente certo, é que o Reage Grande ABC deu com os burros nágua. Fez barulheira nas ruas sem a correspondente coordenação tática e estratégica que deve ser tratada na frieza dos gabinetes. Se a Agência de Desenvolvimento Econômico e o Clube dos Prefeitos, historicamente aquém das necessidades da região, precisavam de uma plataforma à recuperação de parte do prestígio que insiste em desdenhar, o Reage Grande ABC foi a solução mais inesperada possível.
É isso que dá transformar democracia em demagogia. Sair às ruas foi ótimo, porque jamais na história econômica desta Província um grupo de 300 manifestantes do setor empresarial teve a ousadia de tomar semelhante iniciativa. A prerrogativa sempre foi dos trabalhadores de chão de fábrica, cujas representações sindicais são especializadas na arte de produzir indignação, mesmo quando a indignação não seja exatamente indignação. Se é que me entendem.
O grande artífice do Reage Grande ABC, Fausto Cestari, dirigente do Ciesp de Santo André e também da entidade-mãe, a Fiesp, desapareceu do radar de representação pessoal. Ele não participou do encontro de ontem de manhã na sede das duas instâncias públicas em Santo André. Não faltou quem tenha relacionado a ausência de Fausto Cestari ao desencanto do movimento. Ele teria fugido da raia de acompanhar parceiros da empreitada brancaleônica exatamente porque não houve a sintonia compulsória entre o movimento nas ruas e a lucidez de formular propostas factíveis.
Não vou dormir em paz hoje sem que tenha à análise o documento entregue à Agência de Desenvolvimento Econômico durante o encontro de ontem de manhã. A direção da Agência afirma que não está autorizada a dar publicidade aos pleitos dos empresários. Talvez precise de liberação das lideranças do movimento. É por esse caminho que vou. Por mais que o Reage Grande ABC tenha desprezado regras básicas de marketing de comunicação, isolando a Imprensa do processo de integração informativa, há razões de sobra para investir em ações que visem a levantar ao distinto público todas as propostas encaminhadas à Agência e ao Clube dos Prefeitos.
Sou um cão perdigueiro com cheiro de povo. Vou à luta. Quero informar aos leitores. Os empresários têm compromisso moral com a transparência dos atos. Se não cumprirem essa regra ética, serão devidamente homenageados. Pode não parecer, mas democracia é isso. O resto todo mundo sabe muito bem do que se trata.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)