De vez em quando atualizo a incidência de nomes de protagonistas e figurantes nos artigos publicados nesta revista digital. Faço esse inventário aleatoriamente. Vez ou outra divulgamos alguns dados. Gosto de aferir, por exemplo, em quantas matérias Celso Daniel aparece em comparação a Lula da Silva. Não coloco a emblemática regionalidade desta revista digital em dúvida, seja qual for o resultado, porque a gênese de CapitalSocial é a região. Vai chegar o dia em que Lula da Silva saltará à liderança. Falta pouco para tanto. Celso Daniel consta de 796 artigos. Lula da Silva está em 787. Isso é muito ruim para a região. É uma prova de que estamos perdendo a identidade.
Como se observa, a diferença está virando pó entre outras razões, ou principalmente, porque Celso Daniel se foi há 13 anos e Lula da Silva, nesse período, nunca esteve tão vivíssimo. Afinal, virou presidente da República duas vezes, fez a sucessora medíocre que está aí e continua a dar as cartas. Trocamos a regionalidade instigante embora com fortes condimentos de farsa que Celso Daniel procurou combater pelo nacionalismo territorial de Lula da Silva regadíssimo a politica partidária discriminatória e sectária.
Houvesse escapado da quadrilha de bandidinhos pés de chinelo naquele janeiro de 2002, Celso Daniel seria praticamente insuperável nestas páginas – mesmo que o foco de suas atividades se deslocasse para Brasília, onde, de imediato, seria um dos cinco principais ministros do governo Lula da Silva. A perda de velocidade de registros de Celso Daniel nas páginas de CapitalSocial simboliza o esquartejamento da regionalidade da Província em que nos transformamos.
Dos prefeitos atuais da região quem mais avança numericamente no ranking desta revista digital é Luiz Marinho, que está no sétimo ano de uma gestão para lá de fantasiosa na Prefeitura de São Bernardo. Luiz Marinho aparece em 636 artigos, sempre como protagonista ou figurante, é bom repetir. Medir a condição em que Luiz Marinho -- ou qualquer outro integrante do acervo de CapitalSocial -- é carro-chefe exigiria ação trabalhosa. Seria indispensável checar matéria por matéria.
Marinho e Celso Daniel
Na toada dos últimos anos, Luiz Marinho deverá ultrapassar Celso Daniel, embora não se saiba exatamente a que ponto sua carreira politica será um encontro com a notoriedade ao deixar a chefia do Executivo de São Bernardo em dezembro do ano que vem. Quanto mais aparecer Luiz Marinho nestas páginas, certamente mais saudade de Celso Daniel teremos. Luiz Marinho é sindicalista demais para meu gosto, petista demais para meu gosto, melindroso demais para meu gosto.
Em segundo lugar no ranking dos prefeitos mais citados nesta revista digital está Carlos Grana – há menos de três anos no comando do Paço de Santo André. Grana, como Marinho, tem passado sindicalista em várias matérias originalmente publicadas na revista LivreMercado e transpostas a esta revista digital. São 314 textos até agora. Mais precisamente, 315, porque este artigo também entra na estatística. Em termos relativos, praticamente empata com Luiz Marinho.
Uma equação que leve em conta artigos publicados e dias de gestão revelaria que eles, Marinho e Grana, disputam pau a pau o número de matérias. Uma das diferenças que os separam é que Carlos Grana não cultiva animosidades para demarcar território. É mais afável, mais democrático, mais convivivel. Grana está para Lula da Silva assim como Luiz Marinho está para Dilma Rousseff.
Haddad contra demais
Os demais prefeitos da região têm baixa frequência ocupacional nesta revista digital. São 28 apontamentos para Saulo Benevides, 37 para Lauro Michels, 32 para Gabriel Maranhão, 84 para Donisete Braga e 86 para Paulo Pinheiro. Individualmente, quase todos perdem para Fernando Haddad, prefeito paulistano, que conta com 76 artigos. A presença de Haddad é prova de que tenho os olhos postos na metrópole como escopo de regionalidade nada provinciana.
Esses números serão alterados permanentemente. E devem contemplar mais algumas dezenas de matérias sobre a atuação de Celso Daniel. Afinal, ainda não terminei a garimpagem tecnológica que resgata textos dos arquivos da revista LivreMercado, cujo acervo é de minha propriedade. Nada mais justo, afinal, porque dirigi aquela que foi a melhor publicação regional do País do primeiro ao último número decentemente preparado. Depois, como se sabe, o que se deu foi uma estupidez completa.
Tenho cá a impressão de que vou me sentir um pouco frustrado como regionalista com os olhos no mundo no dia em que Celso Daniel perder a liderança neste espaço. Infelizmente, o legado do maior prefeito regional desta Província esboroa-se na exata medida em que se agravam nossos problemas. Não há coincidência nessa contraposição. É consequência pura. Dolorosamente cristalina.
Não fomos capazes de substituir uma individualidade pública acima da média por um coletivo organizado. Lula da Silva jamais foi o estadista regional de que tanto precisamos. E seus supostos herdeiros, principalmente Luiz Marinho, não passa de uma caricatura de vezo autoritário, além de ideologicamente congelado pelo passado sindicalista. Lula da Silva foi melhor para o Brasil – enquanto durou a farra das commodities e também do apetrechamento de estatais como ferramental à doutrinação de opositores sensíveis demais às vantagens oferecidas – do que para a região. Mesmo com a indústria automotiva bombando. O que não é nada surpreendente para quem fez das montadoras plataforma de embarque à carreira politica.
Celso Daniel faz muito falta. Só de pensar que logo-logo será superado por Luiz Marinho em matéria de matérias nesta revista digital, sinto o quanto todos perdemos com a derrocada regional.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)