Imprensa

CapitalSocial impressa foi apenas
provocação de resultado previsível

DANIEL LIMA - 29/09/2015

Foi em maio de 2011 – portanto há mais de quatro anos – que mesmo descrente de resultado positivo propus abertamente a eventuais interessados a possibilidade de fazer desta revista digital também revista impressa. Não tinha a menor esperança de que algo convergisse àquela iniciativa. Conheço o gado da região. Sei o quanto existe de omissão, de interesse, de bandalheira e de certo comodismo na sociedade. Onde já se viu alguém querer sócios a uma empreitada estabelecendo algumas regras rígidas sobre o produto que seria levado ao público?


 


Na verdade, tomei aquela iniciativa mais de cunho provocativo do que com outro sentido qualquer. Sabia que não apareceriam voluntários. Havia alguns meses acabara este jornalista de quebrar a cara ao acreditar em parceiros que se diziam prontos para a reedição da revista LivreMercado, publicação que dirigi editorialmente durante duas décadas. 


 


Nesse ponto, um parêntese: entre 1990 e 1996, quando LivreMercado era de propriedade integral deste jornalista e da publicitária Denise Barrote, jamais tivemos qualquer transtorno de ordem econômico-financeira. Tanto que, quando negociamos a transferência das ações para o Diário do Grande ABC, em 1997, a Editora Livre Mercado estava zero quilômetro. A partir daí, reduzido a 20% das ações, jamais assinei qualquer documento que fosse da área administrativo-financeira da empresa. As oscilações do balanço financeiro de LivreMercado foram ditadas por várias fontes de pressão, entre as quais hostilidades acionárias e diretivas internas do sócio-majoritário, cujo controle diretivo trocou de mãos duas vezes no período.


 


Futuro não importa


 


Após esse parêntese, que poderia contemplar outras nuances, voltamos ao que interessa agora: por que produzir CapitalSocial impressa como desafiei a sociedade capitalista da região em maio de 2011 jamais se efetivou? E nem se efetivará. O perfil da publicação não se casa com os anseios da maioria que lida com dinheiro e que não leva em conta outros fatores a emular o futuro da sociedade.


 


Editei apenas uma edição de LivreMercado sob nova direção, em janeiro de 2011. A parceria com um grupo jornalístico não deu certo porque não poderia dar mesmo. Minhas ações estavam restritas – por imposição minha, porque não misturo setores – à área editorial. Jamais meti o bedelho no setor comercial por entender que é contraproducente à ética. Quem vende anúncio e escreve precisa fazer mágicas para se manter incólume. Alguns conseguem. Não tenho essa habilidade. Jamais a tive.


 


Quando solicitado, durante os tempos de LivreMercado com alguma participação acionária minha, frequentava reuniões do departamento comercial. Eram encontros férteis. Mas jamais me pus a campo como agente comercial. Quem trabalhou comigo sabe que não estou criando fantasia. Jamais vendi uma peça publicitária diretamente. Indiretamente, muitas, com a qualidade dos produtos que sempre coloquei na praça com profissionais de jornalismo.


 


Desse modo, para que tudo fique esclarecido, desde que repassei LivreMercado a um recuperador de impostos que não soube fazer daquele veículo algo que lembrasse minimamente os tempos em que dirigia a Redação, desde então, exceto uma edição frustrante em janeiro de 2011 com a mesma publicação, jamais me meti em nova empreitada na área editorial impressa. Propostas não faltaram e não faltam. Estou vacinado. Vacinadíssimo. E não tenho mais nenhum prazer em voltar aos tempos de comando de redação. Esta revista digital me basta. A satisfação que me dá é imensurável.


 


A todos aqueles que estão curiosos por saber quais pontos cardeais estariam reservados para a CapitalSocial impressa que sugerimos à captação de acionistas, reproduzimos na sequência todos os vetores elencados naquela matéria. Hão de verificar os leitores que o projeto era mesmo um trajeto improvável. Antes o improvável saudável do que o compulsório apodrecido:


 


Aspectos sociais


 


1. Olhar permanente aos desvalidos, principalmente agentes sociais que atuam nas periferias do Grande ABC. As chamadas Madres Terezas e Freis Galvão.


 


2. Desprezo absoluto ao colunismo social de celebridades, uma fonte eterna de badulaques egocêntricos.


 


3. Construção de biografias de gente que faz o Grande ABC principalmente longe das manchetes sempre seletivas, protecionistas e compensatórias.


 


4. Tratamento responsável à infraestrutura social do Grande ABC.


 


5. Produção de reportagens e análises que desvendem e ajudem a solucionar problemas crônicos da sociedade.


 


Aspectos econômicos


 


1. Desbaratamento completo de falsas mensagens que procuram vender a economia do Grande ABC pela ótica do triunfalismo.


 


2. Comedimento e equilíbrio nas questões que envolvem capital e trabalho.


 


3. Desenvolvimento de estudos e análises econômicas que deem suporte a políticas públicas e privadas.


 


4. Avaliação criteriosa de anúncios de investimentos de forma a não ser levado pela onda de interesses nem sempre claros.


 


5. Análise crítica de investimentos públicos e suas consequências no tecido social e econômico da região. Sem salvacionismos do tipo trecho sul do Rodoanel.


 


6. Reconstrução de um processo de coletivismo que tenha nas entidades empresariais e sindicais agentes de modernização das relações com a sociedade como um todo.


 


Aspectos políticos


 


1. Menos protagonismo de siglas partidárias e prioridade total a uma agenda que valorize tanto as atividades econômicas quanto sociais e institucionais.


 


2. Análises eleitorais baseadas em ferramentas estatísticas confiáveis, entre outros elementos.


 


3. Fuga da rede de intrigas que trabalhe com subjetividades.


 


4. Enquadramento de informações estatísticas que deem sustentação a análises fora da órbita do governo de plantão.


 


5. Prioridade total a tudo que se referir à regionalidade do Grande ABC, sem deixar-se cair na rede de grandiloquências que já se provaram frágeis.


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