Imprensa

Lulacá, Lulalá, e voltamos
ao passado de problemas

DANIEL LIMA - 07/10/2015

Tive publicada na edição de 17 de abril de 2005 do Diário do Grande ABC (há, portanto, mais de 10 anos) breve análise sobre os 30 anos do chamado Novo Sindicalismo, com Lula da Silva, então metalúrgico, à frente do movimento. Naquela matéria, que reproduzo abaixo, Lula da Silva já estava presidente da República. Mais precisamente no terceiro ano do primeiro mandato.


 


O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo seguia a cartilha conservadora de Fernando Henrique Cardoso, abandonada com a chegada da crise no final de 2008. Converteu-se o então presidente em garoto propaganda de uma ação anticíclica, como dizem os economistas. Injetou-se adrenalina na veia consumista do País. Deu no que está dando. A bomba estourou no colo de Dilma Rousseff que, a bem da verdade, fez tudo para mimetizar o padrinho politico -- principalmente para ganhar um novo mandato agora repassado ao PMDB e ao grupo populista de Lula da Silva.


 


O que interessa mesmo neste texto é chamar à leitura daquela matéria que ocupou uma página inteira do Diário do Grande ABC. Estava este jornalista nos estertores do mandato de Diretor de Redação daquele jornal. Sai quatro, cinco dias depois. Uma saída sem qualquer relação com a matéria em questão. Saí por conta de outras coisas. Nada que não tenha deixado de melhorar minha qualidade de vida. Como todos sabem ou deviam saber, jornalismo impresso diário é fábrica de malucos. Jornalismo impresso ou não impresso não-diário é apenas uma fábrica de ilusionistas, no sentido estúpido da expressão.


 


Passado que atormenta


 


Para justificar o titulo desta matéria, a tal volta ao passado, o que quero dizer aos leitores que recorrerem à sugestão de leitura do texto de 2005 é que depois do anabolizante econômico e financeiro de Lula da Silva, que inflou os indicadores industriais da região, voltamos ao que era antes, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Descobrimos que estamos a pé, porque seguimos a depender excessivamente do mercado automotivo. E pelo andar da carruagem vamos ficar a pé  por muito tempo. Um entrecruzamento de fatores vai nos lançar num longo período de desastre. Como o ocorrido nos últimos 12 meses não fosse suficiente para deixar um recado reto e direto: estamos fritos e mal pagos.


 


Fiz naquela análise que está no pé deste texto uma contraposição entre Província do Grande ABC onde emergiram o metalúrgico Lula da Silva e sua trupe e a Província do Grande ABC da qual Lula da Silva passou a ser referência presidencial. “Entre o Lulacá de 30 anos atrás e o Lulalá de agora, o Grande ABC saiu do céu e mergulhou no inferno da deserção industrial, do orgulho da carteira assinada ao estoicismo do subemprego, do acanhamento comercial à reluzente ocupação de shoppings, da convicção de um modelo econômico gerador de riqueza à desconfiança de quem nem comércio nem serviços segurarão a barra, de níveis civilizados de indicadores criminais a uma numerologia policial que se equivale à da Baixada Santista” – escrevi há 10 anos ao me referir aos 30 anos anteriores, de Lulacá a Lulacá, como defini naquele título de página inteira.


 


Salvo engano, a única exceção de mudança nos últimos 10 anos, depois de intervalo de uma mandato de Lula e um pedaço de mandato de Dilma Rousseff em que a região reagiu pela força de gravidade de mais crédito na praça e de desprezo irrefreável ao equilíbrio fiscal, é o setor de segurança pública. De responsabilidade principalmente do governo do Estado, os índices de criminalidade despencaram na região a partir do assassinato de Celso Daniel.


 


É uma pena, como lerão os leitores, que a Província tenha dado um salto em direção a um passado que naquela reportagem ainda era presente. E tudo indica que tudo isso não passará de refresco diante destes tempos tenebrosos.


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