Após quase cinco anos de negociações, a novela do suprimento de água industrial para o Pólo Petroquímico de Capuava está prestes a exibir capítulo um pouco mais decisivo. As petroquímicas decidiram investir R$ 60 milhões na construção de estação própria e vão adquirir o esgoto tratado de dois fornecedores para transformar em líquido reutilizável ao processo produtivo. A decisão ratifica recente posicionamento de evitar monopólio e reformula o planejamento da Ecosama, concessionária do serviço de esgoto em Mauá que pretendia abastecer o Pólo com água de reúso.
Desde que a Prefeitura de Mauá lançou em 2001 o Sanear, muita água já passou por baixo da ponte. O principal apelo do projeto formatado para concluir a rede coletora de esgoto do Município sempre foi a produção de água industrial. Por isso, oferecer à concessionária do serviço a garantia de fornecimento para o Pólo Petroquímico era o principal chamariz do projeto. As indústrias de Capuava chegaram até a assinar uma carta de intenções. Mas os planos foram reavaliados nos últimos dois anos principalmente após a consolidação de cronograma de expansão produtiva do Pólo Petroquímico.
“Disponibilidade de água é essencial. Por isso, teremos uma situação bem mais confortável se a produção estiver sob nosso controle” — afirma o gerente de projetos da Petroquímica União, Jorge Rosa. O Pólo de Capuava está na fase final do projeto de engenharia básica da estação e aguarda a obtenção da licença ambiental. A unidade de tratamento será instalada na Recap, que já conta com sistema de depuração da água captada no Rio Tamanduateí. Para não depender totalmente de água potável, caro e ecologicamente incorreto ao processo produtivo, as petroquímicas despoluem o líquido do Tamanduateí. Em seguida, adicionam entre 10% e 30% de água fornecida pela Sabesp.
“Planejamos entrar em operação nos próximos 18 meses com 350 litros por segundo. Chegaremos a 500 litros por segundo para eliminar totalmente a água potável no resfriamento de caldeiras até 2010” — projeta Jorge Rosa. Também está decidido que não haverá monopólio no fornecimento do esgoto tratado. As petroquímicas consideram prudente ter, no mínimo, dois fornecedores e negociam com Ecosama e Sabesp as bases de preço e volume. A Ecosama planeja tratar os esgotos de Mauá em estação localizada a um quilômetro do Pólo. A ETE-ABC, de onde virá o insumo da concessionária de saneamento básico do Estado de São Paulo, está na divisa de São Caetano com São Paulo. Nos dois casos o transporte será feito através de dutos construídos pelas petroquímicas.
Água industrial
Mesmo com a mudança, a Ecosama garante que vai dar prosseguimento à construção da EPAI (Estação de Tratamento de Água Industrial) porque pretende entrar em mercado que considera tendência mundial. “O futuro está na água de reúso e a Ecosama vai construir a EPAI com ou sem Pólo. Já estamos em busca de outros consumidores potenciais” — revela o diretor geral, Dagoberto Antunes da Rocha.
A Ecosama adquiriu terreno em Capuava há quase dois anos e aguarda liberação de empréstimo de R$ 17 milhões já aprovado pela Caixa Econômica Federal para dar início à obra. O contrato de concessão prevê que a estação entre em operação em etapas e esteja concluída até 2015. A concessionária planeja produzir entre 530 a 1060 litros por segundo nos próximos dois anos. A Ecosama já investiu R$ 25 milhões na melhoria dos serviços de coleta de esgoto em Mauá.
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