Pegue os sete municípios que formam a Província do Grande ABC. Acrescente à lista os 15 maiores municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital. Pronto, está composto o G-22. Fora Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, municípios da região, os demais integram o chamado G-20, o grupo de elite da economia paulista. Agora, façam as contas tendo como ano-base 1999, o último do século passado. Entre 2000 e 2012, os 13 primeiros anos do século XXI, o PIB (Produto Interno Bruto), medidor de produção de riqueza, uma cidade da região ficou na rabeira de crescimento. É claro que estou me referindo a Santo André.
Vamos de mal a pior no que chamaria de Série A do Campeonato Estadual de Produção de Riqueza. Com agravante de que o período marcou a ressurreição da produção automotiva, carro-chefe da economia regional. Se fomos tão mal em tempos de vacas gordas, o que será quando os números de 2013, 2014 e principalmente de 2015 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) forem revelados? Um desastre, garanto.
No final do ano o IBGE vai anunciar oficialmente os números do PIB dos Municípios em 2013. Em dezembro do ano que vem sairão os números de 2014 e no ano seguinte os dados do desastre deste 2015. É melhor não embalarem sonhos. A hora do espanto chegou.
Velocidade baixa
Santo André cresceu em termos nominais, isto é, sem considerar a inflação do período, apenas 167,44% quando se pegam os números do PIB Geral registrado em 1999 e os comparam com o PIB Geral de 2012. O confronto ponta a ponta despreza oscilações brutas no intervalo de comparação. Quando se trata de PIB, raramente há desníveis acentuados em período tão curto a ponto de neutralizar análises. A decomposição dos números finais do PIB Geral, ano após ano, é o método mais adequado para medição mais precisa do comportamento da economia de qualquer endereço municipal, estadual ou nacional. Mas quando se pegam os números de um determinado ano e os coloca em confronto com o de anos mais adiante, a margem de erro não é acentuada a ponto de inviabilizar a análise. Muito pelo contrário.
O resultado de Santo André é o pior da região (G-7) e também do G-22. Na região, Santo André perdeu feio para Diadema, que cresceu nominalmente 228,08% nos 13 anos pesquisados. Mauá foi quem mais se aproximou de Santo André, mas mesmo assim avançou 190,62%. Bem menos que os 230,04% de Ribeirão Pires e os 245,40% de Rio Grande da Serra. São Caetano liderou a corrida regional com crescimento nominal de 311,48%. São Bernardo veio logo atrás com crescimento de 246,08%.
Segurando as pontas
Esses resultados mostram bem o quanto a indústria automobilística segurou no que foi possível a onda da região: São Bernardo, São Caetano e Diadema são os municípios de maior influência da produção automotiva. São Bernardo conta com quatro grandes montadoras e São Caetano com uma. Diadema é um parque de autopeças.
Mesmo com tudo isso a favor a Província do Grande ABC é um desastre no balanço do PIB Geral neste novo século. No ranking de crescimento nossos municípios -- exceto São Caetano que ficou em oitavo lugar -- só não ocuparam as seis últimas posições porque Paulínia e São José dos Campos resolveram atrapalhar, ou ajudar. Contamos com três municípios na zona de rebaixamento, ou seja, estão entre os quatro últimos colocados.
Perdemos mesmo e para valer a capacidade de avançar em ritmo satisfatório. Mesmo – repetindo -- com o quadro nacional favorável.
Vivemos período de fertilidade consumista tendo o setor automotivo como símbolo de democratização de gastança movida a muito crédito.
Quando se somam os valores monetários do PIB Geral de 1999 e de 2012, os sete municípios da região cresceram nominalmente 225,32% no período. Eram R$ 26.771,65 bilhões de PIB Geral em 1999 e passaram a ser R$ 87.094,59 bilhões em 2012. Santo André, a lanterninha da Série A Campeonato Estadual de Produção de Riqueza, cresceu muito abaixo da média regional. Os 167,44% ficaram muito aquém dos 225,32 do conjunto da Província.
Caindo pelas tabelas
Traduzindo em números, a Província cresceu 25,69% acima de Santo André. A participação relativa de Santo André no PIB Geral da Província do Grande ABC em 1999 era de 25,26%. Treze anos depois, contabilizados os três últimos anos do mandato de Fernando Henrique Cardoso, os oito anos de dois mandatos de Lula da Silva e os dois primeiros anos de Dilma Rousseff, o PIB de Santo André passou a representar 20,76%. Uma queda intrarregional de 17,81%. A antiga capital econômica da região vai se tornando cada vez menos importante.
Embora Santo André seja o caso de crescimento econômico mais dramático da região, a situação regional está longe de ser confortável quando se cruzam os dados do PIB Geral do período de 13 anos.
Enquanto os sete municípios locais cresceram nominalmente 225,32% no período, ante inflação de 126,77% medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, os demais municípios que compõem o G-22 avançaram 309,87% no período. Ou 27,28% acima da região. Por essa razão, quando se compara a participação relativa dos dois blocos no interior do G-22 -- os sete municípios da região e os 15 municípios que mais produzem riqueza no Estado -- a distância de desempenho se acentua. Nem com a indústria automotiva a todo sustentamos um ritmo semelhante ao dos demais integrantes do G-22.
Santos viveu nestes 13 anos o período mais fértil de produção de riqueza, com crescimento nominal de 687,77%. Os investimentos do setor de petróleo e gás influenciaram fortemente os resultados. Resta saber quando novos dados do IBGE emergirem qual será o comportamento econômico da capital da Baixada Santista. As perspectivas não são nada interessantes. O escândalo envolvendo a Petrobras industrializa estragos em todos os cantos que dependem da maior empresa brasileira.
Crescimentos menos esfuziantes mas muito mais sólidos parecem estar reservados a um grupo de municípios do G-22 que obtiveram resultados muito superiores aos 225,32% da média da Província. Casos de Jundiaí, que contabilizou avanço de 394,09%, de Osasco, com 396,91%, de Ribeirão Preto, com 311,55%, de Sorocaba, com 311,48%, entre outros.
Veja o ranking de crescimento nominal do PIB Geral do G-22 entre a base de 1999 e a ponta de 2012:
1. Santos cresceu 687,77%.
2. Osasco cresceu 396,91%
3. Jundiaí cresceu 394,09%.
4. Sumaré cresceu 374,55%
5. Mogi das Cruzes cresceu 339,41%.
6. Sorocaba cresceu 311,69%
7. Ribeirão Preto cresceu 311,55%.
8. São Caetano cresceu 311,48%.
9. Piracicaba cresceu 299,92%.
10. Taubaté cresceu 289,88%.
11. Campinas cresceu 276,40%.
12. Guarulhos cresceu 269,88%.
13. Barueri cresceu 266,19%.
14. São José do Rio Preto cresceu 267,04%.
15. São Bernardo cresceu 246,08%.
16. Rio Grande da Serra cresceu 245,40%.
17. Paulínia cresceu 238,27%.
18. Ribeirão Pires cresceu 230,04%.
19. Diadema cresceu 228,08%
20. Mauá cresceu 190,62%.
21. São José dos Campos cresceu 172,44%
22. Santo André cresceu 167,44%.
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