Pode ser petulância de um jornalista metido a besta, mas a pergunta tem fundamentação. Ler jornal por ler é uma coisa, ler jornal para entender o que se passa é outra. Aliás, qualquer leitura pode ser apenas um passar de olhos como pode ter profundidade regeneradora. A edição de hoje do Diário do Grande ABC apresenta um exemplo de competência e oportunidade e um exemplo de imprecisão escandalosa. Teria o leitor que consumiu o Diário do Grande ABC detectado o verso e o reverso ou passou batido porque leu apressadamente e sem nenhuma preocupação analítica?
Vou revelar amanhã tanto o gol de placa como a jogada de perna de pau nas páginas do Diário do Grande ABC de hoje. Como poderia fazê-lo também em relação às edições do Estadão e da Folha de S. Paulo. Sei o que leio, entre outros motivos porque ler é especialidade de jornalista até por dever de ofício. Mas apenas uma minoria dos jornalistas lê como deveria ler, inclusive para aperfeiçoamento profissional. Não tem sentido filosofal e muito menos materialista ganhar tão pouco numa profissão sem futuro garantido se não existir uma máquina indutiva de ambição para elevar constantemente o grau de conhecimento geral.
Onde o Diário do Grande ABC fez na edição de hoje um gol de placa e onde errou redondamente? Se já leram, leiam de novo o jornal. Observem atentamente cada matéria. Há duas que se sobrepõem às demais pelo positivismo e negativismo.
Ombudsman contido
Os leitores mais atentos devem ter reparado que este jornalista deixou faz algum tempo de atuar mais insistentemente como ombudsman não autorizado dos veículos de comunicação da região. É que estava me tornando repetitivo. Não me falta embasamento técnico, mas sofro a cada empreitada porque as fontes de informação têm dificuldade enorme para se reciclarem, se oxigenarem.
Também a decisão de deixar o ombudsman não autorizado de lado se deve ao fato de que atuei durante cinco meses como consultor editorial do Diário do Grande ABC, no qual inclusive assinava uma coluna todos os domingos (Contexto ABC, cujos artigos estão disponíveis nesta revista digital) como forma de levar ao público investigações que realizava a cada edição. Foi um período de muita fertilidade, como já expliquei neste espaço, mas o contraponto de sentir na pele como a situação estrutural está grave, com imensos obstáculos a atropelar a produção qualificada, decidi abrandar as intervenções. Mas de vez em quando, como agora, acho que tenho de recuperar o ombudsman que carrego na alma porque só assim consigo reduzir o peso crítico, multiplicando-o aos leitores.
Pois, então, ficamos assim: na edição desta sexta-feira vou dizer quais foram os dois pontos antagonicamente expressivos da edição de hoje do Diário do Grande ABC. Acho que é grande moleza para a maioria dos leitores atentos à premissa de que ler de verdade é mergulhar em cada parágrafo. Por essas e outras adotamos nesta publicação digital o mote “Regionalidade para ser impressa”, herdeiro de “Leitura para ser impressa”.
O consumo de informação na tela de computador é incompatível, no caso de quem já passou dos 50, com o processo de mastigação cognitiva da ação de supostamente adquirir, além de informações, mais conhecimentos.
Quem se habilita a participar do teste do gol de placa e da jogada de perna de pau do Diário do Grande ABC de hoje?
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)