O Clube dos Especuladores Imobiliários virou zona? Já imaginaram se assino um texto nestes termos, utilizando metáfora que, no fundo, significaria bagunça que mentes mais invasivas diriam tratar-se de algo menos convencional? Pois jamais utilizarei a expressão sobre o mercado imobiliário na região porque não espelharia realidade dos fatos. Simplesmente, o Clube dos Especuladores Imobiliários não merece qualquer relação com “virou zona?”. Ainda mais agora que poderá voltar a ser Clube dos Construtores e Incorporadores, já que as digitais de Milton Bigucci, chefe da organização há mais de duas décadas, vão ser eliminadas do quadro executivo.
Para virar zona é preciso que muita gente dispute o mesmo espaço e que os interesses sejam divergentes, quando não explosivamente abrasivos. O Clube dos Especuladores é quase um deserto. Quem manda é um grupinho fechado, cuja atuação estou cansado de explicar e que, felizmente, vai ser alterada segundo conta aos mais próximos o empresário Marcus Santaguita, provável novo presidente. Desconfia-se que Santaguita estaria fazendo encenação em nome de Milton Bigucci. Mas ele teria rechaçado a amigos mais próximos: “Ele não vai mandar (?@#%!) nenhuma”.
Autoritarismo aflorado
Volto à expressão “virou zona”, que não foi lançada neste texto de graça nem provocativamente. Se a utilizasse para definir indevidamente o Clube dos Especuladores Imobiliários, certamente o autoritarismo de Milton Bigucci seria mais uma vez exercitado. Ele recorreria ao Judiciário para me calar, para me amedrontar -- essas coisas que milionários que carregam a tiracolo dezenas de nomes prestigiados de advogados especializados costumam exibir para mostrar que tem poderes e influência nos julgamentos.
Ai deste jornalista se tivesse tido a ousadia de indagar se o Clube dos Especuladores “virou zona”. Os mais obtusos me chamariam de tresloucado, de desbocado, de ofensivo, essas coisas que permeiam o censo autoritário de quem não admite nada que fuja ao convencional.
Mas, perguntaria o leitor, de onde tirei a ideia de colocar em pauta o “virou zona?” e relacioná-lo ao Clube dos Especuladores Imobiliários? Simples, muito simples.
No Jornal da Globo
Quem assistiu ao Jornal da Globo da noite de quarta-feira pode constatar a indignação do melhor profissional de comunicação do telejornalismo brasileiro. William Waack, âncora daquele programa, jornalista formado nos meios impressos, fez exatamente essa indagação ao repórter Heraldo Pereira sobre o ambiente no Congresso Nacional após série de informações sobre a crise politica no País.
William Waack tem muita sorte de não estar nesta Província. Se decidisse fazer aquela indagação em qualquer plataforma de comunicação, sobretudo sobre a turbulência por que passa o Clube dos Especuladores Imobiliários, provavelmente seria chamado às barras dos tribunais. Onde já se viu, diriam os ignorantes ou falsos moralistas, referir-se às duas principais casas do povo naqueles termos?
Faço a correlação entre o que realizo neste quadrado regional e o que William Waack ofereceu a entusiasmados telespectadores que admiram a verve crítica que leva àquela programação porque é preciso que os provincianos destas terras caiam na real. Jamais me referi a qualquer instituição regional naqueles termos, nos termos do jornalista da TV Globo. Quem sabe um dia desses o faça. Desde que a instituição na alça de mira mereça de fato o rótulo que só deve ser endereçado a situações específicas de organizações com representatividade mesmo que simbólica, como é o caso do Congresso Nacional. O mais notável na frase curta e grossa de William Waack é que, no fundo, no fundo, não se trata de interrogação. É uma constatação disfarçada de modo que seu autor não parecesse implacável demais. Mas poderia ter sido. A audiência o aplaudiria.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)