Vou deixar para amanhã, terça-feira, o que pretendia escrever hoje sobre a inclusão mais que esperada do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, no escândalo da Operação Lava Jato -- conforme denúncia publicada neste final de semana na revista Veja.
O que foi escrito pela principal publicação semanal do País só causa choque àqueles que não entendem nada de política e de financiamento eleitoral. No caso de Marinho, há agravante de que se trata de gestor público que flerta o tempo todo com a obscuridade. Falta-lhe transparência. Ele sofre de Síndrome de Sindicalista -- em regra, uma classe que não presta contas a ninguém. Exceto à exposição de virtudes.
Não quero e não devo escrever hoje uma linha sequer sobre as razões que me levam a dizer que a inclusão de Luiz Marinho era uma barbada, uma caçapa cantada. Ele, não mais que ele, construiu essa casa que caiu. É uma obra com digitais de quem sempre pareceu acima de qualquer questionamento, porque sempre contou com as costas largas de Lula da Silva, seu amigo de caminhadas matinais que vão muito além do suor despendido e das pernas cansadas.
Soube recentemente, mas ainda não tenho a confirmação de que Luiz Marinho, amigo próximo de Milton Bigucci, decidiu fazer o que o chefão do Clube dos Especuladores Imobiliários tem feito à exaustão: encaminhar queixas contra este jornalista ao Judiciário. Eles querem me calar a qualquer custo. Contam para tanto com a benevolência, quando não com o descuido, quando não com a falta de informação, de alguns magistrados que conhecem muito pouco a realidade das figurinhas carimbadas e suas ações na região. E não têm noção do quanto este jornalista é um idiota ao insistir em revelar os segredos desta corte provinciana.
Decepção gradual e sólida
Estou aguardando a queixa-crime de Luiz Marinho. Sei que o prefeito de São Bernardo acionou o Diário do Grande ABC várias vezes e parece que se deu mal. Ao investir contra um jornalista que lhe depositou confiança total quando assumiu o mandato, em 2009 -- mas que não teve o menor problema em gradualmente refluir no entusiasmo de que o ex-sindicalista pudesse oferecer novo modelo de gestão pública na região -- Luiz Marinho passa atestado de intolerância, arbitrariedade e autoritarismo.
Se eventualmente foi ao Judiciário para colocar este jornalista na cadeia, como pretende Milton Bigucci, dono da corporação denunciada pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo com campeã em abusos contra a clientela, Luiz Marinho provavelmente encontrará dificuldades adicionais diante das revelações da Operação Lava Jato.
Até parece que tentar calar jornalismo independente é um chamariz a complicações e infortúnios. Milton Bigucci ganhou na Justiça porque a Justiça nem sempre é justa, mas no período da ação impetrada contra este jornalista enredou-se em escândalos que exibem suas ações corporativas. Por exemplo: a Máfia do ISS da Capital tem suas digitais, conforme denúncia do Ministério Público Estadual.
Então, ficamos assim: vou escrever nesta terça-feira sobre os motivos que tornaram natural Luiz Marinho aparecer na delação premiada de um dos empreiteiros da lista de presidiários da força-tarefa federal que colocou a Petrobras no devido lugar como antro de malfeitores cercados por delinquentes. Nada diferente do antro chamado Província do Grande ABC. Aqui só está a faltar força-tarefa sem rabo preso com ninguém.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)