Esta é a primeira edição de uma série de matérias que só Deus sabe quando vai se encerrar. Vou transcrever a partir de hoje os principais trechos de textos de articulistas nacionais e mesmo internacionais que certamente se meteriam em complicações se o alvo de críticas fosse o milionário mercador imobiliário Milton Bigucci, presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC. Bigucci conseguiu registrar contra este jornalista na Justiça o que chamaria de atentado à liberdade de expressão com responsabilidade social. Do alto da arrogância que o tornava até outros tempos mandachuva intocável, Milton Bigucci quer me intimidar. Usa de todos os meios para tanto. Está perdendo o tempo e o que lhe restaria de prestígio. Vou seguir adiante. Esta série de artigos visa desmarcará-lo, como também chamar a atenção a determinadas decisões judiciais.
Fui condenado não porque chamo com provas fartas Milton Bigucci de delinquente social e de quadrilheiro. Contra essas constatações ele jamais investiu. Ele sabe que a subjetividade das outras ações não seria transplantada como forma de ludibriar o Judiciário. Milton Bigucci conseguiu resguardo da Justiça em decisões que ultrapassam o bom senso. Ele procurou todo o tempo os caminhos da maliciosidade interpretativa.
Ainda recentemente um juiz lhe deu ganho de causa porque escrevi que o Clube dos Especuladores Imobiliários (até então chamado de Clube dos Construtores) é uma entidade mequetrefe, entre outros adjetivos assemelhados. Nada que qualquer empresário do setor imobiliário, que quer distância daquela organização, não poderia confirmar na Justiça. E muito mais, aliás. Mas não me defendo judicialmente levando a tiracolo minhas fontes porque não as quero correndo riscos de retaliação. Embora várias delas já tenham se adiantado em perfilar como apoiadoras de meus textos, não vou incomodá-las.
Delinquências sociais
Quem conhece o histórico de Milton Bigucci nestas páginas (os jornais impressos e digitais da região praticamente se entregaram ao amedrontamento e a outros interesses que envolvem o mercador imobiliário) sabe que mais informações sobre o dirigente são desnecessárias. A pergunta do titulo desta série é sintomática de um desabafo com a finalidade exclusiva de esclarecer o distinto público.
O que já escrevi sobre Milton Bigucci e que foi objeto de condenações não passa de refresco perto do que os leitores vão acompanhar nesta série. Tanto no meu caso como a dos demais o que se pratica é o mais puro jornalismo -- um jornalismo voltado ao interesse da sociedade. Um jornalismo que jamais deixarei de praticar. Jamais e em qualquer situação.
O delinquente social apontado pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo como campeão de abusos contra a clientela, o delinquente social que está metido até os dentes na Máfia do ISS de São Paulo, o delinquente social que assaltou os cofres da Prefeitura de São Bernardo no arremate fraudulento do terreno em que constrói o empreendimento Marco Zero, esse delinquente social que jamais foi à Justiça porque o chamo de delinquente social, haverá um dia de conhecer a Justiça que tanto manipula com a habilidade dos milionários que podem dispor de advogados especializados em selecionar trechos de artigos e criminalizá-los aos olhos de juízes sem o devido conhecimento regional.
Estadão duro e verdadeiro
E para começar, sempre com a pergunta do título como âncora, imaginem, só imaginem, o que aconteceria com o articulista do jornal o Estado de São Paulo no texto publicado na edição de 20 de outubro deste ano, referindo-se ao governo Dilma Rousseff sob o título “A grande farsa petista”, caso Milton Bigucci fosse o alvo daquela argumentação:
A quem o PT pensa que engana quando tenta agradar a gregos e troianos fingindo que faz oposição ao governo que elegeu? A única coisa que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, conseguiu ao declarar, a mando de Lula, que a “política econômica” do governo está errada e o ministro Joaquim Levy deve ser demitido foi desmoralizar ainda mais a presidente Dilma Rousseff, que em desespero de causa está tentando colocar em ordem as contas do governo que ela mesma bagunçou, condição indispensável à retomada do crescimento econômico. (...) O populismo lulopetista optou por investir no retorno eleitoral imediato, relegando a plano secundário os programas de investimento de maturação mais lenta em bens sociais como educação, saúde, saneamento, mobilidade urbana, segurança, etc. (...) Lula e o PT não tiveram dúvidas para salvar a própria pele: fingem que abandonaram à própria sorte uma presidente da República impopular e sustentam o tradicional discurso populista e irresponsável, segundo o qual o governo tudo pode. Basta querer, quando se trata de “ficar do lado dos pobres”. (...) Resta saber quem teria credibilidade para levar na conversa o brasileiro que está sofrendo na pele e no bolso o enorme fracasso do “projeto de felicidade” de Lula. Mais do que nunca, é uma grande farsa – escreveu o articulista do Estadão.
Mais artigo segunda-feira
Na próxima segunda-feira vou publicar a segunda matéria da série que vai simplesmente escarafunchar uma das maiores barbaridades cometidas contra a liberdade de expressão. Um ataque insidioso a um profissional que jamais se dobrará às conveniências dos mandachuvas e mandachuvinhas. Está claro?
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)