Os resultados da primeira rodada de pesquisas eleitorais do Instituto DataRegional em Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra vão ser publicados na próxima semana. Diferentemente dos números de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá, naqueles três municípios o potencial de defasagem que separa o período de coleta de dados e a publicação da análise poderia distorcer os resultados. O risco não é elevado, porque prevalece gigantesco índice de votos soltos -- aqueles integrados por eleitores que ainda estão indecisos ou dispostos a votar em branco ou nulo.
A repercussão dos dados publicados nesta revista digital nas redes sociais comprova um ponto que faz desta publicação endereço especial em meio ao salve-se quem puder generalizado dos meios digitais. Mas é natural que os resultados estimulem idiossincrasias. O que os leitores em geral ainda não entenderam -- mas vão entender na medida em que avança o processo que chamaria de experimento de campanhas eleitorais -- é que CapitalSocial não abondará jamais o tom crítico que reserva às pesquisas em geral.
Não é o fato de este profissional de comunicação atuar como consultor da IMD (Inteligência e Marketing Digital) na análise dos dados que impermeabilizará o caminho a eventuais objeções.
Longa experiência
Quem se der ao trabalho de vasculhar o acervo desta revista digital vai observar que não faltam artigos relacionados a pesquisas eleitorais. O DataDiário, do Diário do Grande ABC, por exemplo, consta de 20 matérias. A expressão “pesquisas eleitorais” está em 79 artigos. “Votos válidos” está em 81 textos. Não necessariamente se devem somar os artigos das expressões mencionadas, porque aparecer no mesmo texto, mas os números dão a ideia de que CapitalSocial sempre voltou atenção à temática.
A oportunidade de complementação de expertises -- no caso de varredura tecnológica completa e sistematizada metodologicamente da IMD e a experiência deste jornalista -- não poderia ser desperdiçada como elemento novo no panorama político da região. Sobretudo porque a massa de dados capturados pelos sensores da IMD está à disposição dos interessados à comprovação da veracidade e fundamentação técnica dos resultados.
Quem teve o cuidado de ler com atenção cada uma das análises da primeira rodada de pesquisas do Instituto DataRegional provavelmente percebeu que as abordagens vão muito além dos números propriamente ditos. Números eleitorais não são um corpo fechado. Essa será uma característica constante desse trabalho. A análise dos dados exige conhecimento do ambiente regional, estadual e nacional, tanto no campo da política como da Economia, quando não de aspectos sociológicos.
Grandeza e complexidade
Os eleitores que se manifestaram e que se transformaram em gigantescos dados organizados pelo sistema de computação da IMD são os insumos básicos das pesquisas. Os números são uma forma de reprodução do comportamento de cada eleitor, exposto numa área geográfica complexa como a Região Metropolitana de São Paulo. Ou alguém poderia desprezar as especificidades comportamentais de uma área geoeconômica que, com 20 milhões de habitantes em menos de 10 milhões de metros quadrados, é duas vezes mais povoada que todo o Estado do Rio Grande do Sul?
Tratar o voto em Santo André ou em qualquer outro Município da região com as mesmas ferramentas explicativas do voto numa cidadezinha qualquer do Interior gaúcho ou do Interior que qualquer outro Estado brasileiro é desconhecer os efeitos da chamada aglomeração humana nas relações interpessoais.
Cansei de ouvir candidatos propagarem que os votos municipais estavam conectados exclusivamente aos problemas e resoluções municipais. Bato na tecla de que voto metropolitano de uma região tão encostada a uma Capital não é um voto apenas municipalista. É um voto que incorpora objetividades e subjetividades de quem vive cotidiano diferente de pequenas e médias cidades do Interior. Na Grande São Paulo a textura do voto municipal é diferente. Tem camadas regionais, estadual e federal.
Aliás, é por essa razão e por nutrir curiosidade infinita sobre tudo que diz respeito a metrópoles que sugeri à direção da IMD pesquisa exclusiva com os eleitores da região sobre o comportamento do voto, com alternativas diversas que tanto privilegiam a possibilidade de que o voto municipal é exclusivamente por conta de fatores municipais como de que o voto municipal é fruto de fatores federais.
Como sei que a direção do IMD não deixará de atender tamanha curiosidade, prometo que prepararemos matéria exclusiva com os resultados da operação. De imediato, aposto o quanto quiserem que o voto municipal não é tão municipal como as velhas raposas imaginam e propagam. Quando lhes convém, é claro. Se não der o que estou apontando, juro por todos os juros que esta Província não tem jeito mesmo.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)