Não sei se uma coisa tem a ver com a outra, mas o que leio na Folha de S. Paulo desta segunda-feira tem semelhança enorme com o que propus em agosto deste ano ao dar uma entrevista à revista República, que circula na Província do Grande ABC. Para encurtar a história e todos entenderem do que se trata, vou reproduzir os trechos principais dos dois textos. O primeiro da revista República. O segundo da Folha de S. Paulo. Acompanhem atentamente e vejam que não estou louco. Me antecipei a todos mas isso não vale nada se não houver ação conjunta para levar a proposta, mesmo que adaptada, ao devido enquadramento legal. A hora não poderia ser mais apropriada. Afinal, abundam escândalos no Brasil e a mídia jamais esteve tão sofridamente fragilizada.
Primeiro, os principais trechos da matéria da revista República de agosto último:
O jornalista Daniel Lima é ousado nesta entrevista especial. Ele defende que o jornalismo impresso, duramente atropelado financeiramente pelas novas tecnologias de comunicação a bordo da Internet, deveria ser premiado pelo Estado como forma de incentivo ao processo de informação que resulte em ganhos de eficiência na máquina pública. Para Daniel Lima, fundações públicas de direito privado poderiam virar plataformas de maior independência dos veículos impressos que denunciarem com provas sólidas escândalos relacionados ao mau uso do dinheiro dos contribuintes. Esses veículos seriam contemplados de acordo com os recursos resgatados. O experiente jornalista garante que os resultados seriam incomparavelmente mais úteis para a sociedade em forma de investimentos sociais do que a dinheirama que o Estado entrega anualmente aos partidos políticos, muitos dos quais integrantes da engrenagem de escândalos que assolam o País.
Agora, os principais trechos da matéria da Folha de S. Paulo de hoje:
Autoridades federais que atuam no combate à corrupção propõem a criação de mecanismos para permitir o pagamento de recompensa para os denunciantes de crimes contra os cofres públicos. A ideia é que a remuneração aos informantes seja de 10% a 20% do valor recuperado para a administração pública ou saia das multas aplicadas aos autores dos delitos. A proposta foi apresentada por representantes de órgãos públicos participantes da Enclla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) em encontro realizado na semana passada em Fortaleza. Um provável caminho para a implantação da medida é a apresentação de um projeto de lei no Congresso.
Caminho à riqueza
Vou voltar a escrever sobre o assunto, até porque agora existe mais combustível à execução da proposta. A sugestão que fiz poderá ser simplificada. Basta que o projeto de lei que criaria a recompensa a informantes estenda a medida a pessoas físicas e jurídicas da área de comunicação. Não sei se vou ficar rico, até porque não tenho tal pretensão como jornalista de verdade, mas, se as autoridades constituídas decidirem colocar a mão na massa de forma independente e para valer, não faltarão fontes de recursos resgatáveis nesta Província.
Aliás, é por essas e outras que a proposta que fiz em agosto não teve repercussão alguma por aqui. Por ciuminho bobo da mídia e amedrontamento dos bandidos sociais.
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