Desindustrialização (e suas variações) é um verbete muito conjugado nesta revista digital. Nada mais natural. O desencaixe econômico da Província do Grande ABC vem de longe. E tudo foi registrado pela revista LivreMercado, antecessora de CapitalSocial, a qual comandei editorialmente por duas décadas. Pois vou retomar de forma mais persistente a abordagem conceitual e factual de desindustrialização. Tudo porque um leitor, cujo nome revelarei numa próxima ocasião, me presentou com alguns artigos sobre os quais vou me referir diretamente também numa próxima matéria.
Sabem os leitores quantos artigos do acervo desta revista digital citam diretamente o verbete desindustrialização de forma protagonista ou acessória? Nada menos que 355. Se o mecanismo de busca desta revista digital pudesse recolher simultaneamente outras palavras ou mesmo expressões que correspondessem aos conceitos de desindustrialização, o manancial seria ainda maior.
Para dizer a verdade – e isso é uma espécie de desabafo disfarçado para atingir os vagabundos de plantão que tentaram me estigmatizar como anti-regionalista, porque jamais aceitei esconder o processo destrutivo da economia produtiva da região – as matérias que relataram a derrocada industrial da região sempre foram amaldiçoadas. Nada mais consagrador. Infelizmente para eles, o tempo tratou de provar que uma combinação de fatores levou grande parte de empreendimentos industriais da região a procurar outras paragens.
Sem contar uma grande leva que pereceu no meio do caminho entre a fantasia de acreditar que poderiam escapar da degola e a dura realidade da invasão dos bárbaros multinacionais, sobretudo no setor de autopeças.
Vagabundos instrumentalizados
Sei o que passei ao enfrentar as feras da mídia e de representantes institucionais aboletados na região que, por vagabundice ou interesses sórdidos, alguns até por desconhecimento, não economizaram tentativas de me colocarem a escanteio. Foram muitas as situações constrangedoras para eles. A cada temporada novas estatísticas e novos fatos corroboravam com as análises que sustentavam a linha editorial de LivreMercado e, mais tarde, de CapitalSocial.
Então ficamos assim: aguardem que vou voltar ao assunto e iniciar a reprodução de matérias que fizeram história de LivreMercado e CapitalSocial, as quais se entrecruzam com artigos de um especialista internacional editados recentemente.
Só para aguçar o apetite de curiosidade: resgatei a primeira matéria sobre o esvaziamento industrial da região que produzi para LivreMercado, no primeiro ano de circulação daquela publicação em formato tabloide. Foi em março de 1990. Um quarto de século, no mínimo, coloca este jornalista (e também os profissionais de comunicação com os quais atuei na revista LivreMercado) na linha de tiro dos prevaricadores de sempre e seus herdeiros naturais. Nunca foi tão fácil – e triste – acumular tantas vitórias.
Quando as análises não se deixam contaminar por qualquer tipo de enfermidade social – ideologia radical, ganância e ilusionismos político-administrativos – é natural que o resultado seja uma constelação de acertos.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)