Imprensa

Aviso aos viajantes: vou voar
nas asas dos caças de Marinho

DANIEL LIMA - 05/02/2016

Vou passar o carnaval mergulhado na leitura de livros e revistas. Também vou cuidar de minhas cachorras. Não perderei capítulos de Romeiro Rômulo, esse personagem tão próximo do que conhecemos da alma humana na região. Não perderei potenciais bons jogos de futebol. Vou ver pessoalmente o Santo André jogar no Estádio Bruno Daniel pela Série B do Campeonato Paulista. Vou colocar meus arquivos jornalísticos físicos em ordem, porque tudo que foi publicado e selecionado em janeiro precisa ser catalogado e despachado para o escritório. Meu Arquivo Minha Vida, eis a síntese da segurança com que me lanço diariamente ao trabalho.


 


Também vou dar uma flanada nos arquivos físicos e digitais próprios e de terceiros da operação que culminou na contratação dos caças suecos, agora sob investigação de autoridades competentes. Não vou perder esse filão entre outros motivos ou principalmente porque pode ser mais um ramal de complexidades do grupo político incrustrado na região e que mantém a estrela vermelha no peito.


 


Desconfio que os suecos se meteram numa enrascada. Há elementos de sobra que conduzem à suspeita de que a escolha do Gripen não foi obra genuinamente econômico-concorrencial.


 


Para dizer a verdade, já comecei a resgatar algumas preciosidade sobre os negócios que levaram à contratação dos caças Gripen. O prefeito Luiz Marinho vai ter de responder a muitas questões. Ele se envolveu de corpo, alma e asas na missão de trazer uma fábrica do projeto a São Bernardo. A operação pareceu muito estranha. Marinho sempre contou com os préstimos de um lobista que anda sumido da praça. Um lobista que representava os interesses de uma empresa que se tornou parceira potencial dos suecos. Parceira potencial, mas não necessariamente confirmada. A Saab teria recuado de determinadas projeções ao descobrir que o lobista seria um fio desencapado. 


 


Vocabulário da vitória


 


Chamo a atenção dos leitores mais pudicos a não lerem as próximas linhas, porque lhes parecerão deseducadas e ofensivas. A culpa não é deste jornalista nem de outros jornalistas envolvidos no assunto. Apenas vou reproduzir uma frase do prefeito Luiz Marinho, publicada em janeiro de 2014, ao explicar as razões que levaram São Bernardo a ser escolhida para a instalação da fábrica sueca que produziria os caças Gripen, comprados pelo governo brasileiro. Sabem o que disse o prefeito de São Bernardo, com a finesse que o caracteriza? Tapem os olhos quem não quer se ofender porque lá vai bomba: “Eu sou bom pra caralho”, afirmou.


 


A imprensa regional não dá bola para os desdobramentos da Operação Zelotes que chegaram aos caças suecos porque a imprensa regional perdeu a embocadura crítica. Tanto os efeitos locais do Petrolão quanto da Zelotes são desprezados porque faltam profissionais experientes e com liberdade de atuação para escarafunchar os assuntos. CapitalSocial, também nesse ponto, é uma exceção à regra. Entendo que ou se pratica jornalismo de verdade ou se coloca uma tarja preta na primeira página de cada publicação impressa e digital com a seguinte frase: “Tratamos apenas de amenidades”.


 


Muitas emoções


 


Mas, voltando aos dias de carnaval que faço questão de passar em minha residência, garanto que não me faltarão emoções em todas as atividades que executar como jornalista sempre na ativa. Sim, jornalista sempre na ativa. Inclusive quando dou caminhadas com a Lolita e a Luly. O trajeto serve tanto para me aproximar de gente que não conheço (as cachorras são chamarizes para amizades circunstanciais) quanto para reflexões sobre o dia de trabalho que me aguarda.


 


Entre as muitas emoções que me aguardam nestes dias (faço de cada atividade momentos de intensidade vivencial) os caças suecos provavelmente serão eletrizantes. A reabertura de investigações sobre esse negócio comandado por Luiz Marinho (ele mesmo se colocou à frente do projeto para vender a bobagem de que construiria um cluster da indústria de defesa em São Bernardo) é um convite a novas leituras sobre velhas informações que poderão, sob contexto mais apropriado, se tornarem preciosas a esclarecimentos importantes.


 


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Fábrica de caças em São Bernardo é ótimo negócio só para alguns


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