Vou publicar na edição de amanhã, terça-feira, a lista das primeiras 50 razões que levam muitos a me amarem e alguns (ou seriam muitos também?) a me odiarem. O problema é que os que me amam como jornalista o fazem quase em silêncio, em mensagens, e os que me odeiam, que integram a turma do Assalta Grande ABC e do Omita Grande ABC, o fazem em forma de rede, com combinações que chegam inclusive a nichos do Judiciário despreparados para entender a função jornalística. O que alguns querem é me botar atrás das grades. Principalmente os corruptos mais que conhecidos mas ainda impunes. Lugar de jornalista independente é a cadeia ou o cemitério. Uma coisa não exclui a outra, claro. Os bandidos sociais acham-se intocáveis à falta de uma Lava Jato para valer envolvendo o Ministério Público, Polícia Civil e Judiciário na região.
Entretanto, como coloco a função profissional acima, muito acima, de interesses pessoais, porque é da natureza da profissão desdenhar dos riscos e apostar em transformações, o que resta como balanço geral é um conjunto uniforme de posicionamentos coerentes e que geram amizades e inimizades. Não por outra razão costumo dizer que jornalista sério que não tenha adversários ou inimigos declarados ou escondidos provavelmente está deixando de lado a possibilidade de juntar-se ao grupo seleto de quem não aceita prato feito.
O custo da independência
Por isso, na edição de amanhã, apresentarei as primeiras 50 razões para que leitores ocasionais ou constantes entendam o espírito desta revista digital. Uma revista digital que completou, em outubro do ano passado, 50 anos de atividades. Como assim, se a Internet não tem esse tempo todo? Porque tenho 50 anos de profissão e coloco aqui toda essa experiência e aprendizado.
Algum leitor, compreendendo de fato o que se passa com CapitalSocial, herdeiro mais crítico e independente da revista LivreMercado, a qual criei e dirigi editorialmente durante duas décadas, acreditaria na lorota de que tanto este jornalista como parentes próximos igualmente jornalistas não têm outro destino senão a discriminação impiedosa dos donos do dinheiro e do poder na região?
Sejamos francos: não seria muito melhor para toda a família se este jornalista deixasse essa sociedade de omissos e de covardes e se lambuzasse nos lençóis do Assalta Grande ABC e do Omita Grande ABC? Claro que sim, claro que sim. Mas, porque é da natureza do jornalismo independente, estamos na luta sem parar.
A lista dos 50 primeiros motivos de paixão e de ódio ao jornalismo que praticamos sai na edição de amanhã porque a demanda por mais conhecimento histórico sobre o papel que desempenhamos nesta Província é um martelar permanente de leitores em geral. Muita gente desconhece as estranhas de Capital Social, ramificadas no passado já distante. Muitos leitores, aliás, caem de paraquedas chamados à leitura por algum assunto mais candentes do dia e nem sempre se posicionam de forma sustentável.
Por isso, entre outras razões, vamos apresentar a lista dos 50 motivos para amarem e odiarem este jornalista. A partir de então, sempre que um leitor sem conhecimento agregado específico do jornalista que praticamos se manifestar, trataremos de lhe enviar, em seguida, e reservadamente, o material que publicaremos amanhã.
Amores e ódios contraditórios
Rio às escâncaras de mim mesmo quando escrevo que a audiência de CapitalSocial é eclética no gostar e no odiar, porque não são sentimentos estanques que contemplam estas páginas digitais. Há os que me amam hoje e me odeiam amanhã. Não faltam os que me odeiam hoje e me amam amanhã. Também há quem me ame sempre ou quem me odeie sempre também.
Vou dar um exemplo de quem me ama hoje e me odeia amanhã. Se escrever sobre as lambanças do governo Dilma Rousseff, as manifestações de apoio são infinitamente maiores do que as de rejeição, porque o momento é de desprezo ao PT. Entretanto, se escrever sobre as tranqueiras executivas do governo Fernando Henrique Cardoso no tecido econômico da região, nos anos 1990, os mesmos que me apoiaram no dia anterior são ruidosamente condenatórios a mim no dia seguinte.
Com o caso Celso Daniel, do qual sou o jornalista mais bem informado no País porque tive a sorte de acompanhar os desdobramentos das investigações ao longo dos anos sem me deixar contaminar por ideologias e partidarismos, o que mais tenho é o suporte de petistas e a condenação de tucanos. A versão massificada de que se tratou de crime político, de queima de arquivo, é uma avalanche contra os textos deste jornalista que apontam, por conta das investigações policiais, um caminho conclusivo completamente diferente. Sou petista empedernido àqueles que não aceitavam outra versão senão a morte político-administrativa de Celso Daniel. Sou um tucano detestável àqueles que não suportam ler neste espaço crítica a qualquer integrante do petismo ou do cutismo.
Certo mesmo é que a prática do jornalismo salgadíssimo exige o que infelizmente poucos profissionais do setor têm de fato: personalidade para encarar os bandidos sociais que infestam a praça e equilíbrio para não se deixar levar pelos adoradores que me enchem de elogios.
A lista dos primeiros 50 motivos para entenderem o DNA desta revista digital, estuário de 50 anos de profissão, é um bom começo para que decifrem de vez uma faceta deste jornalista: meu compromisso será sempre e sempre com a análise de fatos principalmente regionais que julgar indispensáveis ao entendimento do passado, à compressão do presente e à projeção do futuro. Como deve ser o bom e convencional jornalismo com responsabilidade social.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)