Embora o tempo seja curto, com apenas dois meses desde a posse da nova e ao que tudo indica dinâmica diretoria do Clube dos Construtores (e Incorporadores, Administradores e Imobiliárias) do Grande ABC, a gama de iniciativas confirma a expectativa de que os tempos ditatoriais e inúteis de 21 anos de mandatos do presidente Milton Bigucci vão ficar num lugar qualquer de desprezível passado.
Enfatizar a diferença entre o que se descortina ao futuro próximo e o passado errante, errático e muito mais, é questão essencial para se estabelecerem novas configurações de uma instituição vital à dinâmica econômica e social da região. Fora essa constatação, tudo não passaria de cinismo.
O Clube dos Construtores já atua de forma descentralizada e como tal tem promovido reuniões por segmento, uma novidade que consta do novo estatuto. Já foi realizado encontro com representantes de imobiliárias, conduzida por Sérgio Mariano. Hoje o encontro será com os administradores de condomínios, sob a coordenação de Tania Mendes. No dia 16 será a vez de incorporadores e construtores, com Paulo Augustini à frente.
Antes disso, no dia 14, será realizado painel com especialistas que debaterão a questão dos distratos que atazana a vida dos empreendedores e também dos compradores de imóveis. Também já foram convidados dois deputados da região, o estadual Orlando Morando e o federal Alex Manente, para discorrem sobre as principais realizações dos governos estadual e federal na região. Possivelmente sairão dos eventos com reivindicações do setor.
Começo de jornada
Isso é somente o começo de uma jornada que será bastante produtiva quando se toma o pulso dos dirigentes da entidade e se ouve com satisfação o entusiasmo que transmitem. Há mobilização intensa. Parece existir em cada dirigente e também nos novos associados eletricidade especial, movida pelo imperativo de recuperar o tempo perdido em combinação com o enfrentamento destes tempos de vacas magras no setor imobiliário.
Estou tão acostumado à compulsoriedade de distribuir porradas nas instituições públicas e privadas da região, em larga escala inoperantes, quando não covardes, que chego a duvidar que esteja a dedilhar estas linhas. Como se explica tamanha transformação se ainda não me interditaram por insanidade mental? Simples, muito simples: felizmente, mas muito felizmente, há motivos concretos à geração de uma narrativa que é o sonho de qualquer jornalista alheio às forças de pressão de mandachuvas e mandachuvinhas orquestradores de pratos feitos e alquimias marquetológicas.
O melhor mesmo do Clube dos Construtores é que muito mais novidades estão pintando na área. Mais e contundentes novidades. Há de se levar em conta que a nova diretoria, comandada por Marcus Santaguita, está tomando pé de uma situação de escombros encontrada e sobre a qual, por razões que não precisam nem devem ser explicitadas neste momento, eles preferem não comentar. Em suma, a nova direção do Clube dos Construtores está trocando a fuselagem do avião em pleno voo.
As reuniões com segmentos do setor, antes totalmente desprezados, têm significados especiais ao aproximar dirigentes de uma camada imensa de empreendedores que jamais observaram o Clube dos Construtores como algo que lhes pertenciam. Sobretudo das áreas de administração de condomínio e de imobiliárias. Mas seria estupidez minimizar o segmento de construtores e incorporadores. Durante muitos e muitos anos aquela instituição se resumia a literalmente meia dúzia de produtores de habitação.
As reuniões mensais com esses empresários não passavam de uma informalidade brutal, de troca de conhecimentos para uso exclusivo deles próprios, porque não havia nenhum sentido classista mesmo de modelo antiquado, corporativista, a motivá-los. Ou seja: o Clube dos Construtores não passava de uma ação de poucos amigos ou de poucos conhecidos, para ser mais preciso.
Crise dos distratos
O debate programado na tentativa de encontrar saídas para a crise dos distratos é um passo importante porque pode contribuir para sensibilizar o Judiciário sobre um jogo que se tornou totalmente desfavorável aos compradores de imóveis e, em seguida, coloca dos construtores e incorporadores no contrapé.
A devolução de valores financeiros decorrente da desistência de compra de imóveis antes do financiamento bancário saiu de um enquadramento exploratório de empresários oportunistas e desalmados e deu um giro de 180 graus, em muitas situações, com a fuga em massa de compradores de modo a comprometer a viabilidade orçamentária do empreendimento.
Sei de fontes insuspeitas que mais novidades vão pintar na tela do Clube dos Construtores. Há espécie de avalanche de ideias em perfeito casamento com a potencialidade de execução. O presidente Marcus Santaguita parece reconhecer uma situação que exige todos os cuidados de bom planejador para que não haja equívoco na distinção entre determinação e voluntarismo. Ou seja, entre propostas factíveis de consumação e proposições que atropelem a estrutura de recursos pessoais de que passou a contar a entidade.
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