O texto já está pronto, prontíssimo, mas decidi deixar a edição para amanhã neste espaço. Preferi dar prioridade à Operação Lava Jato Regional, que já virou manchetíssima desta edição e está logo acima. Basta o leitor erguer os olhos. Se já não os ergueu. O que deixei para esta quarta-feira é nova matéria que prova e comprova o empobrecimento de São Bernardo nas últimas décadas. Um empobrecimento muito maior que o registrado na região. Os dados são inéditos. A abordagem, igualmente.
Se minha especialidade é regionalidade no sentido contemporâneo, não existe razão para deixar de escarafunchar tudo que interessa à sociedade. Até porque, como provam as mídias locais que adotaram outro conceito de comprometimento social, não existe maneira de esconder os fundilhos do triunfalismo anate o peso da realidade dos fatos. Como diria o advogado e político San Thiago Dantas, “nada está mais próximo do máximo de ingenuidade que o máximo de esperteza”.
Santíssima trindade
Longe estou de perseguir, no sentido pejorativo, as entranhas econômicas de São Bernardo. Seria arrematada idiotice, entretanto, se desprezasse a Capital Econômica da Província e a Capital Nacional de Veículos como fonte principal de observações e estudos de nossa regionalidade em frangalhos. Responsável por mais de 40% do Produto Interno Bruto da Província, São Bernardo vai muito além dos números econômicos. É também a Capital Política da Província.
Ou seja: a cidade comandada por Luiz Marinho é espécie de Santíssima Trindade: Capital Econômica e Capital Política da região, além de Capital Nacional de Veículos. Até que ponto essa Santíssima Trindade vai se manter? Eis uma pergunta desafiadora, que não faz parte do texto já preparado, mas que, quem sabe, numa outra edição, este jornalista decida tentar esmiuçar.
Fico a pensar se não incorro em erro ao mencionar a tríplice coroação de São Bernardo. Não seria mais justo incluir um quarto polo de destaque, atribuindo-lhe o título de Capital Sindical do País? Acho que não. A influência do Sindicato dos Metalúrgicos, com suporte do ex-presidente Lula da Silva, e também como fruto do peso automotivo em combinação com as montadoras de veículos, me força a admitir engano.
Então, de fato, São Bernardo carrega quatro cetros importantes. Seria exagero trocar a Santíssima Trindade pelos Quatro Cavaleiros do Apocalipse? Os sinais emitidos nas áreas política, econômica, sindical e automotiva não são de preocupar São Bernardo e o entorno regional?
Viram os leitores como é a vida de jornalista? Pretendia fazer marquetagem do que já produzi para a edição de amanhã sobre importantíssimo indicador de empobrecimento econômico de São Bernardo e enveredei por outros caminhos. Faz parte do jogo. Mas voltarei ao assunto que tomou a cena neste texto. Valerá a pena. São Bernardo que se cuide, porque está mesmo mais para a segunda opção, de apocalipse, do que para a primeira, de santíssima.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)