Economia

Secretários de Desenvolvimento
viram notícia. E sofrem muito

DANIEL LIMA - 22/03/2016

O jornal Repórter Diário procurou transformar em material jornalístico as atividades dos secretários de Desenvolvimento Econômico da região. Nada mais patético. Não por conta do repórter, que cumpriu missão impossível. A pauta foi oportuna, para confirmar a realidade dos fatos. As secretarias de Desenvolvimento Econômico dos seis municípios da região (Rio Grande da Serra caiu na real de que não carece de tamanha fantasia) são quadradinhos sem o menor interesse dos chefes dos Executivos desde muito tempo, ou de quase sempre. Até parece que a região está uma maravilha econômica.

O que os secretários disseram ao Repórter Diário não seria digno nem de registro neste espaço, porque não quero contribuir para disseminar fantasias ou enaltecer quinquilharias que não têm peso minimamente significativo à reestruturação da economia regional.

Estamos caindo pelas tabelas, com crise automotiva, ameaça ao Polo Petroquímico, pequenas indústrias abrindo o bico massacradas pelo mercado desigual e pelo Programa de Proteção ao Emprego que só enxerga os grandes players, entre outras vicissitudes. O que os secretários têm como respostas não passa de um carimbo autocondenatório de que exercem funções descartáveis. Correm o risco de devolverem seus vencimentos ao Tribunal de Contas do Estado. Seriam funcionários fantasmas, não na forma, mas no conteúdo.

Oswana impagável

A secretária de Santo André, também vice-prefeita, Oswana Fameli, agora conta com autorização do governo do Estado para as primeiras iniciativas do chamado Parque Tecnológico. Virou porta-bandeira de um embuste. A secretária, embora principiante no ramo da política, já incorporou todos os vícios de linguagem. Ela disse exatamente o seguinte ao repórter: “Eu tenho certeza de que o Parque Tecnológico representa mudança para a indústria em Santo André. Uma nova era, assim quando a gente viveu há alguns anos quando o robô passou a substituir a força humana”. Fechem as cortinas, fechem as cortinas. Alguém precisa deixar de lado o bom-mocismo que muitas vezes atrapalha as relações profissionais com as mulheres. O jogo politicamente correto é improdutivo. Alguém há de dizer a Oswana Fameli que ela pisou novamente no tomate do onirismo declaratório.

Para começo de conversa, e simplificando um assunto sobre o qual já dediquei várias análises, a reindustrialização de Santo André não pode ser confundida com eventual seletividade de investimentos no Parque Tecnológico. Aliás, quem perguntar a Oswana Fameli o conceito que pretende utilizar para botar fogo no ritmo de evolução do Parque Tecnológico, vai ouvir um silêncio profundo. Ou alguma especulação sem pé nem cabeça.

Embora o assunto esteja na marca do pênalti da região há quase uma década, nem Oswana Fameli nem ninguém com juízo no devido lugar atuou para, preventivamente, preparar estudos e propostas que coincidissem com a fita de largada oficial. A vocação regional -- da indústria de plástico -- foi integralmente desprezada.

Hitoshi sonhador

O secretário de São Bernardo, Hitoshi Hyodo, está queimando o prestígio que acumulou na representação local do Ciesp. Levado à Administração de Luiz Marinho em julho do ano passado, dá para imaginar o tamanho do arrependimento que o acomete. Principalmente após o rompimento do Sistema Fiesp/Ciesp com o governo Dilma Rousseff, extensão do petismo de São Bernardo.

Hitoshi desistiu de uma aberração chamada Zona de Processamento de Exportações. A iniciativa não tem pé nem cabeça fiscal. Jamais teria uma região metropolitana como sede. As razões óbvias e que a proposta conflitaria principalmente com a Zona Franca de Manaus, em estado de penúria nestes tempos de recessão.

Agora, Hitoshi volta-se à indústria de defesa, no vácuo dos caças Gripen, como se o projeto contasse com alguma coisa substanciosamente transformadora na região. Até mesmo a planta industrial do Gripen não está garantida depois da hecatombe política e econômica patrocinada pelo governo petista. Uma planta, sempre é bom registrar, que não passa de preliminar da preliminar do jogo principal que será disputado na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, principalmente em São José dos Campos.

Turismo denunciatório

Arnaldo Gonzales Xavier, de São Caetano, coloca no altar de realizações as facilidades burocráticas para a criação de empresas em São Caetano. Diadema do secretário Jorge Bialli, fala da possibilidade de implantar o programa de turismo industrial, como São Bernardo o faz sem grandes afluências. Sugeriria ao secretário que adotasse marketing que talvez faça muito sucesso: “Visite a indústria de Diadema antes que acabe”. Palavra dos pequenos empresários locais, sufocadíssimos com tudo que transformou o Brasil em plataforma de recordes de inadimplência e baixa produtividade.

Mauá do secretário Luís Lisboa fala sobre alguns saldos de empregos de empresas do setor de varejo, como se a destruição de empregos industriais no Município, fosse uma brincadeira de estatístico irresponsável. Ribeirão Pires, de Paulo Silotti, torce para que projetos de lei que legalizam os jogos de azar sejam aprovados. Na simplicidade de quem acredita que os impostos arrecadados são significativamente mais importantes que as sequelas sociais e econômicas, o secretário não vê a hora da jogatina se tornar a principal fonte do PIB municipal.

Tudo isso, acreditem, é o resumo do que a reportagem heroica do Repórter Diário transmitiu aos leitores. O conjunto de medidas adotadas ou a serem adotadas pelos secretários de Desenvolvimento Econômico é a prova provada de que estamos fritos e mal-pagos. Que nosso futuro não é mais um enorme ponto de interrogação. É um ponto final devastador.



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