Vou escalar amanhã a seleção da região desta temporada, após o encerramento da fase classificatória da Série B e ao restar apenas uma rodada da fase também classificatória da Série A do Campeonato Paulista. Decidi escalar um time inteiro e também o treinador após assistir a muitos jogos das quatro equipes, presencialmente ou no sofá. A soma das qualidades individuais e coletivas, além de conceitos que tenho sobre a melhor maneira de jogar futebol estarão associados na definição do grupo de profissionais que será provisório, embora tenha cara de definitivo. Os jogos que faltam não alterariam a relação. Talvez numa ou noutra posição possa haver mudança, de acordo com o rendimento futuro.
Acho que minha seleção não terá unanimidade, porque futebol é muita paixão, mas também não ficará distante do sensato. Não estou nem um pouco interessados em aplausos e vaias. Sei que a choradeira de quem se sentir preterido e também de companheiros da mídia se manifestará provavelmente de maneira educada ou politicamente correta. Faz parte do jogo.
Não houvesse acompanhado a maioria dos jogos das quatro equipes não me meteria nesta empreitada. Como sou suficientemente responsável em tudo que exija ponto de vista, opinião, análise, essas coisas, não negligenciei um jogo sequer que estivesse a meu alcance. No final de semana que passou assisti ao empate do Santo André diante do Paulista, a derrota do Água Santa contra a Ponte Preta e a vitória do São Bernardo diante do Red Bull. O jogo do Santo André acompanhei no local; os outros dois em transmissões da TV.
São Bernardo tem mais
Não vou antecipar o nome do treinador que escolhi para comandar essa seleção, mas não resisto a dizer que dos 11 titulares (aliás, só vou listar os 11 titulares), cinco pertencem ao São Bernardo, quatro ao São Caetano, um ao Santo André e um ao Água Santa. Sei que os leitores estão curiosos em saber os nomes já, mas não é possível. Posso dizer que meu time joga no sistema 4-1-4-1, com variação para algo como o 4-5-1.
Há situações que exigem cuidados especiais, mas, mesmo assim, por conta de o futebol brasileiro reunir equipes semelhantes de acordo com o potencial de investimentos, a escalação básica deve ser mesmo ofensiva, mas também defensiva. O 4-1-4-1 é um desenho lógico de ofensividade e defensivismo. A síntese é a capacidade de compactação e de complementação funcional.
Estava a ouvir de passagem outro dia um comentarista de rádio em defesa da escalação de dois volantes pegadores no meio de campo. Essa cultura em defesa de brucutus fez com que a ficha futebolística de Dunga se tornasse muito maior do que deveria quando se avalia um profissional que durante tanto tempo e tantos jogos defendeu em campo a Seleção Brasileira.
Parte da crônica esportiva é uma das razões do atraso tático do futebol brasileiro dentro de campo. E de permissividades fora de campo. Pouquíssimos combatem para valer gente que faz do futebol uma maneira pouco respeitável de valorização da meritocracia.
Então, ficamos assim: amanhã, terça-feira, escalo a seleção (provisória) da região. Não há nada de equivocado em selecionar jogadores de competições diferentes. Levei em conta principalmente os jogos entre semelhantes, no caso dos times da região da Série A contra equipes do mesmo porte, as quais, todas, não estão muito acima da média de produção das equipes de ponta da Série B. Tanto é verdade que o Água Santa, apesar de todos os pesares (e coloquem pesares aí) ainda é superior a seis equipes de pequeno porte da Série A.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)