Imprensa

Seria o Diário do Grande ABC
um jornal de direita? Seria?

DANIEL LIMA - 08/04/2016

Um debate virtual será trazido a esta revista digital para responder à pergunta do título. Não contive o interesse de criar esse estratagema para participar mesmo sem ter sido convidado de uma análise publicada no jornal ABCD Maior, veículo impresso e digital mantido pelo sindicalismo alinhado ao Partido dos Trabalhadores. Um jornal de esquerda, portanto.

O titulo “Diário, o braço ‘direito’ do Grande ABC” não deixa dúvidas sobre a conotação da abordagem do texto que vou destrinchar na semana que vem. O “direito” tem conteúdo ideológico recriminador claro. Quem assim o decidiu é de esquerda. “Direito” no caso é uma corruptela político-ideológica do “Direito” de cunho estritamente marquetológico, algo como “confiança, força, responsabilidade” propagada na campanha publicitária do Diário do Grande ABC no final dos anos 1990.

O mote do jornal -- “O braço direito do Grande ABC”-- não foi dos mais felizes, convenhamos, porque disseminado numa região de fortes raízes sindicais de trabalhadores. Teria sido muito melhor “O braço forte do Grande ABC”. Deu no que deu, como os leitores acompanharão em seguida.

Debatedor instigante

O que interessa mesmo é que na semana que vem vou participar do debate virtual. Os insumos sobre os quais dedicarei observações é o texto assinado pelo economista Jefferson José da Conceição, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo. O atualmente diretor técnico da Agência São Paulo de Desenvolvimento é um acadêmico que se dá muito bem na forma e no conteúdo quando se dedica a escrever. Sem juízo de valor sobre o que transporta às páginas do ABCD Maior, Jefferson José da Conceição é um debatedor potencialmente instigante a quem se dispor a oferecer contraposições às ideias que desfila com clareza e de forma sofisticada.

Pois é o que vou fazer. No caso específico, teremos um debate virtual – pelo menos numa primeira rodada – que obedecerá a uma lógica diferente: vou transformar o texto de Jefferson da Conceição em matriz às observações que farei.

Quem imagina que isso é tudo desconhece a participação de mais um debatedor, esse indireto. Trata-se do jornalista Celso Horta, criador do ABCD Maior. Jefferson da Conceição faz a análise de uma dissertação de Celso Horta, defendida há 13 anos, em 2003, no programa de Mestrado em Administração no antigo Imes, hoje Universidade de São Caetano do Sul.

Explicando o debate

Sugiro ao leitor que, na dúvida, releia o trecho anterior deste texto, porque poderá parecer complexo demais o entendimento do que será o debate que decidi promover. Vou tentar explicar melhor: Jefferson da Conceição escreveu um artigo que analisa a dissertação de mestrado de Celso Horta. Além de transportar o que considerou trechos importantes de autoria de Celso Horta, Jefferson da Conceição meteu seu pitaco. Se ele pode meter o pitaco numa narrativa de terceiros, acho que também posso. Até porque, o sentido não é outro senão estabelecer contraponto que julgo indispensável. E cujo centro difusor de prováveis contrapontos é a conclusão a que chegou o autor da dissertação.

Celso Horta considerou, como núcleo conceitual do trabalho acadêmico, que o Diário do Grande ABC é uma publicação de direita. No campo específico de que tratou a linha editorial do jornal – as relações trabalhistas na região -- o dirigente do ABCD Maior está redondamente enganado. É isso que pretendo expor no debate virtual.

Sei lá se Jefferson da Conceição é muito próximo de Celso Horta. Talvez não seja. Se o for, ao levantar o que chamaria metaforicamente de defunto acadêmico, no caso a dissertação de mestrado, colocou o companheiro em situação delicada. O tempo, esse inimigo voraz da paixão ideológica, sucateou boa parte dos enunciados pinçados do trabalho acadêmico, então já imprecisos.

Artilharia pesada

Deixo tudo para a semana que vem. E, da mesma forma que meti o bedelho em trabalho alheio com o objetivo exclusivo de levar um contraditório importante aos leitores, estou pronto a réplicas e tréplicas, se assim o quiserem meus debatedores. Só faço uma sugestão de cunho cautelar, para evitar contratempos maiores: embasem muito bem eventuais contra-ataques legítimos e necessários à democratização de informações. Não se esqueçam que sou proprietário senão do maior mas do mais bem organizado arquivo de textos jornalísticos desta Província.

Cada pasta que abro é um estouro de revelações. Não tenho o menor interesse em correr para a galera. Quero apenas – e o farei – colocar os pratos a limpo nesse barco mais que furado de que o Diário do Grande ABC foi ou é direitista nas relações entre capital e trabalho. É preciso ter um olhar muito enviesado para chegar a essa avaliação. Foi o que fez Celso Horta, fundador, repito, de um jornal em que o socialismo petista vigora, praticamente sem direito de informação a quem não professa a mesma ideologia.



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