Economia

Diadema lidera ranking de
perda de empregos no G-22

DANIEL LIMA - 29/06/2016

A configuração econômica de Diadema, de pequenas indústrias metalúrgicas e químicas, ajuda a explicar por que esse Município da Província do Grande ABC ocupa a liderança do G-22 no ranking de perda líquida de empregos nos últimos 12 meses encerrados em maio.

G-22 é o agrupamento de cidades que CapitalSocial organiza para estabelecer confrontos. Nada mais ajuizado para evitar que ranços de provincianismo fixem bases intocáveis. O Clube dos 22 é integrado pelos sete municípios da região e as 15 maiores economias do Estado de São Paulo.

Antes desse desenho tínhamos o G-20, com os 20 maiores municípios do Estado, exceto a Capital. Constavam da lista cinco dos municípios da região. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra foram acrescentados. Desta forma, o Clube dos 22 se desdobra, em muitas comparações, em G-15 e G-7. Ou seja: os 15 maiores do Estado e os sete representantes da Província.

Dobro do Brasil

Diadema lidera o ranking de perda de empregos com carteira assinada quando se consideram todas as atividades econômicas. Foram nada menos que 8,92% de rebaixamento do estoque de trabalhadores desde junho do ano passado. Quem mais se aproxima desse índice é Taubaté, no Vale do Paraíba, com 7,68% de demissões liquidas.

Entretanto, quando se leva em conta exclusivamente os empregos formais do setor industrial, a liderança pertence a Jundiaí, com 15,02%. Taubaté, com 13,97% de queda, vem a seguir. Diadema está na sequência com 13,04%. Nada menos que oito municípios entre os 22 do agrupamento ultrapassam a barreira de dois dígitos de perda liquida de emprego formal industrial. Além de Jundiaí, Taubaté e de Diadema, constam da lista Ribeirão Pires (12,29%), Santo André (11,44%), Osasco 11,03%, Sorocaba (10,59%) e São José do Rio Preto com 10,24%.

Quem menos sofreu esvaziamento no estoque de emprego industrial no período de um ano vencido em maio último foi Santos, única representante do Litoral no G-22. Foram eliminados apenas 3,21% dos empregos formais no período. Menos que os 4,90% de São José dos Campos, os 5,57% de Ribeirão Preto, os 5,97% de Paulínia, os 6,84% de Piracicaba, os 7,06 %de Campinas, os 7,86% de Barueri, os 8,30% de São Caetano, os 8,66% de Mogi das Cruzes, os 8,68% de São Bernardo, os 9,02% de Mauá, os 9,97% de Sumaré e os 9,98% de Guarulhos.

Apenas Rio Grande da Serra, o menor Município da Província, registrou saldo positivo no estoque de emprego industrial em 12 meses, com subida de 14,29%. Como Rio Grande da Serra destoa dos demais municípios, porque é economicamente muito frágil e os números podem sofrer solavancos sazonais, é melhor não considerar o resultado. Rio Grande da Serra só está no Clube dos 22, assim como Ribeirão Pires, para que os resultados do G-7 não sofram danos informativos.

Indústria sofre mais

Em quase todas as situações (sem considerar Rio Grande da Serra) as variações negativas nos estoques municipais de empregos industriais durante  12 meses são muito maiores que os registros  de todas as atividades econômicas -- do setor de serviços passando por comércio, agricultura, administração pública, construção civil e outros. A explicação é simples: o setor industrial sente muito mais as dores da depressão econômica que assola o País, com perspectiva de queda acumulada de quase 8% do PIB (Produto Interno Bruto) quando se associam os resultados de 2015 e os resultados deste ano.  Nem entre 1929 e 1930 o Brasil sofreu tanto com a perda de riqueza.

A contaminação do mercado de trabalho formal como um todo pela quebra industrial levou Diadema a registrar baixa de 8,92% no estoque de empregos total em 12 meses. O resultado é mais que o dobro do índice nacional, que apontou queda de 4,34%. Isso significa que, fosse Diadema, o Brasil teria contingente de demitidos superior a 3,5 milhões de trabalhadores em 12 meses.

Quem mais se aproxima de Diadema em empregos formais perdidos no período é Taubaté com 7,68%. Um pouco acima dos 7,49% de Jundiaí e os 7,02% de Guarulhos. Em comum, esses municípios tem alta dependência do setor industrial.

Outros endereços não ficam distantes dos primeiros colocados no rebaixamento do estoque de empregos totais. Osasco registra queda de 6,91%, contra 6,41% de São Bernardo e 6,06% de Ribeirão Pires. Na casa dos cinco pontos percentuais estão Santos com 5,79%, Sorocaba com 5,75% Sumaré com 5,36%, Piracicaba com 5,33%, Campinas com 5,07% e Barueri com 5,03%. Santo André (4,86%), São Caetano (4,12%) e Mauá (4,54%) representam a região na casa dos quatro pontos percentuais. Contam com o acompanhamento de Mogi das Cruzes (4,95%) e São José do Rio Preto (4,11%). Ribeirão Preto tem o melhor desempenho do Clube dos 22 com apenas 2,97% de queda do estoque de emprego em todos os setores. Um pouco melhor que os 3,84% de Paulínia. Rio Grande da Serra registrou queda de 2,25%.

Região mais industrial

Quando se compara o desempenho coletivo dos sete municípios da região (G-7) com os 15 municípios que complementam o G-22 (no caso o G-15), a conclusão é que o peso do setor de transformação industrial é maior na região. O estoque de empregos formais na indústria em maio último na Província chegava a 208.904 trabalhadores. O montante representava 28,44% da força de trabalho com carteira assinada, já que o total de trabalhadores em todos os ramos alcançava 734.382. O peso dos trabalhadores industriais no G-15 (18,64%) é 10 pontos percentuais abaixo do G-7. São 463.600 empregos na indústria e 2.480.119 em todos os setores de atividades.

O Clube dos 22 conta com total de 3.214.501 trabalhadores com carteira assinada, dos quais 672.504 no setor industrial. No Brasil, em maio último, eram 7.513.086 trabalhadores no setor industrial formal e 39.275.836 no geral. A média de trabalhadores brasileiros no setor industrial é de 19,13%, um pouco abaixo dos 20,92% do G-22.

Há pouca diferença na variação negativa do estoque de trabalhadores entre o G-7 e o G-15 no interior do Clube dos G-22. Os sete municípios da Província acusaram quebra de 11,25% no setor industrial e 6,18% no total das atividades. Já o G-15 registrou 10,48% de carteiras de trabalho eliminadas na indústria e 6,04% quando se somam todos os setores. O G-22 sofre mais com a crise econômica porque no balanço dos 12 meses a média brasileira de rebaixamento do estoque de empregos industriais registrou 7,67% e no conjunto das atividades de 4,34%. Quem mais se aproxima das duas médias brasileiras entre os integrantes do G-22 é Campinas, com 7,06% e 5,07% na indústria e no geral.

Poucos municípios do G-22  reúnem médias melhores que as do Brasil na quebra de emprego industrial e em todas as atividades. São José dos Campos é melhor na indústria, Santos também tem melhores números industriais, mas quem se mostrou menos vulneráveis nos dois indicadores foram Paulínia e Ribeirão Preto.

Tanto os municípios da Província (G-7) como os demais integrantes do G-22 apresentam dados comprometedores quando balizados pelo estoque de trabalhadores industriais e no geral registrados no Ministério do Trabalho. A participação relativa do G-7 no estoque nacional é de 2,78%, mas a incidência de demissões líquidas durante os 12 meses avaliados foi de 3,76%. No geral, o G-7 participa com 1,87% do estoque nacional de empregos formais, mas perdeu em 12 meses 2,54% do estoque. Já o G-15 participa com 5,81% do estoque nacional do setor industrial e com 6,31% do estoque geral, mas perdeu em 12 meses 7,79% e 8,40%. Ou seja: a crise é maior nos dois subagrupamentos, com nuances municipais tanto mais graves quanto menos complicadas.



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000