Produzimos em julho encerrado domingo 31 novos textos que passaram a integrar o acervo de CapitalSocial. Alcançamos, com isso, na temporada, o total de 235. O monitoramento das questões mais candentes da Província do Grande ABC é missão que não reflui mesmo diante de reiteradas tentativas de atropelamento à liberdade de expressão. Querem uma prova maior da importância desta publicação? Quando os mandachuvas e os mandachuvinhas da região se sentem incomodados, tudo indica que há algo a ser considerado. Uma Lava Jato estritamente regional, com autoridades locais, faria um rapa geral.
Quem aprecia jornalismo crítico sabe onde encontrar o melhor conteúdo há muitos e muitos anos. Neste endereço, já são oito temporadas. No conjunto da obra, CapitalSocial carrega mais de meio século de jornalismo. A mensagem começou nos tempos em que dedilhava uma Remington. Depois vieram outras maquinarias que se converteram em cacarecos, soterradas pela tecnologia voraz num processo que os especialistas chamam de destruição criativa.
No caso de jornalismo, entretanto, não há tecnologia que faça o milagre de enxertar conhecimento onde só existem trevas. Por isso é preciso malhar a mente noite e dia sem parar. Se os grandes craques – inclusive o Rei Pelé – jamais deram sopa para a falta de sorte (não escrevo e não falo, nem que a vaca tussa, o verbete correspondente ao contrário de sorte), treinando especialidades muito tempo depois de cada ação coletiva, por que no jornalismo seria diferente?
Transformar ou parar
Não existe futuro se o jornalismo não for imantado de compromisso com transformações sociais. Seria melhor abrir um armazém de secos e molhados, como sugeriu com sarcasmo Millôr Fernandes. É verdade que faltou combinar com os russos, no caso exércitos de gente que não suporta a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão. Avocam esses mercenários a subjetividade marota de invasão de privacidade e outras baboseiras que só enganam quem não tem traquejo com a democracia da informação.
Agora, com as 31 matérias de julho, o arquivo desta revista digital passa a somar 4.166 textos em forma de análises, reportagens e entrevistas. Desse total, 235 foram redigidos nesta temporada. Provavelmente ultrapassaremos a 400 até dezembro. Grande parte desse material foi escrito por este jornalista – principalmente a partir de janeiro de 2009, quando CapitalSocial ganhou formato de revista digital e deixou para trás a configuração de newsletter que durante muito tempo correu na mesma raia da revista LivreMercado.
Aliás, outra porção significativa do acervo de CapitalSocial tem nascedouro lá atrás, nos tempos de LivreMercado, da qual fui criador e diretor de Redação durante quase duas décadas-- além de material de publicações pelas quais passei anteriormente, casos da Agência Estado, do Estadão e do Jornal da Tarde, e, evidentemente, do Diário do Grande ABC, no qual exerci atividades durante um terço de minha carreira.
Nem tudo o que produzi naqueles veículos de comunicação foram transpostos para CapitalSocial. Aliás, fora LivreMercado, a grande massa de matérias que redigi para as demais publicações não foi rebocada para estas páginas digitais exclusivamente por dificuldade de acesso.
O compromisso editorial de CapitalSocial não sofre fadiga de material e tampouco se esgota ante dificuldades deliberadas para cercear o direito à informação crítica. Não seriam os bandidos sociais conhecidíssimos da praça e também alguns que se escondem sob a máscara de benemerentes sociais que vão obstar a passagem desse ferramental de independência jornalística que tanto incomoda e que também, por incomodar, gera tentativas retaliatórias em vários campos -- inclusive de bandidos digitais que se utilizam de material apócrifo para jogar sombras onde só existe transparência.
Mantendo distância
O distanciamento crítico que esta revista digital mantém dos agentes públicos, privados e sociais da região é tamanho que não existe dificuldade em persistir na prática de um jornalismo que publicações menos independentes ou comprometidas jamais ousariam executar.
É preciso compreender o significado de distanciamento crítico, para evitar que maledicentes de sempre fabriquem derivações interpretativas. O conceito resumidamente quer dizer o seguinte: CapitalSocial não tem preconceito, não move perseguição, não discrimina, não se submete a quebrar a cara por teimosia, em relação a qualquer agente público ou privado da região, mas não abre mão de perscrutar a realidade circunstancial e o conjunto estruturalmente histórico de fatos na região nem se submete ao torniquete de condicionalidades que pretendam desviar a trajetória analítica para uma bifurcação de imprecisões à direita e aberrações à esquerda. A centralidade certeira de um tiro no alvo dos grandes desafios regionais é nosso referencial.
Não elaboramos análises preconcebidas. Não lutamos contra os fatos circunstanciais ou históricos. Não navegamos ao sabor de interesses que poderiam passar despercebidos dos leitores. Mais que isso: não navegamos nem mesmo sob condições que nos mantenham presos aos leitores de forma oportunista, demagógica.
Não temos o rabo preso nem mesmo com os leitores exatamente por conta disso, dos pressupostos de uma linha editorial voltada para mudanças que precisam aflorar numa região em estado institucional vegetativo. Sem instituições vivas, inconformadas, reestruturantes, não existe amanhã – apenas a repetição do passado mais deletério que insistimos em reproduzir a cada nova temporada, com agravantes degenerativos.
Por isso, nem mesmo quando uma tocha olímpica passa pelas nossas ruas encontramos motivação para reagir com otimismo. Seria muito mais racional e transformador se tivéssemos capacidade de sair às ruas para protestar contra a anomia que domina a sociedade regional e a cobrar as autoridades uma ação coordenada para nos retirar do acostamento do desenvolvimento econômico.
Politicamente incorreto
Não existe ofensa na confissão de que nem o conjunto dos leitores necessariamente subordina nossos escritos. O que existe é franqueza. Os leitores nem sempre representam propostas claras, porque são muitos, de personalidades distintas, de interesses nem sempre homogêneos. São um espelho muitas vezes de imagens difusas. Não fosse assim, ou seja, não fosse nossa independência inclusive do politicamente correto, CapitalSocial já teria submergido há muito tempo numa mesmice editorial insossa, previsível, passivamente enquadrada pelos mandachuvas e mandachuvinhas da região.
Quebrar barreiras, afrontar o que para muitos é a normalidade sem se darem conta de que a normalidade compactada com base em anormalidades não é normalidade – eis o nosso mantra editorial.
Um exemplo da filosofia editorial de CapitalSocial pode ser retirado da edição de sexta-feira: enquanto as publicações impressas e digitais locais preferiram esconder que Donisete Braga é o prefeito que melhor dirige o atual grupo de titulares de Paços Municipais na região no quesito gestão fiscal, conforme o Índice Firjam, não tivemos a menor dúvida em lascar seu nome do título da matéria em que analisamos a questão, bem como em destacá-lo no texto produzido.
Nenhuma outra publicação o fez. Algumas simplesmente omitiram ou subordinaram a informação a uma ordem de importância inadequada, muito aquém do mérito alcançado pelo petista em meio a uma derrocada quase generalizada dos prefeitos da Província do Grande ABC.
Sem discriminação
Outras publicações optaram por citar nos títulos das matérias a Administração de Mauá, sem nominar o prefeito. Decisão bem diferente de situações em que a imagem do prefeito, por razões supostamente corretas, foi destacada negativamente de forma nominal, de caracterização da identidade do petista. São dois pesos e duas medidas que não se encaixam nos procedimentos editoriais que defendemos.
Estão equivocados os abutres digitais que se aboletam nas redes sociais e em documentos apócrifos ao imaginarem que, por conta de suposto temor de enfrentar o que eles acreditam que sejam situações de risco, este jornalista deixará de praticar com clareza e objetividade a função social que exerce.
O exemplo de Donisete Braga no caso do Índice Firjan é apenas um dos muitos fatos que poderia elencar para expressar o que alguns chamariam de coragem editorial, mas que não passa de coerência profissional. O que mais importa mesmo para CapitalSocial é a informação geradora de análises, sem qualquer critério de seletividade discriminatória conforme o andar da carruagem de interesses inconfessos que aqui não têm lugar.
Essa característica é suficiente para gerar adversidades e contratempos. Reações estridentes e descontroladas de terceiros com interesses específicos em transformar cada jornalista em extensão de seus objetivos pessoais, profissionais ou políticos são o combustível que move CapitalSocial em direção rigorosamente oposta à da Síndrome do Umbigo. A Província do Grande ABC não é diferente do mundo em geral: o jornalismo é colocado em constante prova de fogo e é preciso resistir sempre para que os leitores sejam sempre respeitados – mesmo que existam muitos leitores iguaizinhos aos intrépidos centralizadores do jogo de informações. Abaixo, seguem as datas, os títulos e as editorias das matérias de julho.
Leiam, portanto:
07/07/2016 - Mequetrefe é fetiche editorial que sintetiza improdutividades (Sociedade)
01/07/2016 - Regionalidade soma 204 textos no primeiro semestre. Leiam! (Imprensa)
12/07/2016 - Manente treina 100 metros para disputar uma maratona (Política)
12/07/2016 - Entrevista de Cura é prego no caixão de ilusões biguccianas (Imprensa)
11/07/2016 - Mercado imobiliário precisa de ética e transparência, diz Cura (Entrevista Especial)
11/07/2016 - Quem entre prefeituráveis topa Reportagem Premiada? (Política)
14/07/2016 - Falta voto convicto para prefeito em São Bernardo, antecipa Ibope (Política)
08/07/2016 - Uma entrevista bombástica sobre o mercado imobiliário (Imprensa)
15/07/2016 - Por que Tarcísio Secoli vai tão mal se Luiz Marinho vai bem? (Política)
06/07/2016 - Invasão dos bárbaros aumenta municifobismo em São Caetano (Administração Pública)
05/07/2016 - Viveiro industrial cede espaço a enxame de microempresários (Economia)
05/07/2016 - Clube dos Construtores muda roteiro com balanço semestral (Economia)
04/07/2016 - “Viveiro industrial” cada vez mais empobrecido. Aguardem (Imprensa)
04/07/2016 - Província vai tão mal que não acompanha obras (?) do PAC (Regionalidade)
01/07/2016 - Vamos acabar com a mania de publicar nossos pecados (Sociedade)
08/07/2016 - Um filme sobre Celso Daniel. Já imaginaram quanta bobagem? (Caso Celso Daniel)
22/07/2016 - Província perde fábricas e industrializa inutilidades (Economia)
28/07/2016 - Mercado imobiliário ganha indicador mais abrangente (Economia)
28/07/2016 - Instituições da região receberam cartão vermelho há muito tempo (Sociedade)
27/07/2016 - Bolsa Montadora ou Bolsa Metalúrgico? Jogue duplo (Economia)
27/07/2016 - Reforços no ataque podem levar São Caetano ao acesso (Esportes)
26/07/2016 - Temer e Lula podem ajudar o PT a sair do fundo do poço (Política)
13/07/2016 - Ex-prefeito e prefeito levam vantagem ao tentarem vitória (Política)
25/07/2016 - Marinho chama governador de tratante. E não vira manchete (Política)
29/07/2016 - Donisete Braga é disparado o melhor gestor fiscal da região (Administração Pública)
21/07/2016 - É melhor São Bernardo rezar para não virar Santo André (Economia)
20/07/2016 - Como São Bernardo é tão diferente de São Caetano? (Política)
19/07/2016 - Análise: Cura expõe vísceras do longo reinado bigucciano (Sociedade)
18/07/2016 - Abaixo Museu do Lula. Viva Templo do Capital e Trabalho! (Sociedade)
18/07/2016 - Entrevista de Cura sacramenta enxurrada de erros biguccianos (Imprensa)
15/07/2016 - Manchetíssima do Diário é caso típico de Reportagem Premiada (Imprensa)
25/07/2016 - Volta Redonda do aço perde para Diadema dos pequenos (Economia)
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)