Imprensa

Índice CapitalSocial vai reunir
estatísticas e análises do G-22

DANIEL LIMA - 15/08/2016

A revista digital CapitalSocial vai trazer de volta, mais de 10 anos depois, uma inspiração e uma execução da revista Livre Mercado, publicação que criei e dirigi editorialmente durante duas décadas. Se nos primeiros anos da primeira década deste século criamos o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), desta vez vamos preparar o que chamamos de Índice CapitalSocial, envolvendo o G-22, grupo formado pelos sete municípios da região e os 15 mais importantes do Estado de São Paulo, exceto a Capital.

O G-22 tem perto de 11 milhões de habitantes. É uma cidade de São Paulo espalhada por endereços municipais da região, da Grande São Paulo, do Litoral e do Interior Paulista.

Vamos revelar nos próximos dias os parceiros de jornada estatística e analítica de CapitalSocial. A possibilidade de aperfeiçoar o que realizamos no Instituto de Estudos Metropolitanos é o grande desafio dos fomentadores do Índice CapitalSocial. Uma dezena de anos pode fazer muita diferença, mas aquela experiência e uma base sólida a sugerir que o novo macroindicador servirá de referência a quem pretende levar regionalidade a sério são por demais interessantes.

Não será uma tarefa fácil, claro. O IEME reuniu massa imensa de dados oficiais distribuídos por quatro indicadores e um macroindicador. Por isso, é certo que o Índice CapitalSocial contará com informações relevantes sobre os 22 municípios nas áreas fiscal, econômica, criminal e social. Esses são os núcleos preliminarmente já conectados como matérias-primas do macroindicador.

Trabalhado continuado

A decisão de criar novos indicadores e um macroindicador que sintetizariam os dados num imenso conjunto de informações e análises se tornou compulsória diante de contínua abordagem editorial ao longo dos anos sobre o comportamento dos municípios mais importantes do Estado. No fundo, o IEME jamais deixou de existir como fonte de inspiração ao tratamento editorial de uma publicação digital que tem a regionalidade como mantra.

Nessa longa saga pró-regionalidade pós-IEME, criamos o G-20, que reunia cinco dos municípios da região (foram excluídos Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra por não contarem com musculatura econômica compatível) e os 15 maiores municípios paulistas, sempre excluindo a Capital.

Mais tarde adotamos o G-22, agora com os dois menores municípios da região. Já realizávamos informalmente um caminho suplementar dentro do G-20, incluindo Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, para sustentar a estrutura de análises da regionalidade da Província do Grande ABC. Em seguida, decidimos oficializar aquelas incorporações.

Uma das distinções já definidas entre os indicadores do IEME e o Índice CapitalSocial é que a quantidade de municípios a serem confrontados em vários vetores será menor. Ficaremos restritos ao G-22 propriamente dito, enquanto o IEME, que, numa primeira jornada, avaliou os 55 maiores municípios do Estado, em seguida, na segunda edição, alargou os estudos para 75 unidades do Estado.

Foco mais apurado

O que parece ser um enxugamento com consequente estreitamento dos horizontes de informações e avaliações na verdade é apenas uma opção cuidadosamente formulada levando-se em conta dois aspectos indissociáveis: seletividade e flexibilidade.

Explico: não é porque restringiremos o universo pesquisado que os demais municípios relativamente menos importantes do Estado serão subestimados.

A explicação é simples: os 20 maiores municípios do Estado (estamos excluindo os dois menores, da região) têm imensa capilaridade nos respectivos entornos. Os municípios da região de Campinas que constam do G-22 (Campinas, Jundiaí, Paulínia e Sumaré) influenciam consideravelmente toda aquela área geográfica. Da mesma forma como São José dos Campos e Taubaté no Vale do Paraíba e de Sorocaba na Grande Sorocaba. Também constam da lista Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Piracicaba no Interior, além de Santos, no Litoral, e de Guarulhos, Barueri, Mogi das Cruzes e Osasco, na Grande São Paulo. Agrupados, esses municípios só são superados pela Capital do Estado em matéria de PIB (Produto Interno Bruto).

Nossa experiência com diversos indicadores muito antes até da criação do Instituto de Estudos Metropolitanos em 2003 assegura que o acompanhamento permanente de informações estatísticas permitirá eventual mudança de integrantes do G-22 que, assim como já foi G-20, poderá ter nova identificação numeral se de fato a introdução de novos membros por relevante.

Também não está descartada a manutenção do G-22, mas com eventual criação de um grupo suplementar de municípios cujos resultados em variados indicadores seriam analisados igualmente em paralelo. Tudo vai depender do balanço dos dados que a configuração organizacional do Índice CapitalSocial permitirá no correr do tempo. De imediato, o G-22 se comprova adequado.

Como um campeonato

A sistematização com metodologia apropriada de informações e análises sobre o comportamento do G-22 se tornou imperativa e por isso mesmo não poderia mais esperar. Afinal, há quase duas centenas de artigos nesta revista digital (162 para ser mais preciso) que tratam direta ou suplementarmente tanto do G-20 quanto do G-22.

São dados estatísticos oficiais que já estavam a exigir sincronismo de estudos que permitam ampliar o raio de análises, desgarrando-se de indicadores isolados, sempre muito importantes, mas não suficientes para alcançar uma massa mais ampla e interdependente de informações.

Com a produção de vários estudos separados sobre o G-20 e o G-22, estávamos jogando cada partida como se apenas os três pontos importassem. Agora passaremos a disputar um campeonato, na forma de ranqueamentos específicos de acordo com cada um dos indicadores, até se alcançar o resultado final. Vamos, com isso, contabilizar todos os indicadores, atribuindo-lhes pesos ponderados.

O Instituto de Estudos Metropolitanos reunia exatamente esses princípios, os quais poderíamos chamar de indicadores competitivos. Ou alguém tem dúvidas de que o Índice CapitalSocial será uma competição permanente entre os maiores municípios do Estado, cujos resultados poderão contribuir a novos investimentos e à correção ou aperfeiçoamento de iniciativas de gestores públicos?

Regionalidade e provincianismo

O princípio de regionalidade com valor agregado que sempre defendemos passa a léguas de distância do provincianismo que tanto condenamos e adotamos como identidade do então chamado Grande ABC. Há resistência absurdamente controlada pela indolência de tentar impedir a sociedade da região de acessar informações que confrontem nossa realidade social e econômica com outros endereços paulistas. Querem que querem nos segregar numa bolha a salvo de inconformismos com o estado letárgico em que nos encontramos.

O encalacramento é tão proposital quanto irresponsável. Pretender encabrestar na escuridão consumidores de informações que poderiam se chocar com os dados confrontados é a pior das medidas. A Província do Grande ABC é fabulosamente criativa na geração de informações manquitolas. Joga-se o tempo todo para uma plateia despudoramente enganada.

Gestores públicos e agentes econômicos privados dão-se as mãos no projeto de delimitação regional de dados porque, dessa forma, podem ludibriar a boa-fé de consumidores de informações. Confrontar a produção de riqueza e a geração de perdas econômicas e sociais é a melhor terapia para entender em que situação os sete municípios estão nestas e em outras alturas do campeonato da responsabilidade social.

Mitos estatísticos

Ainda se propaga algo que se tornou um mito a ser devidamente desmascarado: o de que somos detentores do quarto maior PIB do País. Essa contabilidade é uma meia-verdade porque soma os valores dos sete municípios que integram a região, mas se desprezam outras áreas geográficas de municípios interdependentes, caso da Grande Campinas com seus 19 integrantes, por exemplo. Um território no qual os vasos comunicantes da economia são uma realidade.

Há outros endereços municipais, em diferentes Estados brasileiros, igualmente integrados economicamente. Portanto, o conceito de conurbação ganha roupagem explicativa específica quando o direcionamento de investimentos à geração de emprego e renda, por exemplo, espalha-se por territórios não tão grudados na ocupação do espaço territorial limítrofe, mas retroalimentares de vantagens comparativas ao se colocar na mesa o retorno do capital. Grande Campinas, Grande Sorocaba, Grande São José dos Campos, Grande Osasco não são expressões propagandísticas. A Província do Grande ABC quer exclusividade ao avocar-se membro do G-4 do PIB nacional.

O G-22 sobre o qual o Índice CapitalSocial aprofundará estudos e análises é, portanto, a expressão legítima de conceitos que fogem completamente da irracionalidade perturbadora de um provincianismo que, além de estúpido, fecha os olhos e embota o cérebro com danos colaterais cada vez mais gigantescos.

Abram alas, portanto, que, independente de instituições locais que não mexem uma palha para tentar entender o que se passa com a Província do Grande ABC, CapitalSocial continuará a seguir o legado da revista LivreMercado dos tempos deste jornalista. Vamos incomodar quem prefere jogar o tempo pela janela do descaso.



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