Imprensa

Vulnerabilidade do mercado de
trabalho é o primeiro indicador

DANIEL LIMA - 26/08/2016

Vamos publicar oficialmente na próxima segunda-feira o resultado do primeiro indicador de Desenvolvimento Econômico do Índice CapitalSocial de Competitividade, que reúne os integrantes do G-22 Paulista. O G-22 é formado pelos 15 maiores municípios do Estado de São Paulo e os sete municípios da Província do Grande ABC, dos quais cinco (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá) também estão entre os maiores do Estado.

Como garantimos que viemos para estabelecer novos referenciais no macroindicador que vai tomar o pulso econômico, social, criminal e financeiro dos municípios, vamos começar com a vulnerabilidade no mercado de trabalho.

Afinal, do que se trata essa escolha que fiz juntamente com o especialista em potencial de consumo Marcos Pazzini, dirigente da IPC Marketing, e o professor de empreendedorismo da Universidade Mackenzie, Miguel Isoni Filho?

Vamos tentar explicar de forma didática. Mas antes veja como poderia ser o indicador se o Índice CapitalSocial de Competitividade não fosse espécie de revolução que dá sequência, com inovações, aos estudos que realizamos também com Marcos Pazzini à frente do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), no começo deste século.

Como poderia ser

Vamos então ao que seria uma fórmula conservadora de estabelecer um determinado indicador.

A ideia inicial era saber como medir o tamanho de cada Município do G-22 na explosão do chamado MEI, Microempreendedor Individual, modalidade que coloca supostamente o empreendedorismo como ponto relevante. Mas a realidade estatisticamente provada é que Microempreendedor Individual não passa, na maioria dos casos, de empreendedores de subsistência, contratados como terceirizados, desempregados que decidiram formalizar negócios para se adequarem às exigências legais ou novas levas da população economicamente ativa que, à falta de emprego, decidiu experimentar o empreendedorismo.

Em suma, Microempreendedor Individual não é, salvo exceções de praxe, a atividade que a maioria gostaria de ter. O emprego formal, sobretudo no setor industrial, ou de empresas de tecnologia de ponta, é o sonho de consumo dos brasileiros.

Ora, se Microempreendedor Individual é espécie de desempregado em forma de patrão ou patrão à espera de clientela, trata-se evidentemente de uma atividade com baixa riqueza individual e coletiva. Então, é vulnerável. Se é uma atividade vulnerável, como medir, então, a ponto de definir um ranking dos 22 integrantes do agrupamento de municípios com os quais trabalhamos, as fragilidades implícitas?

Como ficou

A direção executiva do Índice CapitalSocial de Competitividade queimou as pestanas. Alguns experimentos foram feitos até que se chegou a um resultado bastante satisfatório: será menos vulnerável o Município que apresentar o menor quociente entre o número de Microempreendedores Individuais e os trabalhadores com carteira assinada, independentemente da área de atuação. Bingo! Nada mais elementar para medir o tamanho do ambiente de cada Município. Quanto maior o resultado da divisão de Microempreendedores Individuais por trabalhadores formalizados, mais vulnerável é o Município em estudo.

Quando se colocam todos os municípios no mesmo pacote de regras, como o fez a IPC Marketing em seus computadores de última geração, o resultado final não deixa dúvidas sobre o acerto da formulação adotada.

Querem os leitores saber o que deu no balanço final dos números? Nada melhor que espertar até a edição de segunda-feira, quando faremos uma exposição completa.

Como está a região?

Qual teria sido o resultado individual dos municípios da Província do Grande ABC? Qual entre os sete municípios apresenta o melhor desempenho – ou seja, que conta com menor quociente de microempreendedorismo em relação ao mercado de trabalho formal – e qual ocupa a pior posição em nível regional e também no ranking do G-22? Tudo isso será revelado nesta segunda-feira.

O que posso antecipar -- e mesmo assim parcialmente, porque ainda faltam alguns dados sobre áreas geográficas do País -- é que o resultado geral da Província do Grande ABC não difere quase nada do resultado geral dos demais 15 municípios do G-15. O que isso significa?

Numa primeira matéria sobre o indicador talvez seja pouco provável apresentar alguma explicação consistente. E sem consistência não apresentaremos explicação alguma. Mas é possível buscar uma variante interpretativa numa etapa posterior, utilizando-se de investigação mais detalhada. Mas isso não é o mais importante agora.

Bom mesmo é que o ranking de vulnerabilidade no mercado de trabalho vai dar algumas pistas de endereços municipais que resistem mais e resistem menos à crise econômica. Utilizaremos várias ferramentas para esmiuçar a temática. Se há algo que vai caracterizar para valer o Índice CapitalSocial é uma vocação ao aprofundamento de informações, tanto em termos numéricos quanto interpretativos.

Cadê as autoridades?

Essa atividade suplementar desta revista digital, em cooperação como a IPC Marketing e contando com o suporte de um jovem professor do Mackenzie, deveria constar das responsabilidades dos organismos regionais – Clube dos Prefeitos e Agência de Desenvolvimento Econômico – ou mesmo em parceria dessas instituições com universidades locais, além de associações de classe.

Nada mais romântico. Desde sempre ninguém da oficialidade ou de representações empresariais, sociais e sindicais dá a menor bola ao escrutínio da realidade da Província do Grande ABC em relação a um grupo de municípios do Estado. Há descompromisso generalizado com o passado, com o presente e com o futuro.

O IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) foi lançado em 2003 como braço de estudos da revista LivreMercado, publicação que criei e dirigi durante duas décadas. Contávamos com a expectativa de que o IEME poderia ser adotado por alguma instância da região, ou mesmo por uma conjugação de entidades de classe, mantendo-se parcela diretiva com os representantes da sociedade.

O que se viu, entretanto, foi um completo alheamento. As autoridades publicas da região, principalmente, detestam qualquer tipo de ranqueamento que coloque seus mandatos em confronto técnico. Preferem propagar meias verdades, quando não mentiras inteiras, para enganar o distinto público. Contam para tanto com assessores sempre prontos a tergiversar e uma mídia pouco cuidadosa na avaliação de números que, principalmente, partem do Poder Público.

CapitalSocial, assim como LivreMercado, jamais abdicou do compromisso de situar a Província do Grande ABC, em planos diferentes, num universo de municípios competitivos. Por isso, o índice lançado e que terá como primeiro passo a vulnerabilidade do mercado de trabalho é consequência natural de um processo que seguirá adiante, queiram ou não queiram os acomodados.

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