Economia

PIB de Serviços bate fácil PIB
Industrial no governo petista

DANIEL LIMA - 15/03/2017

O PIB Industrial dos sete municípios da Província do Grande ABC desabou no confronto com o PIB de Serviços nos primeiros 12 anos do governo petista de Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre janeiro de 2003 e dezembro de 2014. Pior notícia que esta só quando ao final deste ano e ao final do ano que vem forem atualizados os dados dos respectivos PIBs. O PIB Nacional caiu 3,8% e 3,6% nos dois últimos anos. Em termos de região, a catástrofe sempre é maior, por conta do impacto do setor automotivo. 

A desindustrialização da Província do Grande ABC não é uma realidade restrita  ao últimos 12 anos. O fracasso vem do passado, notadamente a partir dos anos 1980. O peso do sindicalismo não pode ser subestimado. Tampouco a logística. Municípios da Região Metropolitana de São Paulo dotados de melhor infraestrutura, casos de Osasco, Barueri e Guarulhos, entre outros, não sofreram tanto quanto a Província. Estamos cansados de mostrar números. A desindustrialização é um rebento legitimamente regional. Estruturalmente regional. E mais profundamente regional. 

Os dados comparativos do PIB Industrial e do PIB de Serviços, que não inclui a Administração Pública, são novidade nos estudos de Capital Social, os quais dão sequência à tradição iniciada na revista LivreMercado, que circulou durante quase duas décadas na região. 

Pior do que antes

Em dezembro de 2002 Fernando Henrique Cardoso deixou a presidência da República e também um legado de destroços econômicos na região. Quem esperava que a situação industrial melhorasse em seguida se decepcionou. A participação da indústria de transformação da região ante o PIB de Serviços era de 87,72% em dezembro de 2002. Enquanto o PIB Industrial coletivo da região era de R$ 12.785.017 bilhões em valores nominais (sem considerar a inflação), o PIB de Serviços chegava a R$ 14.575.028 bilhões, também em valores nominais. Ou seja: uma vantagem de Serviços de 12,28%. 

Já o PIB Industrial da Província do Grande ABC em dezembro de 2014 (os dados mais atualizados pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) chegava a R$ 29.396.811 bilhões em valores nominais, contra R$ 58.278.874 bilhões de Serviços. A diferença subiu para 49,56%. No período, em termos nominais, o PIB Industrial da região avançou apenas 129,92%, enquanto o PIB de Serviços subiu 299,84%. O resultado do PIB Industrial é péssimo, porque a inflação no período de primeiro de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2014 chegou a 194,04%, portanto acima dos 129,92% de crescimento nominal quando se pegam as duas pontas da pesquisa. 

Tudo seria mais tranquilo e prospectivo para o futuro regional se o PIB de Serviços fosse dotado de valor agregado em tecnologia. Não é esse o caso. Muito pelo contrário. Atividades econômicas de baixa inserção competitiva ditam o ritmo da Província do Grande ABC, como de resto no Brasil. A faixa de participação do PIB Industrial dos municípios da região é cada vez mais estreita. A desindustrialização faz estragos contínuos. 

Mauá perde mais 

Quem mais perdeu em participação relativa no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2014 no confronto entre PIB Industrial e PIB de Serviços foi Mauá. Em 2002 o PIB Industrial de Mauá era levemente superior ao PIB de Serviços: R$ 1.446.592 bilhão (sem considerar a inflação do período) ante R$ 1.266.295 bilhão do PIB de Serviços. Já em dezembro de 2014 o PIB Industrial de R$ 3.114.827 (sempre em valores nominais) era soterrado pelo PIB de Serviços, que chegou a R$ 5.161.505 bilhões.  O que era uma vantagem de 9,22% para o setor industrial em 2002, tornou-se desvantagem de 39,66%.  

Diadema também contava com vantagem do PIB Industrial em 2002 quando comparado ao PIB de Serviços: R$ 1.598.592 bilhão ante R$ 1.442.295 bilhão. Doze anos depois o PIB Industrial de Diadema chegava, sempre em valores nominais, a R$ 4.026.400 bilhões, contra R$ 5.988,050 bilhões do PIB de Serviços. O que era uma vantagem de 9,22% caiu para desvantagem de 32,76%. 

São Caetano também oferece números preocupantes. Em dezembro de 2002 contava com PIB Industrial de R$ 2.098.054 bilhões, contra R$ 2.202.668 bilhões do PIB de Serviços. Uma diferença de menos de 5% favorável ao PIB de Serviços. Já em dezembro de 2014 o PIB Industrial de São Caetano registrou R$ 3.625.017 bilhões contra R$ 7.257.162 bilhões de Serviços. A diferença se alargou para 49,95%.  

São Bernardo menos intenso

Em termos relativos a perda de São Bernardo foi menos intensa no período em que os petistas dirigiram o País e se acreditava que a reindustrialização da região seria o resultado de uma política voltada a combater os estragos de Fernando Henrique Cardoso. O PIB Industrial de São Bernardo caiu 35,73% ante o PIB de Serviços nos 12 anos. Em 2002 o PIB Industrial era de R$ 5.098.675 bilhões ante R$ 5.524.849 do PIB de Serviços. Diferença bastante discreta de 7,71%. Já na chegada dos estudos, em dezembro de 2014, o PIB Industrial de São Bernardo alcançava R$ 12.500.578 bilhões, enquanto o PIB de Serviços apontava R$ 22.104.345 bilhões. A diferença que era quase imperceptível saltou para 43,45%. O crescimento nominal do PIB Industrial de São Bernardo no período do lulopetismo não passou de 145,17%. Já o PIB de Serviços avançou 300,10%. Ou seja: o primeiro abaixo e o segundo praticamente igual à média regional. 

Santo André teve desempenho mais discreto porque até por volta da metade dos anos 1990 já havia consumido muito de perda do PIB Industrial. Em dezembro de 2002 Santo André registrava PIB Industrial de R$ 2.303.332 bilhões ante R$ 3.775.558 bilhões do PIB de Serviços. Em dezembro de 2014, com Dilma Rousseff no poder federal, Santo André somava R$ 5.377.274 bilhões de PIB Industrial e R$ 16.242.702 bilhões de PIB de Serviços. Se a diferença na largada era de 39% a favor do PIB de Serviços, na chegada de 2014 a vantagem alcançava 66,90%.  

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que não chegam a representar 3,00% do PIB Geral da Província do Grande ABC, tiveram desempenho discreto. Ribeirão Pires perdeu 20,73% de participação interna do PIB Industrial ante o PIB de Serviços, enquanto Rio Grande da Serra foi a única a registrar progresso da produção: era 30,53% inferior ao PIB de Serviços em 2002 e passou à desvantagem de 15,85%. Ou seja: avançou sem sair do vermelho produtivo. 

Quase 50% de declínio 

No conjunto, o PIB Industrial da Província do Grande ABC sofreu perda de 49,56% de participação em relação ao PIB de Serviços entre a largada e a chegada dos anos petistas no governo federal. No conjunto, o PIB Industrial do Estado de São Paulo sofreu menos queda no mesmo período: saiu de participação relativa de 46,12% frente o PIB de Serviços em 2002 e caiu para 33,08% em 2014, ou 28,27%. Um resultado mais de 20 pontos percentuais abaixo do resultado da Província do Grande ABC, que viu a participação industrial frente os serviços cair de 87,72% para 50,44%, ou 42,54. Ou seja: a desindustrialização regional é muito mais acentuada que a desindustrialização média paulista. 



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000