Recomendo aos leitores que não superestimem a função deste jornalista como consultor de conteúdo do Diário do Grande ABC.
O que mais ouço é a possibilidade de me transformar em algo que não tenho vocação alguma para ser, ou seja: contrariar todas as regras básicas de gestão compartilhada e, por força de suposta ação individual, reformular integralmente aquele produto.
Todos nós conhecemos que só existe um poderoso capaz de tanta coisa, de qualquer coisa.
Voluntariamente fiz um pacto comigo mesmo para manter confidencialidade dos aspectos individuais e coletivos da Redação do Diário do Grande ABC no período em que ali desempenhar as funções de consultor de conteúdo. Essa foi a fórmula que encontrei para me disciplinar e não avançar demais o sinal de quem observa tudo sob olhar crítico.
Precisava conter meu ímpeto reformista e, com isso, não atrapalhar ninguém, sobretudo a direção daquela empresa que confiou a mim essa nova tarefa, inédita naquele periódico.
O que pretendo explicar é que não se pode esperar deste jornalista mais do que a função contratual lhe confere, e da qual, vejam bem, não quero arredar pé. Sou apenas um consultor de conteúdo do Diário do Grande ABC, sem a menor influência na linha editorial.
Repito: não tenho qualquer influência na linha editorial do Diário do Grande ABC.
Diferentemente, portanto, do que produzo na revista LivreMercado, onde sou a última palavra mesmo.
No Diário do Grande ABC não tenho influência prática para mudar uma vírgula sequer. Na revista LivreMercado, se me der na telha mudo a Reportagem de Capa quantas vezes quiser.
Poderia, fosse oportunista, deixar leve e solto o pensamento geral dos leitores do Diário do Grande ABC sobre as funções que ali exerço. Seria uma maneira calhorda e mentirosa de transmitir aos incautos ou àqueles que se imaginam espertos um poder editorial que, de fato, não exerço. Só darei eventuais sugestões se as instâncias diretivas daquele jornal assim o desejarem. Especialmente a diretora de Redação Lola Nicolás.
Estou prestando serviços técnico-editoriais ao Diário do Grande ABC sem estar fisicamente no edifício do Diário do Grande ABC, porque entendo que o Diário do Grande ABC é muito importante para a mídia regional. Ficaria muito feliz, por exemplo, se o Diário do Grande ABC conseguisse, em cinco anos, atingir o nível editorial da revista LivreMercado. Seria o suficiente para se tornar um dos três melhores produtos impressos diários do País.
Sempre existirá algum estúpido que intervirá para desclassificar a comparação entre revista e jornal, utilizando-se da premissa furada de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Bobagem: embora diretor de Redação do Diário do Grande ABC durante nove meses, e também à frente de LivreMercado no período, fui o jornalista que mais produziu textos para o jornal naquele período. Disparadamente. A avaliação da qualidade fica por conta do leitor.
Escrevi tanto mas tanto que publiquei na sequência um livro (”Na Cova dos Leões”) com um apanhado seletivo da coluna “Contexto”, que ali assinei no período.
Não há distinção entre fazer bom jornalismo diário e bom jornalismo não-diário. Há simplesmente comprometimento e competência. Está aí o jornal Valor Econômico para provar que pode ser uma espécie de revista Exame diária sem que se erga uma única voz para contestar.
Fui convocado pelo Diário do Grande ABC para transmitir conceitos técnicos e editoriais sobre jornalismo. Se os profissionais daquela casa vão utilizar o que chamaria de ensinamentos é outra história. Eles é que escolhem o próprio futuro. Desde os 14 anos de idade escolhi o meu. Respiro jornalismo dia e noite. Quem não respirar, jornalista não é.
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06/12/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (40)