Embora contasse com prazo de até 10 dias para produzir o texto da primeira rodada de Debate Digital, o professor e agente político Ricardo Alvarez decidiu encaminhar posicionamento em menos de 24 horas. Vou ler atentamente os enunciados do ex-candidato à Prefeitura de Santo André pelo Psol. Como tenho prazo de 10 dias para oferecer contrapontos aos leitores, devo preparar espécie de réplica neste final de semana. O texto avaliativo de Ricardo Alvarez sobre a atuação da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) será publicado na edição de segunda-feira.
Não preciso realçar o quanto estou satisfeito com a resposta de meu companheiro nessa viagem de transparência e cidadania. O projeto Debate Digital é inédito no jornalismo brasileiro, assim como o fora o Observatório de Promessas e Lorotas, ainda recentemente desativado por falta de matéria-prima. Sem contar o Ombudsman não autorizado, desativado temporariamente porque cansei de chover no molhado. Sem contar, ainda, outros tantos projetos que viraram efetivas ações no campo jornalístico, rompendo o lacre de mesmices da Imprensa nacional.
Juro que não li uma linha sequer do texto de Ricardo Alvarez. Exceto o título “Federal do ABC: uma conquista que precisa ser aprimorada”. Se querem saber, se fosse analisar o material apenas pelo título, que é uma espécie de vitrine do que normalmente se segue em forma de costura geral do pensamento do autor, diria que o professor da Fundação Santo André teria recebido nota cinco, numa escala de zero a dez. Sei que é um julgamento, por assim dizer, precipitado. Um título nem sempre diz tudo, mas o faço apenas para esquentar o ambiente possivelmente de muito contraditório que marcará a primeira edição de Debate Digital.
Afinal, por que numa escala de zero a dez me meto a dar nota cinco para o professor se nem consumi o conjunto de conhecimentos que ele destilou em cada um dos parágrafos que se seguiram até praticamente chegar ao limite regulamentar de mil palavras?
Vou explicar. Mas a explicação precisa ser relativizada, porque estou vendo um quarto à meia luz pelo buraco da fechadura da intuição.
Qual é a explicação para a nota cinco? Quando escreve “Federal do ABC: uma conquista que precisa ser aprimorada”, visto a chuteira de atleta da contraposição pressupostamente atrevida, mas respaldada pela história da Universidade Federal do ABC, para relativizar tanto “conquista” quanto “aprimorada”.
Definições emulativas
Não me oponho monoliticamente à concepção de que a Universidade Federal do Grande ABC foi uma conquista para a região. Trata-se de avaliação, quando não de definição, que contempla subjetividades e materialidades. Quanto ao “aprimorada”, diria que o termo é incorreto. Quem quer saber as razões da relativização de “aprimorada” tem um motivo forte para continuar a acompanhar Debate Digital. Vou dar consistência ao que precariamente exponho agora como marketing para chamamento à audiência.
Insisto em afirmar e reafirmar que não li um parágrafo sequer da primeira intervenção do professor Ricardo Alvarez. Só vou fazê-lo por volta das duas da tarde de hoje, quando me desvencilhar da montanha de compromissos desta manhã, e de todas as manhãs. Sei que ele me encaminhou o material ontem à tarde. Tanto que me comunicou por meio de aplicativo de celular. Como tive uma tarde complicadíssima e uma noite dedicada ao noticiário eleitoral seguido da novela das nove e na sequência de mais noticiário eleitoral, que se esticou até meia-noite, não tive mesmo saída senão postergar a leitura. Não que a discriminasse como prioridade. Exatamente o contrário: coisas importantes demais precisam ser atendidas com o máximo de concentração.
Acompanhamento crítico
Ao longo do histórico da Universidade Federal do Grande ABC, mesmo antes da instalação em Santo André, tanto a revista LivreMercado quanto CapitalSocial se tornaram os únicos veículos de comunicação a investirem para valer no acompanhamento crítico da instituição. Não se trata de empáfia, mas de constatação.
Os arquivos dos demais veículos estão aí à disposição de quem se interessa pelo futuro da região. Fora o noticiário corriqueiro, nenhum dos jornais se dedicou a essa problemática. Como também a tantas outras. O jornalismo regional, não canso de dizer, vive num mergulho no tempo que o coloca em meados do século passado. Tornou-se fonte exploratória dos mandachuvas e mandachuvinhas.
Então ficamos assim: na próxima segunda-feira vamos publicar na íntegra a primeira participação de Ricardo Alvarez no inédito Debate Digital. Na segunda-feira seguinte chego chegando com a réplica. E outras rodadas virão. A Universidade Federal do Grande ABC (e eventuais desdobramentos) será esmerilhada com contrapontos fartos e mútuos neste espaço. Uma lição de transparência, independência e tantos outros quesitos que importa à cidadania de verdade. O resto é mistificação.
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