O restaurante Baby Beef Jardim ficou impecável após a reforma de quase um mês concluída no início de fevereiro. Tanto a fachada como o interior ganharam refinada decoração em estilo greco-romano. O antigo piso foi substituído por mármore composto italiano, as paredes internas ganharam novo visual com tratamento de texturização, o teto foi valorizado com pintura especial e dois lustres, sem falar na criação de american-bar com pianno-bar e cigars bar voltado aos apreciadores de charutos, além de clube do uísque.
"Esteticamente, o restaurante não fica atrás dos mais bem conceituados de São Paulo. Se fosse localizado nos Jardins ou em qualquer área nobre paulistana, estaria bem inserido" -- afirma Ângela Tasca, arquiteta de interiores da região que ganha projeção pelo País e responsável pelo projeto do Baby Beef Jardim.
O cardápio e o padrão de serviços seguem igual refinamento. Dotado de ar condicionado e serviço de manobristas à porta, o Baby Beef Jardim é o tipo do local em que visitantes não precisam lembrar sequer de afastar cadeiras para sentar, porque os garçons o fazem. Os pratos são diferenciados. Há desde o Haddock ao Salmão, peixe de águas geladas da Dinamarca cozido no molho branco e temperado com tirinhas de salmão antes de ser gratinado e servido com batatas cozidas selecionadas, até o Carré de Cordeiro French Hack, corte especial de cordeiro grelhado acompanhado de arroz preparado com brócolis, além de molho de menta.
Ocasião especial -- O curioso é que o Baby Beef Jardim trafega na contramão do setor. Escolheu o caminho da sofisticação e da refeição encarada como ocasião especial, para ser curtida devagarinho, sem preocupação com os ponteiros do relógio, numa conjuntura cada vez mais dominada pelo fast-food e numa região em que, nos últimos anos, muitos restaurantes tradicionais partiram para a popularização com incorporação de sistema self-service a quilo e outros até baixaram as portas. Provavelmente como reflexo do quadro de esvaziamento econômico por que passa o Grande ABC.
Apesar de escolher direção incomum, o Baby Beef Jardim não apenas se mantém firme, o que já seria digno de comemorações diante da instabilidade econômica e da alta concorrência, como consegue até crescer. "Aumentamos substancialmente o movimento, que hoje gira em torno de 200 pessoas por dia" -- afirma o diretor Luiz Américo Oliveira, que comprou e assumiu o comando do restaurante em janeiro de 1996. Melhor do que pela quantidade, o sucesso do negócio pode ser mensurado pela qualidade, com presença constante de personalidades.
Apesar de não priorizar os mais abastados e até buscar públicos de outras faixas com festivais de carnes a preços mais acessíveis e feijoadas aos sábados para quebrar a formalidade, o fato é que o Baby Beef Jardim se transformou em pólo de atração de gente famosa e empreendedores bem-sucedidos do Grande ABC e de São Paulo. Empresários e executivos de grandes empresas da região formam o público preponderante do restaurante, que já recebeu os atores Guilherme Karan e Luciano Szafir, o piloto Alexandre Barros e o megaempresário e banqueiro Olacyr de Moraes, entre outros.
Mesmo com as condições macroeconômicas e regionais jogando contra, o Baby Beef Jardim dá certo por motivos que podem ser condensados em uma palavra: seriedade. Antes de assumir o comando do restaurante, Luiz Américo pesquisou o mercado e se cercou de profissionais com passagem pelos melhores restaurantes de São Paulo. Caso do gerente Gilberto Cândido da Silva, que tem 32 anos de experiência em restaurantes como Dinhos Place, Esplanada Grill, Dom Curro, São Paulo Grill, The Place, Churrascaria Rodeio e Davids. Além do braço-direito de Luiz Américo, os dois cozinheiros-chefes vieram de grandes restaurantes.
Assim como o gerente e os chefes de cozinha, boa parte dos outros funcionários permanece desde a admissão, há três anos. Poucos entre os 12 garçons tiveram de ser substituídos. Talvez três ou quatro, nos cálculos de Gilberto Cândido, para quem baixa rotatividade de pessoal tem tudo a ver com qualidade. O entrosamento da equipe é reanimado com reuniões mensais, nas quais entra em pauta discussão dos problemas mais comuns.
O vai-e-vem de funcionários que não faz bem à saúde de qualquer empresa seria especialmente insalubre para a performance do Baby Beef Jardim levando-se em conta o perfil de atendimento personalizado. Gerente e garçons tratam muitos dos clientes pelo nome e até sabem as preferências de cada um.
Atualizado -- O cardápio com mais de 50 opções de pratos entre carnes vermelhas, peixes e massas não é estanque, mas constantemente alimentado com opções em alta no universo da culinária. Alguns dos últimos lançamentos foram o cônglio rosa, peixe de águas chilenas, o camarão cozido no champanhe e o leitão pururuca à Jardim feito sob encomenda.
O radar que permite ao restaurante estar permanentemente atualizado sintoniza em basicamente uma fonte: conversas com fornecedores, que estão sempre por dentro dos produtos com boa saída. "A relação entre o restaurante e os clientes é como num casamento. Precisa ser continuamente reciclada com novos elementos para não cair na rotina" -- afirma o gerente.
Paradoxalmente, a importância do cardápio é relativa porque o estilo de atendimento não combinaria com rigidez de opções, por mais variadas que sejam. Luiz Américo explica que, em vez de ser refém do que está escrito no menu, o restaurante adota postura flexível e está sempre preparado para se moldar aos gostos dos clientes. O cardápio é apenas um referencial.
"Não só substituímos acompanhamentos como preparamos pratos fora do cardápio. Há até quem ligue com antecedência para fazer pedidos. Parece incrível, mas há restaurantes que não têm esse tipo de flexibilidade" -- define Luiz Américo. Outra novidade no layout recém-inaugurado da casa é a presença de monitores às sextas, sábados e domingos para entreter as crianças. Há ainda salões para eventos, casamentos e reuniões com equipamentos completos de áudio e vídeo.
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