Economia

Região remoça
modelito urbano

DA REDAÇÃO - 05/07/1999

Uma epidemia urbanística está contagiando os poderes públicos do Grande ABC. Depois de Santo André anunciar o megaprojeto do Eixo Tamanduatehy para revitalizar a Avenida dos Estados a partir do complexo de serviços e lazer batizado de Cidade Pirelli, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires também querem iniciar o século XXI de cara nova. A Cidade Tognato, como foi preliminarmente nomeada, vai varrer da nobre área central de São Bernardo 34 dos 35 velhos galpões da tecelagem para sediar gigantesco centro residencial, de negócios e entretenimento. Um empreendimento privado avaliado em R$ 800 milhões e que deve fazer brotar quatro mil empregos. São Caetano quer dar melhor destino ao desativado supermercado Santa Tereza no igualmente ilustre Bairro Mauá. O pilar será a Fiat Palmares, em torno da qual se instalariam lojas de conveniência, de serviços e praça de alimentação e, numa segunda etapa, conjuntos residenciais e de negócios -- anunciou o diretor da concessionária de veículos, Carlos Alberto Colangelo. A estância turística de Ribeirão entrou no surto de remodelação urbana submergindo em obras no seu projeto Centro com Qualidade. O terminal rodoviário será totalmente remoçado, a Rua do Comércio ganha calçadão, o estacionamento a 45 graus vai incorporar novo centro de convivência e as praças da Bíblia e dos Imigrantes se integrarão.


A verdadeira maratona para revitalizar o tecido urbano do Grande ABC tem como pano de fundo adequar as cidades à face crescente do setor terciário após o  declínio das atividades industriais, seja pela evasão, seja pela nova ordem econômica que exige fábricas enxutas. Reerguer espaços públicos fragilizados pelo tempo e dar nova feição às áreas privadas é também alternativa para trazer de volta a qualidade de vida que se perdeu com o crescimento desordenado da região. Para ajudar a pensar e viabilizar essa nova realidade, o projeto Tamanduatehy criou um grupo promotor com técnicos, profissionais liberais, empresários, lideranças civis e autoridades públicas para discutir como tirar das maquetes quatro projetos encomendados a urbanistas e arquitetos mundialmente celebrizados.


Um projeto-síntese vai reunir o que há de melhor e praticável nas quatro propostas para fazer emergir o que Santo André pretende que seja a nova porta da Grande São Paulo, com transformações profundas ao longo dos 10 quilômetros da Avenida dos Estados entre as divisas de São Caetano e Mauá. Horácio Galvanese, representante da Prefeitura, diz que a receptividade ao macroeixo tem sido positiva desde o lançamento, em abril, sobretudo de proprietários de terrenos da franja cortada pela avenida e pela linha férrea, corredores que darão o tom das intervenções urbanísticas para atrair um cinturão de empreendimentos de entretenimento, serviços, espaços comunitários, negócios e conjuntos residenciais. 


Mesmo com o novo aproveitamento da área de 218 mil metros quadrados onde deita raízes desde os anos 50, a Tognato vai marcar o passado industrial de São Bernardo transformando um dos galpões em museu da empresa, integrado à galeria de artes e ao restaurante que comporão um dos módulos. A fiação e os 260 funcionários precisam de apenas 20 mil metros quadrados para operar e vão se mudar para outro local, de preferência no Município, segundo o presidente do conselho de administração, Emílio Rigamonte, que anunciou o projeto ao lado do prefeito Maurício Soares. Pelo projeto, vão surgir na nova paisagem 3,5 mil apartamentos top de linha, 600 salas comerciais, 400 flats, hotel cinco estrelas com 240 apartamentos, centro de convenções, Rua 24 Horas, 10 mil metros quadrados de recreação e um shopping com 150 lojas. Mentalizado há quatro anos, o projeto foi adaptado ao traçado da Avenida Lauro Gomes, uma paralela à Senador Vergueiro desde o Shopping Metrópole até Rudge Ramos, na divisa com São Paulo, que vai cortar a Cidade Tognato ao meio. Outro corte virá da Rua Kara, no Jardim do Mar, até a Avenida Pereira Barreto. A Kara será uma das veias para escoar o tráfego do km 18 da Via Anchieta sentido Santo André e Bairro Baeta Neves, aliviando a Avenida Lucas Nogueira Garcez. A Cidade Tognato, um projeto de cinco anos, encaixa-se  urbanisticamente ao centro novo da cidade que está brotando na Avenida Kennedy, para onde irá o Centro Cívico (Paço, Câmara e Anfiteatro) e onde já estão o Fórum e o Poliesportivo. 


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